quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

- Zé, por que você tampa o nariz todas as vezes que toma pinga?
E ele respondeu:
- É porque eu gosto muito de pinga. Só o cheiro me dá água na boca... mas eu gosto dela é bem pura, sem água.
"Cuidado com o homem que não devolve uma bofetada.
Ele não a perdoou, tampouco permitiu que você se perdoasse."
Bernard Shaw

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Percebeu que o músculo incisivo do lábio inferior dela repuxava,
fremitamente.
Olhava-o, de pé.
Cara a cara.
Ao invés de abraçá-la, segurou-a fortemente.
Ela chorou, mas enfrentou-o.
Na sala, após se dar conta de que a neta havia ido embora, desesperou-se.
“Levaram-no para uma cova simples, de preço ínfimo, no Caju. Enterraram-no sem choro escandaloso, com algumas flores das mais baratas. Mas, na honraria que lhe era devida, com a bandeira verde-rosa da escola cobrindo o seu caixão.”
Jota Efegê, em artigo para O Globo, edição de 14/12/71, sobre a morte de Alfredo Lourenço, o Alfredo Português, pai postiço de Nélson Sargento e autor de saudosos sambas-enredo da Mangueira.
Publicada em Mariana desde 1870, a tradicionalíssima “Folhinha Eclesiástica de Mariana”, foi criada por D. Silvério para ser um sucedâneo aos calendários, por vezes, digamos, um tanto licenciosos.
Famosa pelo regulamento do tempo – usa o Lunário Perpétuo para os cálculos anuais -, a folhinha de Mariana que se firmou, no decorrer dos anos, como infalível, tem uma tiragem de cerca de trezentos mil exemplares.
Diz-se que “é mais fácil em galinha nascer dente do que a folhinha de Mariana falhar!”
O calendário apresenta orações, instruções religiosas, tabela do amanhecer e do anoitecer, das festas móveis, dos feriados, época de plantio, além de reservar um espaço 11×15 para a propaganda das casas comerciais que o distribuem aos fregueses como brinde de fim de ano.
Aí está, em pleno século XXI, vivíssima!
"Há um grande vento frio cavalgando as ondas, mas o céu está limpo e o sol muito claro.
Duas aves dançam sobre as espumas assanhadas.
As cigarras não cantam mais.
Talvez tenha acabado o verão."
Rubem Braga
Ne quidem venias quia non habet!
— Mas o senhor quer a nossa ajuda como, prefeito?
— Não fazendo casa onde não deve.
— Mas nós estamos morando aqui, prefeito, porque não temos condições de ter moradia digna.
— Minha filha, então morra, morra!
— Então nós vamos morrer, porque o senhor não faz nada por nós...
— Não diga besteira minha filha, não diga besteira. Você é de onde?
— Eu? Moro aqui.
— Você é de onde?
— Sou do Pará.
— Então, está explicado.
Diálogo do prefeito Amazonino Mendes, de Manaus, com uma moradora da comunidade Santa Marta, sediada em área de risco da capital do Amazonas.
Inacreditável!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

"Jogo horroroso, zero a zero até o meio do segundo tempo. Saldanha, enfurecido, só reclama do time. Telê manda Muller pro aquecimento. O locutor Paulo Stein pergunta:
“João, quem deve sair pro Muller entrar?”
“E eu sei lá?”, responde João, furibundo. “Porra, contra esse time aí? Sai qualquer um! Sai o Casagrande, sai o Sócrates, sai quem quiser! Sai até você, que fica aí me perguntando essas coisas!"
Transcrito do blog do André Barcinski.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Ao invés desses grafites horrorosos, Claire – aparentemente um grupo de artistas anônimos -, destaca-se pelas intervenções que tem feito nas ruas de Paris e de outras cidades.
Casais apaixonados, nada vulgar, em flagrantes íntimos.
Beijos voluptuosos, tórridos; cópulas, abraços intensos.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

“Jacú na muda não pia."
"Licença, licença
Licença do dono da casa
Tacaqui manda
Manda de muca
Oia ê ê
Oia ê ê
Tacaqui manda
Oiá
Oiá ê i i
No balaio da Conga
Oiá ê i i
No balaio da Sinhá
Oiá ê i i"
Cântico para a pesca do xaréu.
"O segredo de uma velhice agradável consiste, apenas, na assinatura de um honroso pacto com a solidão."
Gabriel García Marquez

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

"Se flores fossem melhores do que jóias, a noiva jogava a aliança e não o buquê."
Anúncio da joalheria Bergerson, em Curitiba.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

"Há em mim um velho que não sou eu."
Otto Lara Resende
"Se fizer bom tempo amanhã
Se fizer bom tempo amanhã
Eu vou!...
Mas se por exemplo chover
Mas se por exemplo chover
Não vou!..."
Maricotinha, de Caymmi.
Ah, zuimã!
(ariti/pareci)

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

"Pra deixar carreiro sorococando de raiva, na hora do pouso, sem o decente saber, a gente troca os chumaços do carro dele, botando um de caudéia, outro de cedro. Daí que o carro fica com duas vozes, desafinado, e o dono chifra o chão por causa do desentôo".
Do povo.
Desceu a escadaria, impaciente.
O interessado em alugar a propriedade vinha logo atrás e aquilo o incomodava.
Notou, ali, um movimento qualquer.
E viu, de relance, no fundo do paiol em desarrumação, o corpo de um animal ao lado de fardos de ração, caixotes, bornais, enxós, jacás, rodas de cabreúva.
Um tordilho caído, inerte.
Havia, também - aumentando-lhe a irritação -, um homem e animais menores inteiramente enlameados.
- O que você faz aqui?
- Durmo, só.
- Como?
- Venho tarde. E durmo.
- E quem deixou?
- Não é caso de briga, não senhor...
- Quem?
- A moça.
Expulsou-o.
- Não tenho onde dormir com esse tempo danado.
- E eu com isso?
- Vou ter que trabalhar, moço. Sou canoeiro e rezador. E quero não trabalho certinho. Já passei por Serraria, Boa Fé, Laranjeiras, Santa Bárbara, Serra Vermelha, Conceição, Pitanga e me deixaram.
Ela tentou convencê-lo. Qual o problema, afinal? Ninguém mais aparecia por ali. E o homem, coitado, não fazia mal algum. Escrevia coisas, receitava, curava.
Voltou um dia, avisaram.
Na porta da varanda, notou que ela estava de cabelos soltos.
- Você me desculpou?
Deu-lhe as costas.
Trancou-se. Acompanhou-a, pela janela da sala, até cruzar a porteira.
Perguntou para o caseiro, tempos depois, aparentando desinteresse, se ela tinha voltado.
- Todos os dias, tardinha. Deita-se lá, onde dormia o homem, tempo curto, um tanto só, e pede, contrita, para tirar a simpatia do senhor.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

"Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestrê, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô."
Patativa do Assaré

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Reynaldo Jardim.
Artista gráfico e poeta, deixa trabalho árduo e espetacular.
Misturando crendice, fé e incredulidade, disse, para amigos, recentemente, que "aos 16, 17 anos, achava que não ia morrer nunca e, aos 82, tinha certeza que não ia morrer nunca".
"Destes avaros mofinos,
Que põem na mesa pepinos,
De toda a iguaria isenta,
Com seu limão e pimenta,
Porque diz que o queima e arde:
Deus me guarde!"
Gregório de Barros
“Matisse: The Life”, de Hilary Spurling, será lançado no segundo semestre pela Cosac Naify.
Publicada originalmente em dois volumes, em 1998 e 2005, reunidos na edição que sairá no País, a obra resultou de 15 anos de pesquisas e rendeu à autora o Prêmio Whitbread.
Henri-Émile-Benoît Matisse nasceu em Le Cateau, Picardia, em 31 de dezembro de 1869. Mudou-se para Paris em 1891 e estudou na École des Arts Décoratifs e no ateliê de Gustave Moreau.
Dos pintores fauvistas, que exploraram as cores fortes, Matisse foi o único a evoluir para o equilíbrio entre a cor e o traço em composições planas, sem profundidade.
Liberto do fauvismo, já maduro, o pintor revelou tendência a reduzir as linhas à essência, sem, contudo, se fixar na abstração.
Obra a ser lida e relida, vezes e vezes.