quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Chovia.
Os pastos estavam alagados e os animais se acotovelavam no paiol, tingidos de fezes.
O cheiro de urina era forte e não se dissipava com os ventos que vinham da Mantiqueira, rasgando os vales estreitos e as escarpas das Cruzes e do Alcantilado.
Ruidosas, as águas faziam estragos.
Até quando?
O homem se aproximou da porteira. Gestos largos, ríspidos, assertivos.
Perguntou pelo trecho do rio que circundava a sede da fazenda... a menina podia estar lá, presa numa galhada ou no sumidouro.
O cavalo havia escorregado.
Acharam-no próximo ao grotão, encilhado e imundo.
Mancava.
O pai apareceu no dia seguinte, volteante, sem acreditar no que haviam lhe dito.
O corpo foi encontrado dias depois, rio abaixo, num remanso conhecido como Vargem Alegre.

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