quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

"Quem me acode à cabeça e ao coração
neste fim de ano, entre alegria e dor?
Que sonho, que mistério, que oração?
Amor."
Drummond, 1985

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

"Prefiro o céu da natureza ao paraíso de um comedor de ópio... entre todas as espécies de embriaguez, quem não prefere se inebriar com o ar que respira?"
Thoreau (menção no blog “Não gosto de plágio”)
"Crestam-se os seres. Acende-se vermelho o alto dos morros, reverbera o mar, para-brisas dão reflexos de cegar. Um cego, de tanta luz em volta, enxerga alguma coisa. O céu aprofunda-se em azul, a areia frige nossos pés, raios a pino estorricam. A calçada arde, suor escorre nas costas dos que estão vestidos, o chão gruda em seus sapatos de discriminados. O sol parece um som. É verão. Rebrilha, refulge, freme, tremeluz – em tudo e em todos. Uma cigarra canta, chia, chichia, chiria, cicia, fretene, zine, zizia, zangarreia, estridula, garrita, rechia, rechina, retrine, cegarrega: é só escutar no dicionário. Na arrebentação a gata cumpre o gesto perpetual do seu destino na biossociologia carioca – é bela e cai n´água. Estamos todos em Byakabunda, na época do plantio das bananas".
Millôr Fernandes, 1971.
A multimídia Rachel Morrison está cheirando todos os livros do Museum of Modern Art, em Nova York.
Começou com uma publicação de 1934, intitulada “Sermons by Artists” e se propõe, 299.850 livros depois, a chegar em “Bibliography of the History of Art”.
Haja Neosoro!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

“The New Yorker Stories”, de Ann Beattie, é um dos 10 melhores livros de 2010 pelo ranking do New York Times Book Review.
Curioso é que Ann teve 22 artigos recusados pela The New Yorker Magazine antes de publicar “A Platonic Relationship”.
Levantou, sacudiu a poeira e deu a volta por cima, literalmente.
Bens imateriais brasileiros registrados no IPHAN: Oficio das Paneleiras de Goiabeiras, Arte Kusiwa Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi, Círio de Nossa Senhora de Nazaré, Samba de Roda do Recôncavo Baiano, Modo de Fazer Viola-de-Cocho, Oficio das Baianas de Acarajé, Jongo no Sudeste, Cachoeira de Iauaretê Lugar Sagrado dos Povos Indígenas dos Rios Uaupés e Papuri, Feira de Caruaru, Frevo, Tambor de Crioula, Matrizes do Samba no Rio de Janeiro: Partido Alto, Samba de Terreiro e Samba-Enredo; Modo de Fazer Queijo de Minas nas regiões do Serro e das Serras da Canastra e do Salitre, Roda de Capoeira, Ofício dos Mestres de Capoeira, Modo de Fazer Renda Irlandesa produzida em Divina Pastora, Toque dos Sinos de Minas Gerais e Ofício de Sineiros.
O queijinho está garantido e a receita bem guardada, do jeito certo: a partir do leite integral da vaca, fresco e cru, sem nenhum tratamento térmico, retirado e beneficiado na propriedade de origem, consistência firme, cor e sabor próprios, massa uniforme, sem corante e conservantes.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Se há rede, há renda.
E bilros.
"Os animais se empaturram; as pessoas comem; só a pessoa inteligente sabe como comer".
Brillat-Savarin

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Braúna.
Melanoxylon brauna, uma árvore de até 17 metros da família das leguminosas, subfamília cesalpinioídea, nativa do Brasil, especialmente das regiões Nordeste, Sudeste e estados do Paraná e Santa Catarina. É a espécie conhecida com uma das mais duras e incorruptíveis madeiras-de-lei brasileiras, acastanhada, quase negra nos espécimes mais velhos, casca utilizada em curtume, para extração de tintura negra e, como a seiva, em medicina e na indústria. Floresce em amarelo intenso e produz frutos cilíndricos. Também é conhecida pelos nomes de árvore-da-chuva, braúna-preta, canela, canela-amarela, coração-de-negro, maria-preta, maria-preta-da-mata, maria-preta-do-campo, muiraúna, paravaúna, parovaúna, perovaúna e rabo-de-macaco.
Braúna.
Formosura de nome, sô!
“É fim de noite, nossa estrela foi embora
Seu olhar me diz agora
Que eu vá embora também
Num fim de noite, nossas mãos se separaram
Nossos rumos se trocaram
Nunca mais eu vi você
E cada dia toda noite eu sofri
Numa estrela da manhã
Eu me perdi”
Chico Feitosa
Que homem é este?
Quantos adjetivos, os piores, cabem neste homem?
O homem que não reconhece a si mesmo mira-se no espelho.
E ri.
"Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto porque eles são pobres, chamam-me de comunista".
Dom Helder Câmara
"... Eu sei, me sinto seguro
Em todo rio me lanço
De todo cais me afasto
Molho cidades e campos
Em busca de encontrar
Caminho de outro rio
Que me leve no rumo do mar
Mas falta amigo, amiga
Meu coração é deserto
Amigo, amiga me aponte
O rumo de encontrar
Amigo, amiga ou um rio
E quem sabe um braço de mar...
Milton Nascimento
Cristina Núñez nasceu em Figueras, Espanha, 1962.
Fotógrafa.
Envolveu-se com drogas repetidas vezes, valendo-se de auto-retratos como terapia em momentos de crise.
Retratista talentosíssima, produziu, entre outros, o livro “Alguém para amar, O Retrato auto-experiência", pela The Private Space, Barcelona. Autobiografia em auto-retratos, fotos de família e textos. E um manual de auto-retrato, com exercícios, metodologia, teoria, detalhes de seus mais importantes workshops e belas imagens produzidas por alunos de suas oficinas de trabalho.
Se sobrar algum neste fim de ano, compre!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A presidenta eleita Dilma Rousseff incluiu na lista de convidados para a sua posse, no dia 1º de janeiro, todos seus ex-companheiros de prisão.
Bonito, justo, digno!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

"Eu vou mal e irei pior ainda, mas aprendo pouco a pouco a ser só, e isso já é alguma coisa, uma vantagem, um pequeno triunfo".
Frida Kahlo, 1937

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O rio é largo.
E as águas são rápidas, escuras.
Lá no fundo, depois das corredeiras, faz uma curva aberta para a esquerda.
A mata é densa.
E os penedos, imensos, se jogam contra o rio, afunilando-o.
Ele olhava para aqueles lados todos os dias, acocorado na beira do barranco.
Deixava o embornal aberto para que os tizius, ariscos, comessem os restos do pão levado para a escola – já o conheciam, desde muitíssimo.
Tentou subir os penhascos, vezes e vezes, sempre só.
A madrasta ralhava por causa dos arranhões provocados pelos arbustos de batatas-do-inferno, que ali têm morada.
O mundo estava lá, pensava, além daqueles paredões.
"Luxe, calme et volupté".
Baudelaire

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Ela se banhou com cuidados antigos, demoradamente.
Secou o corpo ali mesmo, sol forte.
Vestiu-se de chita.
Pés descalços, foi ao encontro dele.
O camarão à provençal é o carro-chefe deste francês discreto, La Paillote, instalado numa das principais artérias do bairro Ipiranga, em São Paulo, Avenida Nazaré, 1946.
Pertence à mesma família e ocupa o mesmo ponto há quase seis décadas. À frente do fogão está a jovem Aline Sophie Valluis. É ela quem repete a receita que tornou o restaurante famoso. Meia dúzia de crustáceos graúdos é mergulhada em uma mistura fumegante de manteiga, alho e salsinha até adquirir casquinha crocante e cor vermelho-dourada. Na gordura resultante da fritura, adiciona-se o arroz, para enriquecê-lo de sabor. De sobremesa, a eterna marjolaine (camadas de chantilly e cremes de amêndoa e chocolate).
Soube que, agora, o restaurante abriu uma nova casa, na Rua Melo Alvez, 769.
A conferir.
"O médico se agacha, abre a valise e retira um estetoscópio. Mesmo acostumado a atender presos debilitados e feridos, ele se comove com a aparência deste homem, pálido, transpirando na testa e na palma das mãos, marcado de equimoses – no rosto, no peito, nos braços, na barriga, nas pernas. Carneiro coloca o estetoscópio em diferentes partes do peito dele, apalpa a pele, pegajosa, aperta levemente o abdômen com a ponta dos dedos (…). O homem abre lentamente os olhos e balbucia: "Rubens… Paiva". Carneiro (…) retira o estetoscópio dos seus ouvidos e fica de pé. "Coronel, o abdômen dele está rígido demais (…). Isso é sintoma de hemorragia interna (…). Precisa ser internado com urgência". "Ele falou alguma coisa pra você?" O médico dissimula. "Não, não, só gemeu".
Trecho do livro "Segredo de Estado", de Jason Tércio, publicado por Raquel Cozer.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

"Proezas de Satanás na Vila do Leva-e-Traz", de Paulo Gil Soares, é ainda, 43 anos depois de sua realização, um retrato atualíssimo e sem retoques da realidade política do país.
Vale a pena procurar por aí!
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva oficializou, hoje, ao presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmud Abbas, que o Brasil reconhece a existência do Estado Palestino, com as fronteiras de 4 de junho de 1967, anteriores à Guerra dos Seis Dias entre árabes e israelenses.
Certíssimo!
"Escrevendo, a cada dia, tenho a sensação de buscar o impossível".
Sergio Sant'Anna