"... Vê-se em Lima Barreto a valorização do discurso da loucura como um segredo, uma verdade. Nesse sentido, a maneira como "mantinham-se calados, num mutismo feroz e inexplicável" (Barreto, 1995, p. 64), denota uma estratégia de contenção do discurso em que a loucura é colocada como objeto da verdade; ou seja, o escritor, ao associar verdade e loucura, dá a entender que na linguagem delirante dos loucos se manifesta parte da verdade escondida de cada indivíduo. Quanto ao "angustioso mistério que ela encerra", o romancista parece compreender que a loucura é um dos acessos à verdade do indivíduo: a loucura é ao mesmo tempo um saber inacessível e um fenômeno que aloja em seu núcleo a verdade do sujeito humano; uma verdade enredada numa rede de poderes capazes de produzir múltiplos discursos "verdadeiros" sobre a loucura."
Marco Antonio Arantes
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
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