segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Danúbio, Azteca, Miramar, Paissandu, Veneza, Star, Carioca, América, Ipanema, Olinda, Caruso, Odeon, São Luíz, Capitólio, Pathé, Império, Palácio, Ritz, Rian, Roxy, Ópera, Jóia, Ricamar, Lido, Bruni, Madureira, Imperator, Metro.
“Aquele que não sentiu a perda de um cinema que freqüentou durante anos, tem o coração de pedra ou a memória nublada”.
Drummond

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O azul, imenso, invadiu manhãs e tardes no pontal.
Durante dias... quantos, ninguém sabe.
Lassidão e ócio.
Conversa mole, manga-rosa.
Cuscuz de banana-da-terra.
As notícias chegaram rápido.
Escotas caçadas esperavam a entrada do sudoeste, que rugia na entrada da barra.
A barra e o cais e a rua e a calçada e a varanda da casa grande.
E o menino que vinha, de trem, calça caqui, dos lugares mais quietos, só para ver aquela imensidão.
"Isso (o auto-aumento concedido pelos congressistas, de 61%) é um atentado, uma afronta ao povo brasileiro, ao cidadão e à cidadã contribuintes. A comenda hoje outorgada não representa a pessoa do cearense maior que foi dom Helder Câmara. Desfigura-a".
Dom Manuel Edmilson da Cruz, bispo emérito de Limoeiro do Norte, ao recusar, na tribuna do Senado, a comenda dos Direitos Humanos Dom Helder Câmara concedida àqueles que lutam em favor dos desfavorecidos.
Brava gente brasileira!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Baleba, bilosca, birosca, bolita, búrica, búraca, peteca, pirosca, ximbra ou cabiçulinha.
Gude, dá no mesmo.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

"Bom de briga é aquele que cai fora".
Adoniran Barbosa
Não suportava mais a espera.
Impacientava-se.
Já tinha lido tudo sobre o assunto.
Sabia o que iria acontecer, passo a passo.
A cegueira viria nos próximos dias.
Incrédulo, aceitou, para surpresa dos mais próximos, beber goles daquela garrafada que lhe trouxeram de Carpina, somente pela lembrança que guardava dos bonecos de mamulengo que o mestre Saúba lhe mostrara, tímido e com poucas palavras, naquele lugar que, um dia, no comecinho do século passado, foi chamado de Floresta dos Leões.
Os vômitos voltaram apesar de a medicação ter sido alterada.
As visitas dela já não o confortavam mais.
Chateavam-no.
A família o deixava irritadiço, impaciente, intolerante.
Disse o diabo para cada um, na cara.
Quantos meses haviam lhe dado?
Vieram as chuvas.
E o verão passou.
Já não sentia mais medo.
O que o afligia, agora, era a possibilidade, cada vez maior, de voltar para casa.
“Condeno o cabra Manoel Duda, pelo malifício que fez à mulher do Xico Bento, a ser capado, capadura que deverá ser feita a macete.
A execução desta peça deverá ser feita na cadeia desta villa.
Nomeio carrasco o carcereiro.
Cumpra-se e apregue-se editais nos lugares públicos.
Manoel Fernandes dos Santos
Juiz de Direito da Vila de Porto da Folha, Sergipe, 15 de outubro de 1833”
Se essa lei voltasse a vigorar, os fabricantes de macetes ficariam milionários!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

"Vejo a literatura como acontecimento, não apenas como espelho das questões sociais mais imediatas. Mas que ela traga o leitor para um horizonte ritualístico, um horizonte litúrgico."
João Gilberto Noll
"Sabiá cantou no alto da gameleira
Aribú comeu o que mamãe me deu
Carreiro tumba, carreiro tumbambá
Barata na parede não deixa a gente sossegá
Pra afundá quem é pra afundá quem é
Papai botou tanque na rua
Pra afundá quem é
É toco pequeno que ranca unha
É toco pequeno
Maria sobe morro
Bunda dela tremeu, ai
Coração me dói
Bunda dela tremeu, ai
Coração me dói"
Jongo, domínio público, recolhido por Tia Maria Do Jongo.
- Você não tem freio, não!
- Não, freio de lotação é traseiro de particular!
Grande Otelo e Ankito, em “Pé na tábua”, de Vitor Lima.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

"Dá uma beirada, compadre..."
- Você bebeu?
- Não, juro que não!
- Minta, então.
Ao menos, justifica essa cara de idiota!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Dizia que não, quase sempre.
Alegava enjôo, fingia cansaço, fadiga.
Escondia-se.
Não houve jeito.
Escalaram-no naquele dia.
Minutos depois de a partida ter começado no campinho de saibro do ginasial, jogaram a bola para ele.
Driblou um, dois, três, quatro.
Gol!
Vibrou.
E correu, exultante.
Os demais jogadores se olharam, pasmos.
Está na ata do juíz: gol contra.
E o novo uniforme do América Mineiro?
Bravíssimo!
E as saucisses de Morteau?
Produzidas com carne de porco da região de Franche-Comté e defumadas nos tuyés, são inigualáveis!
Ah... as lentilhas verdes de Puy en Velay, a Truffade e o Pounti da Auvergne!
"Os melhores amigos são os da juventude.
Eles não nos vêem como somos.
Vêem um rosto e um nome."
Do personagem Jack Burden, em "All the king's men", de Steven Zaillian.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

“Tito Andrônico” é considerada a peça mais cruel e violenta de Shakespeare.
Será encenada, no Brasil, com tons certamente mais acentuados, pelo grupo catalão La Fura Dels Baus, direção de Pep Gatell.
Antropofágico, o espetáculo reúne, no final, alguns espectadores para um banquete que não lembra, nem de longe, tudo indica, os experimentos de Ferran Adrià...
Estômagos de plantão, em banho-maria!
Alice Neel foi uma das mais brilhantes retratistas dos EUA.
Realista, pintou a vida privada com frieza, honestidade e desnudamento dramático.
Depois de um colapso nervoso, tentativa de suicídio e longo período de internação, casou-se com 3 ou 4 malucos, sendo que um deles rasgou 60 dos seus trabalhos durante um surto qualquer.
Coitada.
Reinventou o gênero de portraiture.
"Deu no programa do Datena há algum tempo. O meliante resolveu assaltar um ônibus. Foi para o ponto, esperou um que fosse para um bairro bem distante, acenou, o ônibus parou e ele entrou. O ônibus estava lotado. Quando o ônibus rodava por um lugar meio deserto, ele, com muito custo, conseguiu chegar até o cobrador. Mostrou a ponta da faca – não tinha dinheiro para comprar uma arma de fogo – e anunciou o assalto, bem baixinho. Para azar dele, o cobrador era meio surdo. Falou um pouco mais alto. O cobrador não entendeu. Falou mais alto ainda. O cobrador também não entendeu. Então, com a faca na mão, ele gritou: Caralho, isto é um assalto, porra! Todos, dentro do coletivo, olharam. E, em segundos, partiram pra cima dele. No final da reportagem, a câmera mostrou o meliante na delegacia. Seu rosto, da testa ao pescoço, era um hematoma só."
Classir Scorsato
“Ser repórter com uma perna só é mais difícil do que com duas. Mas é mais fácil do que com quatro”
José Hamilton Ribeiro, respondendo a uma jornalista, em início de atividade profissional, que lhe indagou sobre como era trabalhar na condição de mutilado de guerra.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

"Em Piaçabuçu, Alagoas, acreditam que a cor de um animal pode significar força, resistência, indomabilidade. Cavalo forte é o castanho escuro das canas pretas. Cavalo preto é ligeiro e esperto. Cavalo alazão é bom corredor, porém pouco resistente. Cavalo russo de couro branco é fraquíssimo. Cavalo gázeo de olhos esbranquiçados é louco, rompe tudo, não respeita nada. Cavalo gato com quatro sinais brancos é muito ligeiro, por exemplo, três pés brancos e uma estrela na testa, são ligeiríssimos... dois são os tipos de passos: puxada a baixo e puxada-a-meio. Cavalo chotão é o que não tem habilidade, é bruto, anda a galope ou trote duro, é tão ruim que o melhor é andar a pé do que cavalgá-lo. O cavalo baixeiro é de passada baixa que não maltrata o cavaleiro. Cavalo esquipador é que tem puxada forte, certa, ritmada, anda muito depressa, tem esquipança. Depois da esquipança é o galope. O cavalo bom tem três passadas distintas: puxada baixa ou baixeiro, puxada do meio e esquipança”.
Alceu Maynard, “Folclore Nacional”.
Chovia.
Os pastos estavam alagados e os animais se acotovelavam no paiol, tingidos de fezes.
O cheiro de urina era forte e não se dissipava com os ventos que vinham da Mantiqueira, rasgando os vales estreitos e as escarpas das Cruzes e do Alcantilado.
Ruidosas, as águas faziam estragos.
Até quando?
O homem se aproximou da porteira. Gestos largos, ríspidos, assertivos.
Perguntou pelo trecho do rio que circundava a sede da fazenda... a menina podia estar lá, presa numa galhada ou no sumidouro.
O cavalo havia escorregado.
Acharam-no próximo ao grotão, encilhado e imundo.
Mancava.
O pai apareceu no dia seguinte, volteante, sem acreditar no que haviam lhe dito.
O corpo foi encontrado dias depois, rio abaixo, num remanso conhecido como Vargem Alegre.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

"... Quem desejar conhecer o povo de uma cidade, como trabalha, como vive, terá forçosamente de freqüentar uma de suas feiras. Nela o adventício encontrará a capacidade criadora de seus homens revelada na maneira de comprar e vender, no artesanato que se multiplica sob várias formas, na organização que não foi marcada nem prevista por ninguém, na troca de favores muito natural ao meio, na inteligência e espontaneidade de homens rudes que sabem improvisar versos primorosos em meio a algazarra permanente, como se estivessem no palco de um teatro..."
Eduardo Campos,"Feiras populares" - Diário de São Paulo, 28/9/58.
Ponha-se no fogo um bom refogado.
Juntam-se um pedaço de lombo de porco e um paio, que se cobrem com água para cozinhar.
Depois, é só colocar pedaços de nabo, folhas de mostarda, couve e serralha em pedaços.
Quando tudo estiver cozido, engrosse-se, ligeiramente, com fubá de milho.
Tem nome: sopa Manuel-sem-jaleco.
'O que teve a desgraça de ficar doente do mal, o melhor que tem a fazer é afundar no mato e passar a carne de onça sem sal. Ou andar pelo campo no tempo dos cajus e passar só com eles, até sarar."
Jangada Brasil - a cara e a alma brasileiras.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

"Vez por outra circulava a notícia apressada de que desaparecera aquela crianã da rua da Medalha ou da rua da Tesoura, da estrada do Carro ou da rua da Viração, da rua da Glória ou do Jaguaribe — e era de notar o espanto geral que a novidade despertava entre a gurizada atenta na marcha desses acontecimentos tão desagradáveis."
Ademar Vidal. Lendas e superstições.
É o Papa-figo, meninos!
"... Vida longa ao adjetivo! Pequeno ou grande, esquecido ou corrente. Precisamos de você, esbelto e maleável adjetivo que repousa delicadamente sobre coisas e pessoas e cuida para que elas não percam o gosto revigorante da individualidade. Cidades e ruas sombrias se banham de um sol pálido e cruel. Nuvens cor de asa de pombo, nuvens negras, nuvens enormes e cheias de fúria, o que seria de vocês sem a retaguarda dos voláteis adjetivos?..."
Adam Zagajewski, revista Piauí.
"Caviar - a Estranha História e o Futuro Incerto da Iguaria Mais Cobiçada do Mundo", de Inga Saffron.
Riquíssimo, leitura obrigatória!
Deu ontem na Rede Globo de Televisão, novela "Passione": "... o valor das nossas ações não param de crescer..."
Ai, ai, ai...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

"Do funil faço a mortalha
Da pipa faço caixão
Eu sei que morro mesmo
Morro com o copo na mão"
Abecê do folclore.
“Venho de outras terras, meu capitão,
não sou da beira do mar, eu venho
desd’onde um bola de fogo,
volúpia de luz, volúpia de cor,
cavalgava o horizonte e desabava,
queda brusca por detrás da serrania,
era quase todas as tardes,
lá,
que raramente chovia...”
Antífona
Um atum bluefin de 340 kg foi arrematado por preço recorde no leilão de peixes do mercado Tsukiji, em Tóquio: US$ 396 mil.
Sushizinho danado de caro, sô!
"O rio encheu, esvaziou
E o cabelo da cigana que o riacho carregou
Carregou, eu vou buscar
Que eu não vou criá cabelo
Pra o riacho carregá"
Viva Bahia canta - coletânea de músicas folclóricas, Emília Biancardi Ferreira
A decisão do Ministério da Cultura e Orientação Islâmica do Irã de banir todos os livros de Paulo Coelho lembra comentário de Rachel de Queiróz quando indagada, por uma repórter mequetrefe de alguma emissora brasileira, a respeito de título recém- lançado pelo autor: “Não li e odiei!”.
Ele não consegue, 50 anos depois, desimpregnar-se do cheiro do mercado velho, na Vila Rubim, antiga Cidade de Palha, no finalzinho da ilha.
Ameaçou voltar, vezes e vezes...
Quantas vezes confundiu os assobios dele, apuradíssimos, manhãs bem cedo, com os cantos dos curiós Vi te teu e Praia Grande que ficavam na varanda lateral da casa perto do caís?
Quantas vezes?
"A rolinha voou
Onde foi parar?
Voou foi pra Bahia
Foi parar no Sabará"
Família Alcântara, em Bisnetos, Realejo.
Não se falavam há muito tempo.
Comentou sobre um amigo comum, que estava inquieto.
Desassossegado.
E sugeriu que ele ligasse, porque telefone de desempregado não toca nunca.
O egoísmo e a escrotidão impediram que o ex-vizinho cumprisse o prometido.
Mentiu, descaradamente, quando se encontraram novamente.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Caranguejo não é peixe
Caranguejo peixe é
Caranguejo anda de banda
Na vazante da maré. (olha só)
Pé, pé, pé; olha a mão, a mão, a mão
Veja só como é bonito
Caranguejo no salão. (olha só)
Caranguejo não é peixe
Caranguejo não tem sangue
Caranguejo anda no brejo
Comendo folha de mangue. (Olha só)
Pé, pé, pé; olha a mão, a mão, a mão
Veja só como é gostoso
Caranguejo com limão.
Ayó!
Algodão (8), Waldemar (7), Wlamir (17), Edson Bispo (6) e Amaury (16). Pecente (11), Jathyr (2), Otto (4), Fernando (6), Zezinho (2) e Rosa Branca.
Timaço!
Rale o coco e não retire o leite. Coloque o açúcar numa panela com um pouco de água e umas gotas de limão. Leve ao fogo para obter uma calda grossa. Passe as gemas por uma peneira que não pode ser metalizada. Deixe esfriar a calda e junte as gemas peneiradas, o coco ralado e a manteiga, mexendo bastante. Despeje em forminhas untadas com manteiga e leve ao forno quente, em banho-maria, para assar.
Taí, no ponto, Quindim de Iaiá.
"Por que entre uma mulher e um animal, tem primazia o gênero do animal? Por que dizem “vêm os dois” se é uma mulher e um cão quem vêm? Em vez de dizerem que não se pode dizer presidenta, mas ministra sim, solucionem essa injustiça e canalhice. Que os doutos acadêmicos resolvam um conflito que tem séculos porque não têm sensibilidade para apreciar a questão ou nem se aperceberam. Por isso, justificam com leis gramaticais ou simplesmente silenciam e riem-se das pretensões da mulher porque se acham superiores. Em quê?"
Pilar del Rio

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O Biarritz é, com certeza, o edifício mais charmoso do Rio.
Localizado na Praia do Flamengo, 268, o Biarritz tem sua construção concluída no início da década de 40, sendo uma cópia de um edifício existente em Paris, na Avenue Montaigne.
Marco da Art Déco, foi projetado pelos arquitetos franceses Auguste Rendu e Henri Paul Pierre Sajous.
Elegantíssimo, tem varandas arredondadas com dupla curvatura, detalhes frisados na massa, gradil artístico e toldos.
Sonho de consumo.
“No Carnaval dos subúrbios do Rio é muito comum a fantasia de Clóvis ou, como também é conhecida, Bate-bola.
Consta de um macacão bastante colorido, capa enfeitada, máscara e luvas, de forma a não deixar descoberta nenhuma parte dos corpos dos fantasiados, garantindo-lhes o anonimato; levam, presa a um cordão, uma bexiga que é, constantemente, batida no chão o que provoca um som surdo. Parece um resquício do entrudo, já que os fantasiados têm em mente assustar os que vão distraídos, e as crianças.
O nome Clóvis consta ser uma corruptela do inglês clowns”.
Carlos Henrique Brack, blog “Curiosidades Cariocas”.
“Eu preciso destas palavras - espinha dorsal estatura mediana desse esquema – tem o caratê – busto – fisco – corpo – alma – e circulatório do ser humano cabelos pendões e segurança – 7 – sete ouvidos orelhas traquéia pele face queixo dentes...”
Estandarte de Arthur Bispo do Rosário.
"Aqui temos um homem — ele tem de recolher na capital o lixo do dia que passou. Tudo o que a cidade grande jogou fora, tudo o que ela perdeu, tudo o que desprezou, tudo o que destruiu, é reunido e registrado por ele. Compila os anais da devassidão, o cafarnaum da escória; separa as coisas, faz uma seleção inteligente; procede como um avarento com seu tesouro e se detém no entulho que, entre as maxilas da deusa indústria, vai adotar a forma de objetos úteis ou agradáveis".
Baudelaire
“Vvverde é vida
gentileza meus
filhos bem vindo ao
Rio amorrr não usem pro
blemas não usem pobreza
usem amorrr do gentileza
e a natureza Deus nosso
pai criadorr tem beleza
perfeição bondade e ri
praga assassino e o
capetalismo surdos ce
ga mata conduz para
o abismo tenque sserr
queimado por Jessuss gentileza”
Mural 1, Profeta Gentileza – José Datrino.
¡Tierra y Libertad!
Piscuíla, Rosca, Linguiça, os metralhas, Picumam, Chato... onde estarão?
Bastardinho de Azeitão, Bucho, Cabeça de Burro, Porca de Murça, Cova da Beira, Monte das Abertas, Monte dos Cabaços, Quinta da Pellada, Tapada do Chaves, Terras do Pó Branco, Torna Grande, Rapariga da Quinta, Três Bagos, Vinha da Tapada, Pêra Manca.
Esses vinhos portugueses e seus nomes deliciosos, sem falar de algumas castas características do país como Roupeiro, Rabo de ovelha, Antão da faz...
"Tenho a suspeita de que a espécie humana - a única – está prestes a extinguir-se e que a biblioteca perdurará: iluminada, solitária, infinita, perfeitamente imóvel, armada de volumes preciosos, inútil, incorruptível, secreta".
Jorge Luis Borges
A família decidia o que fazer.
Filhos, sobretudo.
Para que reagir?
Deitava-se.
O sono não vinha.
Fingia que dormia.
Ouvia os ruídos das casas vizinhas, da rua.
Contava as horas.
E os dias, quando não se confundia.
Torcia para que o telefone não tocasse.
Da última vez, após levantar-se da cama com a dificuldade de sempre, o telefone, na sala, emudeceu faltando pouco para
alcançá-lo.
Dois passos, talvez.
De pé, esperou que o aparelho voltasse a tocar.
Não tocou.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

"... Eu tenho medo que esse tanto amor
Seja tragado pela boca leviana da cidade
Esse amontoado de
avenidas e destinos
Que se cruzam como o cão e a cachorra no capim
Acende pra mim..."
Lula Queiroga