sexta-feira, 17 de junho de 2011

Percebeu, apesar do descaso, a força que ele fez ao empurrar a porta.
Olharam-se.
Trazia caixas, várias.
O prédio era velho.
E o elevador rangia.
Pegou a correspondência com o porteiro.
Ao sair, percebeu que uma das caixas havia caído próxima a um vaso escuro que havia sido colocado ali depois da reforma da marquise.
Abaixou-se.
Devolveria depois, pensou.
Abriu-a antes mesmo de o ônibus chegar ao ponto final, atrás da igreja São José.
Folhas e folhas e folhas de papel almaço, algumas com anotações diversas.
Sentiu enjôo e conteve a vontade de ler ao menos as primeiras páginas, o que só fez em casa, noite já.
Na manhã seguinte, após embrulhar a caixa, deixou-a defronte a porta do apartamento dele.
O bilhete estava amassado, rasgado, sujo e manchado de gordura densa e viscosa.
Não deu para ler ou entender coisa alguma.

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