Em 2002, o fotógrafo alemão Holger Keifel iniciou seu projeto mais ambicioso, "The Face of Boxing," uma série de mais de 350 retratos de treinadores, dirigentes, cutmens e superstars como Evander Holyfield, Bernard Hopkins, Oscar De La Hoya, Floyd Mayweather Jr, Joe Frazier, Jake LaMotta, Lennox Lewis, Don Kinge e Manny Pacquiao, entre outros.
Transformado em livro - “Box” -, o ensaio é memorável e desvenda, despudorada e contundentemente, o universo das lutas e seus bastidores!
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Única na América Latina especializada na fabricação de pios de aves, a Fábrica de Pios foi fundada em 1903 por Maurílio Coelho, na cidade de Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo.
Filho de lavradores, nascido em Muqui, Maurílio montou, moço ainda, um pequeno torno para iniciar seus experimentos . Seu objetivo era o de substituir os pios já existentes de bambu e taquara, cujo som era pouco eficaz para atrair os pássaros. Realizou exaustivos testes e pesquisas, visitando as matas de diversas regiões do Brasil, para alcançar a fidelidade de som ideal para cada pio.
Jacutinga, Juriti, Capueira, Macuco, Inhambu, Jaó, Tururim, Pássaro Preto, Marreca-irerê, Perdiz têm seus cantos reproduzidos em peças excepcionalmente bem-feitas mediante processo artesanal, que envolve etapas distintas e demoradas.
A madeira bruta é serrada e, em seguida, são feitos os cortes e furos de acordo com os diâmetros externos e internos de cada pio. A precisão das partes internas é para atingir o som ideal.
As partes dos pios são adaptadas em tornos e, através de ferramentas rústicas confeccionadas na própria fábrica, inicia-se o desbaste e as medições da madeira, dando o design externo ao pio.
Alguns pios possuem trinadores, que quebram o som em forma de trinados e originam-se da polpa de galhos de alguns vegetais, pois esse material é constituído de fibras ultraleves e porosas, representando grande importância na suavidade do sopro
Todos os pios possuem no mínimo duas partes: boquilha e corpo, e outros possuem até sete partes: boquilha, eixos, polias, correias, palhetas, buchas, trinadores. Essas partes depois de serem devidamente lixadas e lustradas com o próprio serralho resultante do desbaste, são encaixadas , coladas, e posteriormente recebem camadas de selador nas emendas das partes que compõem o pio.
Lindíssimos!
Filho de lavradores, nascido em Muqui, Maurílio montou, moço ainda, um pequeno torno para iniciar seus experimentos . Seu objetivo era o de substituir os pios já existentes de bambu e taquara, cujo som era pouco eficaz para atrair os pássaros. Realizou exaustivos testes e pesquisas, visitando as matas de diversas regiões do Brasil, para alcançar a fidelidade de som ideal para cada pio.
Jacutinga, Juriti, Capueira, Macuco, Inhambu, Jaó, Tururim, Pássaro Preto, Marreca-irerê, Perdiz têm seus cantos reproduzidos em peças excepcionalmente bem-feitas mediante processo artesanal, que envolve etapas distintas e demoradas.
A madeira bruta é serrada e, em seguida, são feitos os cortes e furos de acordo com os diâmetros externos e internos de cada pio. A precisão das partes internas é para atingir o som ideal.
As partes dos pios são adaptadas em tornos e, através de ferramentas rústicas confeccionadas na própria fábrica, inicia-se o desbaste e as medições da madeira, dando o design externo ao pio.
Alguns pios possuem trinadores, que quebram o som em forma de trinados e originam-se da polpa de galhos de alguns vegetais, pois esse material é constituído de fibras ultraleves e porosas, representando grande importância na suavidade do sopro
Todos os pios possuem no mínimo duas partes: boquilha e corpo, e outros possuem até sete partes: boquilha, eixos, polias, correias, palhetas, buchas, trinadores. Essas partes depois de serem devidamente lixadas e lustradas com o próprio serralho resultante do desbaste, são encaixadas , coladas, e posteriormente recebem camadas de selador nas emendas das partes que compõem o pio.
Lindíssimos!
"Um de Nós Morrerá", "O Milagre de Anne Sullivan", "Mickey One", "Caçada Humana", "Uma Rajada de Balas", "Deixe-nos Viver", "Pequeno Grande Homem", "Um Lance no Escuro", "Duelo de Gigantes", "Amigos Para Sempre", "O Alvo da Morte", "Morte no Inverno" e "Perseguidos por Acaso".
O último filme de Arthur Penn, "Inside", foi feito para a televisão em 1996.
Trabalhava, nos últimos tempos, como produtor executivo da série "Law & Order".
Alguns clássicos do cinema americano da década de 1970, como "Taxi driver", de Martin Scorsese, e "O poderoso chefão", de Francis Ford Coppola, seriam impensáveis sem "Bonnie e Clyde", dirigido por ele.
Seu irmão, o fotógrafo Irving Penn, talentosíssimo, faleceu há um ano.
Foram-se.
O último filme de Arthur Penn, "Inside", foi feito para a televisão em 1996.
Trabalhava, nos últimos tempos, como produtor executivo da série "Law & Order".
Alguns clássicos do cinema americano da década de 1970, como "Taxi driver", de Martin Scorsese, e "O poderoso chefão", de Francis Ford Coppola, seriam impensáveis sem "Bonnie e Clyde", dirigido por ele.
Seu irmão, o fotógrafo Irving Penn, talentosíssimo, faleceu há um ano.
Foram-se.
As espadas, buscapés e limalhas ainda são vistas nas festas juninas, apesar dos sinais de fadiga e declínio.
Ainda assim, os mestres fogueteiros continuam produzindo.
E vendendo.
São João sem faíscas, fumaça e estouros não tem graça - as guerras de buscapés faziam parte da tradição das ruas e bairros das cidades brasileiras
Ao som do forró, os mestres fogueteiros e seus assistentes rodeiam e batem a pólvora, no pilão. A zabumba dá o ritmo e organiza a atividade, para que todos soquem ao mesmo tempo.
Dali, o pó vai para as tabocas, onde é socado com fortes golpes de uma marreta. Retiradas dos bambuzais com alguns meses de antecedência elas são acumuladas e tratadas para ficarem com a cor branca. Depois são rodeadas por uma espécie de barbante, que lhes garante maior resistência. Muitas vezes esse serviço é feito pelas crianças ou mulheres, na porta das suas casas.
Daí, são preenchidas com barro, que também é socado com a mesma pequena marreta. A cerâmica evita que a parte de baixo também seja queimada durante a combustão dos fogos. Só então a taboca está pronta para receber a pólvora. Depois, as mulheres cobrem o artefato com papéis e fazem pequenos adornos.
Vão, então, para o depósito, onde aguardam as datas festivas.
Max Augusto
Ainda assim, os mestres fogueteiros continuam produzindo.
E vendendo.
São João sem faíscas, fumaça e estouros não tem graça - as guerras de buscapés faziam parte da tradição das ruas e bairros das cidades brasileiras
Ao som do forró, os mestres fogueteiros e seus assistentes rodeiam e batem a pólvora, no pilão. A zabumba dá o ritmo e organiza a atividade, para que todos soquem ao mesmo tempo.
Dali, o pó vai para as tabocas, onde é socado com fortes golpes de uma marreta. Retiradas dos bambuzais com alguns meses de antecedência elas são acumuladas e tratadas para ficarem com a cor branca. Depois são rodeadas por uma espécie de barbante, que lhes garante maior resistência. Muitas vezes esse serviço é feito pelas crianças ou mulheres, na porta das suas casas.
Daí, são preenchidas com barro, que também é socado com a mesma pequena marreta. A cerâmica evita que a parte de baixo também seja queimada durante a combustão dos fogos. Só então a taboca está pronta para receber a pólvora. Depois, as mulheres cobrem o artefato com papéis e fazem pequenos adornos.
Vão, então, para o depósito, onde aguardam as datas festivas.
Max Augusto
terça-feira, 28 de setembro de 2010
"... O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.
O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte".
João Cabral de Melo Neto
O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte".
João Cabral de Melo Neto
Portugal foi o primeiro país não francófono a publicar as aventuras de Tintin, na revista Papagaio, em Abril de 1936, e também o primeiro país do mundo a fazê-lo a cores.
Mais de 70 anos depois, Portugal volta a inovar com Tintin, reeditando, os 24 álbuns das suas aventuras, num formato inédito, menor do que o tradicional da Casterman.
Além de traduções refeitas, o personagem volta a ter a grafia original - Tintin, em vez de Tintim.
Espera-se que a coleção completa seja lançada antes da estréia, em 2011, de “The Adventures of Tintin: The Secret of the Unicorn”, o primeiro dos três filmes adaptados das aventuras do herói de Hergé.
Tintim, Milu e o Capitão Haddock by Spielberg!
Mais de 70 anos depois, Portugal volta a inovar com Tintin, reeditando, os 24 álbuns das suas aventuras, num formato inédito, menor do que o tradicional da Casterman.
Além de traduções refeitas, o personagem volta a ter a grafia original - Tintin, em vez de Tintim.
Espera-se que a coleção completa seja lançada antes da estréia, em 2011, de “The Adventures of Tintin: The Secret of the Unicorn”, o primeiro dos três filmes adaptados das aventuras do herói de Hergé.
Tintim, Milu e o Capitão Haddock by Spielberg!
"O senso de responsabilidade dos jornalistas é continuamente solicitado pelos governantes, quando justificam suas exigências de silêncio, manipulação e censura apelando para o bem superior constituído pela segurança coletiva. (…) Seria lamentável que, de uma forma geral, os profissionais da informação dessem ouvidos a semelhantes pressões. A obrigação moral e profissional dos jornalistas é contar os fatos, não calá-los, e a única responsabilidade que se deve exigir deles é a que emana da exigência de veracidade (…) Isso não quer dizer que devam ser insensíveis ao bem geral e não devam avaliar os danos que podem se originar de suas publicações".
Juan Luis Cebrián
Juan Luis Cebrián
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Tudo aconteceu em Itabira, Minas Gerais, fim do século XIX e início do século XX.
Os habitantes da cidade passaram a conviver com os engenheiros e técnicos da Iron British Company, que explorava minério de ferro na região, logo se estabelecendo uma dificuldade de comunicação entre os ingleses e os itabiranos.
A diferença mais gritante foi sentida nas minas de exploração: os operários, com origem nas classes mais pobres da população, os chamados “peões”, sentiam essa incomunicabilidade no dia-a-dia. Como os operários não entendiam o inglês e nem se identificavam com outros itabiranos em cargos superiores, resolveram criar uma variação do português que tornaria impossível a compreensão dos seus chefes estrangeiros e dos seus compatriotas.
E criaram o Camaco.
A língua tinha uma função clara de marcar as diferenças e posições sociais e econômicas. Quem tinha a “malandragem” do Camaco conseguia se comunicar com seus pares sem que outros os entendessem. Os operários usavam o Camaco principalmente para falar mal ou para fazer um comentário malicioso sobre seus superiores.
Com o tempo, a língua deixou de pertencer a um grupo restrito e foi sendo apropriada por todos que se sentiam parte da “resistência” da cidade. Durante a década de 60 e 70, os boêmios e intelectuais de Itabira tinham como ponto de encontro o bar Cinédia. E era lá onde podiam manter longas conversas em Camaco e passá-lo adiante para as novas gerações. Nesse momento, a língua já tinha perdido a sua ligação restrita com os operários da empresa, passando a ser uma característica do povo itabirano em geral. O Camaco perdeu, aí, seu sentido estritamente "político".
“Çovê base lafar guilagem Camaco?” A conversa normalmente começa assim. O que se segue é um grande ponto de interrogação estampado na cara ou uma resposta rápida: “Mis, lafo medais”.
Não tem segredo. O truque é simples: troque a primeira letra da segunda sílaba com a da primeira. Assim, sílaba vira lísaba e palavra riva laprava. Gepou o cariocínio?
Sergio Rosa
Os habitantes da cidade passaram a conviver com os engenheiros e técnicos da Iron British Company, que explorava minério de ferro na região, logo se estabelecendo uma dificuldade de comunicação entre os ingleses e os itabiranos.
A diferença mais gritante foi sentida nas minas de exploração: os operários, com origem nas classes mais pobres da população, os chamados “peões”, sentiam essa incomunicabilidade no dia-a-dia. Como os operários não entendiam o inglês e nem se identificavam com outros itabiranos em cargos superiores, resolveram criar uma variação do português que tornaria impossível a compreensão dos seus chefes estrangeiros e dos seus compatriotas.
E criaram o Camaco.
A língua tinha uma função clara de marcar as diferenças e posições sociais e econômicas. Quem tinha a “malandragem” do Camaco conseguia se comunicar com seus pares sem que outros os entendessem. Os operários usavam o Camaco principalmente para falar mal ou para fazer um comentário malicioso sobre seus superiores.
Com o tempo, a língua deixou de pertencer a um grupo restrito e foi sendo apropriada por todos que se sentiam parte da “resistência” da cidade. Durante a década de 60 e 70, os boêmios e intelectuais de Itabira tinham como ponto de encontro o bar Cinédia. E era lá onde podiam manter longas conversas em Camaco e passá-lo adiante para as novas gerações. Nesse momento, a língua já tinha perdido a sua ligação restrita com os operários da empresa, passando a ser uma característica do povo itabirano em geral. O Camaco perdeu, aí, seu sentido estritamente "político".
“Çovê base lafar guilagem Camaco?” A conversa normalmente começa assim. O que se segue é um grande ponto de interrogação estampado na cara ou uma resposta rápida: “Mis, lafo medais”.
Não tem segredo. O truque é simples: troque a primeira letra da segunda sílaba com a da primeira. Assim, sílaba vira lísaba e palavra riva laprava. Gepou o cariocínio?
Sergio Rosa
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
O reverendo Sylvester Graham, 1794/1851, acreditava que a masturbação reduzia a esperança e conduzia à insanidade mental. Acreditava, igualmente, que os casais com excesso de atividade sexual seriam atacados de languidez, lassidão, distensão muscular, debilidade e obesidade; depressão de espíritos, perda de apetite, indigestão, desmaios e inanição, susceptibilidades acrescidas da pele e dos pulmões a todas as alterações atmosféricas, debilidade circulatória, calafrios, dores de cabeça, melancolia, hipocondria, histeria, debilidades de todos os sentidos, estrabismo, perda de visão, debilidade respiratória, tosse convulsa, redução pulmonar, perturbações hepáticas e renais, dificuldades urinárias, perturbações dos órgãos genitais, doenças da coluna, perda de memória, epilepsia, insanidade mental, apoplexia, abortos, partos prematuros, debilidade extrema, predisposições mórbidas e morte precoce dos filhos.
O que esse biruta fazia com a própria genitália?
O que esse biruta fazia com a própria genitália?
terça-feira, 21 de setembro de 2010
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Abreviação latina de ex-voto suscepto - o voto realizado -, o termo designa pinturas, esculturas e objetos diversos doados às divindades como forma de agradecimento por um pedido atendido.
Há dúvidas sobre sua origem, embora alguns historiadores localizem-na entre os fenícios.
O costume de oferecer "presentes votivos" se dissemina pelas Américas do Sul e Central, entre a colonização portuguesa e espanhola e as missões católicas romanas. No Brasil, trata-se de uma tradição que remonta ao século XVIII.
Ao se popularizar, o ex-voto diversifica a forma, ficando a cargo de artesãos e artífices, em geral anônimos, instalados perto dos santuários ou de lugares de peregrinação, a quem as peças são encomendadas.
As "casas de milagres" dos grandes centros de peregrinação, como o de Bom Jesus da Lapa, Bahia, o de Bom Jesus do Matosinhos, em Congonhas do Campo, Minas Gerais; Canindé, Ceará e Aparecida do Norte, São Paulo, recebem grande variedade de objetos trazidos pelos romeiros que vêm pagar promessas.
As romarias se constituem em momentos de extravasamento da fé, da devoção, da efervescência religiosa e ao mesmo tempo são locais de festa, diversões, feira, comércio e inclusive jogos e prostituição em que o sagrado e o profano estão muito próximos.
Estive em São Chico do Canindé para visitar a casa de milagres, deparando-me com o mais extraordinário acervo de ex-votos do país. Soube, ao chegar, através de um motorista de taxi aparentado do pároco da basílica, que dois dias depois haveria a queima de várias peças – o que ocorria de tempos em tempos -, pois o local designado para expô-las teria um limite físico impedindo que se avolumassem.
Por que não construir um galpão anexo, algo assim?
E os museus, os centros de cultura, as fundações?
Sai de lá com cerca de 150 cabeças de madeira escolhidas uma a uma, noite adentro, ensacadas em embalagens de juta adquiridas em um armazém próximo.
Há dúvidas sobre sua origem, embora alguns historiadores localizem-na entre os fenícios.
O costume de oferecer "presentes votivos" se dissemina pelas Américas do Sul e Central, entre a colonização portuguesa e espanhola e as missões católicas romanas. No Brasil, trata-se de uma tradição que remonta ao século XVIII.
Ao se popularizar, o ex-voto diversifica a forma, ficando a cargo de artesãos e artífices, em geral anônimos, instalados perto dos santuários ou de lugares de peregrinação, a quem as peças são encomendadas.
As "casas de milagres" dos grandes centros de peregrinação, como o de Bom Jesus da Lapa, Bahia, o de Bom Jesus do Matosinhos, em Congonhas do Campo, Minas Gerais; Canindé, Ceará e Aparecida do Norte, São Paulo, recebem grande variedade de objetos trazidos pelos romeiros que vêm pagar promessas.
As romarias se constituem em momentos de extravasamento da fé, da devoção, da efervescência religiosa e ao mesmo tempo são locais de festa, diversões, feira, comércio e inclusive jogos e prostituição em que o sagrado e o profano estão muito próximos.
Estive em São Chico do Canindé para visitar a casa de milagres, deparando-me com o mais extraordinário acervo de ex-votos do país. Soube, ao chegar, através de um motorista de taxi aparentado do pároco da basílica, que dois dias depois haveria a queima de várias peças – o que ocorria de tempos em tempos -, pois o local designado para expô-las teria um limite físico impedindo que se avolumassem.
Por que não construir um galpão anexo, algo assim?
E os museus, os centros de cultura, as fundações?
Sai de lá com cerca de 150 cabeças de madeira escolhidas uma a uma, noite adentro, ensacadas em embalagens de juta adquiridas em um armazém próximo.
Paris, pós-Primeira Guerra Mundial.
Fitzgerald, Hemingway, D. H. Lawrence, Joyce, Miller, Pound, Gertrude Stein e Edith Wharton, entre outros, escolheram viver na cidade em total independência e adotaram Montparnasse como refúgio boêmio, constituindo um grupo que marcou a história da literatura e que ainda suscita o interesse da crítica e do público.
Jean-Paul Caracalla recria essa época em "Os exilados de Montparnasse", revelando a cidade e os personagens mais interessantes que fizeram parte de sua história recente.
Fitzgerald, Hemingway, D. H. Lawrence, Joyce, Miller, Pound, Gertrude Stein e Edith Wharton, entre outros, escolheram viver na cidade em total independência e adotaram Montparnasse como refúgio boêmio, constituindo um grupo que marcou a história da literatura e que ainda suscita o interesse da crítica e do público.
Jean-Paul Caracalla recria essa época em "Os exilados de Montparnasse", revelando a cidade e os personagens mais interessantes que fizeram parte de sua história recente.
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
"Andei no meio desses loucos, fiz um manto dos retalhos que me deram, alguns livros debaixo do braço e se via alguém mais louco que os outros, mais aflito, abria um dos livros ao acaso, deixava o vento virar as folhas e aguardava. O vento parou: eis o recado para o outro: sê fiel a ti mesmo e um dia serás livre. Prendem-me. Uma série de perguntas: qual é o teu nome? Qadós. Qa o quê? Qadós de quê? Isso já é bem difícil. Digo: sempre fui só Qadós. Profissão: Não tenho não senhor. Só procuro e penso. Procura e pensa o quê? Procuro uma maneira sábia de me pensar. Fora com ele, é louco, não é da nossa alçada, que se afaste da cidade, que não importune os cidadãos".
Hilda Hilst
Hilda Hilst
Mark Twain foi escritor, romancista, ensaísta e mestre da sátira.
Em cartaz até dezembro, a mostra “Mark Twain: A Skeptic's Progress” está na The Morgan Library & MA, 225 Madison Avenue, New York.
A exposição coincide com o 175º aniversário de nascimento de Twain e exibirá mais de 120 manuscritos e livros raros, incluindo os originais de "As Aventuras de Huckleberry Finn" (1885) e "Life on the Mississippi" (1883), bem como cartas, notebooks, diários, fotografias e desenhos relacionados com a vida do autor e sua obra.
Samuel Langhorne Clemens - este era o seu nome verdadeiro - exerceu grande influência sobre todos os escritores que se esforçaram por "descobrir a América", suas peculiaridades e seus costumes.
Em cartaz até dezembro, a mostra “Mark Twain: A Skeptic's Progress” está na The Morgan Library & MA, 225 Madison Avenue, New York.
A exposição coincide com o 175º aniversário de nascimento de Twain e exibirá mais de 120 manuscritos e livros raros, incluindo os originais de "As Aventuras de Huckleberry Finn" (1885) e "Life on the Mississippi" (1883), bem como cartas, notebooks, diários, fotografias e desenhos relacionados com a vida do autor e sua obra.
Samuel Langhorne Clemens - este era o seu nome verdadeiro - exerceu grande influência sobre todos os escritores que se esforçaram por "descobrir a América", suas peculiaridades e seus costumes.
O grande mérito de Nuno Ramos é que ele faz.
Faz o que passa na cabeça de muita gente, mas que pela complexidade é, quase sempre, deixado de lado.
Ou adiado.
Esquecido.
Descobre texturas.
Faz química.
Analisa reações, retexturiza.
E surpreende.
Se a racionalidade vem depois, pouco importa.
Está lá, nunca visto.
Faz o que passa na cabeça de muita gente, mas que pela complexidade é, quase sempre, deixado de lado.
Ou adiado.
Esquecido.
Descobre texturas.
Faz química.
Analisa reações, retexturiza.
E surpreende.
Se a racionalidade vem depois, pouco importa.
Está lá, nunca visto.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
"Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.
Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo."
Pablo Neruda
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.
Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo."
Pablo Neruda
Nascido no Rio de Janeiro, filho de um palhaço, Costinha trabalhou como garçom, engraxate, apontador de jogo do bicho e faxineiro da Radio Tamoio.
Como radioator, criou personagens para programas de humor da época como "Cadeira de Barbeiro", "Recruta 23" e a primeira versão radiofônica da "Escolinha do Professor Raimundo", criada por Chico Anysio. Participou de outros programas humorísticos nas rádios Record e Mayrink Veiga e atuou no Teatro de Revista, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Gravou sete discos de humor nos anos 1970 e 1980 e vendeu milhares de cópias com os títulos "O Peru da Festa" e "As Proibidas do Costinha".
Franzino e de cabelos sempre engomados, atuou com grandes nomes da pornochanchada brasileira como Wilson Grey, Wilson Viana e foi dirigido por Carlos Manga.
Deixou um legado de esculhambação com suas piadas de bichinhas.
Noffa!
Como radioator, criou personagens para programas de humor da época como "Cadeira de Barbeiro", "Recruta 23" e a primeira versão radiofônica da "Escolinha do Professor Raimundo", criada por Chico Anysio. Participou de outros programas humorísticos nas rádios Record e Mayrink Veiga e atuou no Teatro de Revista, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Gravou sete discos de humor nos anos 1970 e 1980 e vendeu milhares de cópias com os títulos "O Peru da Festa" e "As Proibidas do Costinha".
Franzino e de cabelos sempre engomados, atuou com grandes nomes da pornochanchada brasileira como Wilson Grey, Wilson Viana e foi dirigido por Carlos Manga.
Deixou um legado de esculhambação com suas piadas de bichinhas.
Noffa!
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Os caminhoneiros, não faz tanto tempo assim, exibiam no pára-choque de seus veículos frases que representavam uma das mais autênticas formas da cultura popular brasileira.
Críticas, debochadas, de protesto... onde estarão?
• Se quiser leite fresco, ponha a vaca na sombra.
• Beijo é igual a ferro elétrico: liga em cima, esquenta embaixo.
• A mata é virgem porque o vento é fresco.
• Pobre só come carne fresca quando morde a língua.
• Se casamento fosse bom não precisava de testemunhas.
• Casa de mulher feia não precisa de tramela.
• Champagne de pobre é sonrisal.
• Se o amor é cego, o negócio é apalpar.
• A mulher reclama da dor do parto porque nunca levou um chute no saco.
• Veja pelo lado bom: com esquizofrenia você nunca está sozinho.
• Se uma loira lhe atirar uma granada, tire o pino e atire de volta.
• O fígado faz mal à bebida...
• O vegetariano leva a menina para o mato e come o mato.
• Se não puder convencer, confunda!
• Herói é o covarde que não teve tempo de fugir.
• Evite a ressaca! Mantenha-se bêbado.
• A Terra é virgem porque a minhoca é mole.
• Criança é igual a peido, só agüenta quem faz.
• No dia em que vocês me virem abraçado com uma mulher feia, podem separar que é briga.
• Mulher de amigo meu é igual a muro alto: é perigoso, mas eu trepo!
• A sensação é boa, mas a posição é ridícula!
• Se merda fosse dinheiro, pobre não tinha bunda.
Críticas, debochadas, de protesto... onde estarão?
• Se quiser leite fresco, ponha a vaca na sombra.
• Beijo é igual a ferro elétrico: liga em cima, esquenta embaixo.
• A mata é virgem porque o vento é fresco.
• Pobre só come carne fresca quando morde a língua.
• Se casamento fosse bom não precisava de testemunhas.
• Casa de mulher feia não precisa de tramela.
• Champagne de pobre é sonrisal.
• Se o amor é cego, o negócio é apalpar.
• A mulher reclama da dor do parto porque nunca levou um chute no saco.
• Veja pelo lado bom: com esquizofrenia você nunca está sozinho.
• Se uma loira lhe atirar uma granada, tire o pino e atire de volta.
• O fígado faz mal à bebida...
• O vegetariano leva a menina para o mato e come o mato.
• Se não puder convencer, confunda!
• Herói é o covarde que não teve tempo de fugir.
• Evite a ressaca! Mantenha-se bêbado.
• A Terra é virgem porque a minhoca é mole.
• Criança é igual a peido, só agüenta quem faz.
• No dia em que vocês me virem abraçado com uma mulher feia, podem separar que é briga.
• Mulher de amigo meu é igual a muro alto: é perigoso, mas eu trepo!
• A sensação é boa, mas a posição é ridícula!
• Se merda fosse dinheiro, pobre não tinha bunda.
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
"Nada desandava, entretanto, nem desconchavando mesmo a quem não afeito a esse ritmo e velocidade de espírito. Inteligência que ao auge resplêndida se exercia, quando no aperreio do arrocho e já a horas de estalar, sem beirada o prazo. Dele então se inesperava: faísca, a inédita ideia, terminante, ou a útil definição, saltada acima, brasa. Ainda mais se em contenda. Parece mesmo que, para com toda a eficácia fixar-se a excogitar coisa do correr comum, primeiro carecesse ele de atribuir-lhe sentido adverso hostil, para acometida e de vencida."
João Guimarães Rosa - trecho de seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, com uma hora e meia de duração, em 16/11/1967.
João Guimarães Rosa - trecho de seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, com uma hora e meia de duração, em 16/11/1967.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Pedi ao Zé, antes de publicar matéria sobre ele no número 2 da revista Maturidade, que nunca chegou a circular, a indicação de alguém que lhe pudesse fazer um perfil. A escolha foi imediata: Tavito, Luís Otávio de Melo Carvalho, parceiro e amigo de muitos anos.
“Porque o Zé é o Zé, sem par, único, inimitável, o saltimbanco da palavra, o malabarista da idéia, o artífice da risada, o timoneiro do encontro, o menestrel que cai da árvore - e invariavelmente morre de rir. O Zé é o amigo dos amigos, o polemista implacável, aquele que luta até o fim por sua convicção e cala com súbitas estocadas verbais qualquer ameaça à liberdade, sua ou de outrem. O Zé é uma figura plana, sem desvios idiotas, segue as regras da emoção, sabe ser feliz e dividir sua felicidade com as pessoas. O Zé nunca se esquece – e cumpre com alegria o papel de memória dos amigos (que, como eu, esquecem tudo). O Zé é um mestre-cuca de mão-cheia, e, generoso, compõe jantares como canções – e os serve, emocionado, para os amigos, que se regalam e se lambuzam à farta, num grande ritual digno de um enredo de Goscinny. O Zé é pontual em seus compromissos, de trabalho ou de afeto, numa demonstração clara que as regras da civilidade estão acima de quaisquer outras. O Zé é otimista, assim como quem faz uma escolha – e procura o sol da manhã para se inspirar. Mantém a característica vida-inteira de leitor compulsivo, sempre a chafurdar em livrarias, sebos, bibliotecas, como se já não lhe bastassem os doze mil volumes que tem em casa; e é um escrevinhador tresloucado, navegando pelos meandros de sua mente farta, ancorando sua imaginação inimaginável em uma incrível capacidade de pesquisa, aquela séria pesquisa que confere validade histórica aos escritos e ditos dos grandes literatos. Esse é o Zé, o Rodrix, um homem de família e de amigos, que ele faz questão de guardar e cuidar – dentro daquele coração do tamanho de uma baleia, onde também moram suas gravatas e seus ternos de linho”.
“Porque o Zé é o Zé, sem par, único, inimitável, o saltimbanco da palavra, o malabarista da idéia, o artífice da risada, o timoneiro do encontro, o menestrel que cai da árvore - e invariavelmente morre de rir. O Zé é o amigo dos amigos, o polemista implacável, aquele que luta até o fim por sua convicção e cala com súbitas estocadas verbais qualquer ameaça à liberdade, sua ou de outrem. O Zé é uma figura plana, sem desvios idiotas, segue as regras da emoção, sabe ser feliz e dividir sua felicidade com as pessoas. O Zé nunca se esquece – e cumpre com alegria o papel de memória dos amigos (que, como eu, esquecem tudo). O Zé é um mestre-cuca de mão-cheia, e, generoso, compõe jantares como canções – e os serve, emocionado, para os amigos, que se regalam e se lambuzam à farta, num grande ritual digno de um enredo de Goscinny. O Zé é pontual em seus compromissos, de trabalho ou de afeto, numa demonstração clara que as regras da civilidade estão acima de quaisquer outras. O Zé é otimista, assim como quem faz uma escolha – e procura o sol da manhã para se inspirar. Mantém a característica vida-inteira de leitor compulsivo, sempre a chafurdar em livrarias, sebos, bibliotecas, como se já não lhe bastassem os doze mil volumes que tem em casa; e é um escrevinhador tresloucado, navegando pelos meandros de sua mente farta, ancorando sua imaginação inimaginável em uma incrível capacidade de pesquisa, aquela séria pesquisa que confere validade histórica aos escritos e ditos dos grandes literatos. Esse é o Zé, o Rodrix, um homem de família e de amigos, que ele faz questão de guardar e cuidar – dentro daquele coração do tamanho de uma baleia, onde também moram suas gravatas e seus ternos de linho”.
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Em "Itinerário de Pasargada", Manoel Bandeira conta que ele e alguns amigos sempre passavam de bonde pela Rua Larga, hoje Marechal Floriano, no Rio de Janeiro, causando-lhes interesse o Hotel Península Fernandes, com o nome de acidente geográfico inexistente em mapas. Ouviram do português dono do estabelecimento, certa feita, a seguinte explicação: "Fernandes porque é o meu nome e Península porque é bonito".
Fiel às suas raízes catalãs - como Dalí, Casals e Miró -, ele criou uma forma particularíssima de trabalhar com matérias-primas que desafia tudo aquilo que anteriormente tinha sido considerado como regra da arte de cozinhar e comer.
Alcançou sucesso invejável, inigualável!
Por que, então, o El Bulli, na remota praia de Cala Montjoi, ao norte de Barcelona, estaria fechando no auge da fama de seu chef, Ferran Adrià?
Segundo o The New York Times, o El Bulli dá o maior prejuízo: meio milhão de Euros/ano!
Débâcle?
Alcançou sucesso invejável, inigualável!
Por que, então, o El Bulli, na remota praia de Cala Montjoi, ao norte de Barcelona, estaria fechando no auge da fama de seu chef, Ferran Adrià?
Segundo o The New York Times, o El Bulli dá o maior prejuízo: meio milhão de Euros/ano!
Débâcle?
Folheei ontem, emocionadíssimo, na casa que foi de Guita e José Mindlin, os originais revisados pelo autor de "Grande Sertão: Veredas" - José Olympio enlouquecia com as sucessivas e exaustivas correções exigidas por Guimarães Rosa, chegando ao ponto
de impor-lhe limites severos.
Vi, ainda, a última prova de prelo de "Vidas Seccas", de Graciliano Ramos, com um risco de caneta sobre o título original trocado na última hora - o livro chamar-se-ia "O mundo coberto de pennas".
Sai de lá perdido em mim mesmo, caminhando, sem rumo, pelas ruas do Brooklin.
de impor-lhe limites severos.
Vi, ainda, a última prova de prelo de "Vidas Seccas", de Graciliano Ramos, com um risco de caneta sobre o título original trocado na última hora - o livro chamar-se-ia "O mundo coberto de pennas".
Sai de lá perdido em mim mesmo, caminhando, sem rumo, pelas ruas do Brooklin.
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
A Feira de Água de Meninos se originou de uma antiga feira móvel que se formava na altura do sétimo armazém das Docas da Bahia, em Salvador.
Era chamada Feira do Sete.
Fixou-se ali.
Os poderes constituídos não tiveram força para removê-la.
Isto teria ocorrido na década de 1930.
Os saveiros do Recôncavo e das Ilhas que abasteciam Salvador pelos lados de Itapagipe – Porto da Lenha – agora podiam chegar tranquilamente mais próximos da “cidade”.
A Feira de Água de Meninos cresceu sem nenhum ordenamento, sem mais nem menos.
As barracas foram sendo montados de forma aleatória.
Como não havia nenhuma estrutura, as necessidades físicas eram feitas ali mesmo.
Dizia-se “fede, mas serve”.
Há registros que, em 1959, houve um acordo entre as Docas, Prefeitura, Sindicato dos Feirantes e Capitania dos Portos para uma possível transferência da feira para outro local, provavelmente nas proximidades da Enseada de São Joaquim.
O acordo não teve sucesso.
Apesar de São Joaquim reunir boas condições, mudança é mudança.
Para que mudar, Deus do Céu?
Em 1960, novo ataque dos poderes constituídos, ficando, então, definitivamente proibida a construção de novas barracas.
Anos depois, 5 de setembro de 1964, noite estrelada, Lua Cheia, um sábado.
Movimento encerrado, a Feira de Água de Meninos, deixou-se consumir por grandes línguas de fogo.
As labaredas alcançavam a altura da Igreja de Santo Antônio além do Carmo, no alto da colina. De todos os cantos da cidade, da própria Ilha de Itaparica, o incêndio era visto.
Visitei-a, rapazola, quando ia de navio cargueiro do Rio de Janeiro para o Mediterrâneo.
Fedia, é verdade.
Muito.
Mas era linda.
Imunda, mas imensamente linda.
Era chamada Feira do Sete.
Fixou-se ali.
Os poderes constituídos não tiveram força para removê-la.
Isto teria ocorrido na década de 1930.
Os saveiros do Recôncavo e das Ilhas que abasteciam Salvador pelos lados de Itapagipe – Porto da Lenha – agora podiam chegar tranquilamente mais próximos da “cidade”.
A Feira de Água de Meninos cresceu sem nenhum ordenamento, sem mais nem menos.
As barracas foram sendo montados de forma aleatória.
Como não havia nenhuma estrutura, as necessidades físicas eram feitas ali mesmo.
Dizia-se “fede, mas serve”.
Há registros que, em 1959, houve um acordo entre as Docas, Prefeitura, Sindicato dos Feirantes e Capitania dos Portos para uma possível transferência da feira para outro local, provavelmente nas proximidades da Enseada de São Joaquim.
O acordo não teve sucesso.
Apesar de São Joaquim reunir boas condições, mudança é mudança.
Para que mudar, Deus do Céu?
Em 1960, novo ataque dos poderes constituídos, ficando, então, definitivamente proibida a construção de novas barracas.
Anos depois, 5 de setembro de 1964, noite estrelada, Lua Cheia, um sábado.
Movimento encerrado, a Feira de Água de Meninos, deixou-se consumir por grandes línguas de fogo.
As labaredas alcançavam a altura da Igreja de Santo Antônio além do Carmo, no alto da colina. De todos os cantos da cidade, da própria Ilha de Itaparica, o incêndio era visto.
Visitei-a, rapazola, quando ia de navio cargueiro do Rio de Janeiro para o Mediterrâneo.
Fedia, é verdade.
Muito.
Mas era linda.
Imunda, mas imensamente linda.
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
"Chorei tantas vezes que perdi as contas. Chorei de alegria depois da minha apresentação no Fórum gastronômico da Espanha. O epicentro da cozinha molecular e lá estava eu. Eu, meus quiabos, minha grelha de ferro fundido e minha paixão. Tudo nessa história tinha grandes chances de dar errado, mas de repente fomos surpreendidos por uma platéia que fez questão de se levantar e aplaudir apaixonadamente aquela loucura.
Chorei de alegria quando os equipamentos da minha cozinha chegaram. Chorei de alegria a primeira vez que cozinhei para a Fernanda Montenegro. Chorei de alegria – horas! – quando o Presidente da Itália além de me aplaudir de pé, comparou um dos meus jantares no Palácio da Alvorada a um banquete renascentista. Chorei de alegria quando consegui ministrar uma aula em francês para um auditório repleto de franceses em Cannes! Chorei de alegria quando visitei a casa de Pablo Neruda em Santiago do Chile. Chorei de alegria quando vi o meu primeiro pôr do sol na Grécia. Chorei de alegria outro dia, quando comi pela vigésima vez a carne assada da Dona Laura, na Pousada Alcobaça em Itaipava. Chorei de alegria quando assisti a esse vídeo: http://eaturl.info/jng7".
Roberta Sudbrack
Chorei de alegria quando os equipamentos da minha cozinha chegaram. Chorei de alegria a primeira vez que cozinhei para a Fernanda Montenegro. Chorei de alegria – horas! – quando o Presidente da Itália além de me aplaudir de pé, comparou um dos meus jantares no Palácio da Alvorada a um banquete renascentista. Chorei de alegria quando consegui ministrar uma aula em francês para um auditório repleto de franceses em Cannes! Chorei de alegria quando visitei a casa de Pablo Neruda em Santiago do Chile. Chorei de alegria quando vi o meu primeiro pôr do sol na Grécia. Chorei de alegria outro dia, quando comi pela vigésima vez a carne assada da Dona Laura, na Pousada Alcobaça em Itaipava. Chorei de alegria quando assisti a esse vídeo: http://eaturl.info/jng7".
Roberta Sudbrack
Na semana passada, Fidel Castro convidou Randy Alonso, Arleen Rodríguez, Reinaldo Taladrid, Lázaro Barredo, Bárbara Betancourt, Nidia Díaz, Marina Menéndez, Oliver Zamora e Aixa Hevia para um diálogo sem limites.
- "O que eu espero é que vocês me façam as perguntas mais difíceis que me possam fazer", disse-lhes, de bate-pronto, o comandante-em-chefe quando os recebeu nos estúdios do programa “Mesa-Redonda”.
Lázaro Barredo fez a primeira pergunta: "Há quem acredite que o senhor está sendo catastrofista". Fidel reflete e responde: "Sustentar isso é quase uma vergonha. E é conveniente que a gente se envergonhe de sua ignorância. Se a gente se envergonhar da própria ignorância, vai aprender. E se aprender, há uma esperança".
Será?
- "O que eu espero é que vocês me façam as perguntas mais difíceis que me possam fazer", disse-lhes, de bate-pronto, o comandante-em-chefe quando os recebeu nos estúdios do programa “Mesa-Redonda”.
Lázaro Barredo fez a primeira pergunta: "Há quem acredite que o senhor está sendo catastrofista". Fidel reflete e responde: "Sustentar isso é quase uma vergonha. E é conveniente que a gente se envergonhe de sua ignorância. Se a gente se envergonhar da própria ignorância, vai aprender. E se aprender, há uma esperança".
Será?
O Centro Sísmico Nacional enviou às autoridades responsáveis por Icó, no Ceará, uma mensagem telegráfica oficial que dizia:
"Exmo senhores: possivel movimento sismico na zona, muito perigoso. Superior Ritchter 7. Epicentro a 3 km do municipio. Tomem providencias imediatas. Informar resultados com absoluta urgencia"
Após uma semana, foi recebido, através da pasta "Contatos" do site do Centro Sísmico Nacional, o seguinte e-mail:
"Aqui é da polícia de Icó. Movimento sísmico totalmente desarticulado. O tal Ritchter tentou se evadir, mas foi abatido a tiros. Desarticuladas todas as zonas. As putas estão encarceradas. Epicentro, Epifânio e outros três cabras-safados também foram detidos. Não respondemos antes porque houve um terremoto da porra por aqui!" ,
"Exmo senhores: possivel movimento sismico na zona, muito perigoso. Superior Ritchter 7. Epicentro a 3 km do municipio. Tomem providencias imediatas. Informar resultados com absoluta urgencia"
Após uma semana, foi recebido, através da pasta "Contatos" do site do Centro Sísmico Nacional, o seguinte e-mail:
"Aqui é da polícia de Icó. Movimento sísmico totalmente desarticulado. O tal Ritchter tentou se evadir, mas foi abatido a tiros. Desarticuladas todas as zonas. As putas estão encarceradas. Epicentro, Epifânio e outros três cabras-safados também foram detidos. Não respondemos antes porque houve um terremoto da porra por aqui!" ,
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Publicada, hoje, a lista "The new establishment 2010" da The Vanity Fair Magazine, sendo:
1. Mark Zuckerberg/FACEBOOK
2. Steve Jobs/APPLE
3. Sergey Brin, Larry Page e Eric Schmidt/GOOGLE
4. Rupert Murdoch/NEWS CORPORATION
5. Jeff Bezos/AMAZON
6. Bernard Arnault/LVMH
7. Michael Bloomberg/MAYOR, NEW YORK CITY; BLOOMBERG L.P.
8. Larry Ellison/ORACLE
9. Evan Williams and Biz Stone/TWITTER
10. John Malone/LIBERTY MEDIA
Timinho bão, sô!
1. Mark Zuckerberg/FACEBOOK
2. Steve Jobs/APPLE
3. Sergey Brin, Larry Page e Eric Schmidt/GOOGLE
4. Rupert Murdoch/NEWS CORPORATION
5. Jeff Bezos/AMAZON
6. Bernard Arnault/LVMH
7. Michael Bloomberg/MAYOR, NEW YORK CITY; BLOOMBERG L.P.
8. Larry Ellison/ORACLE
9. Evan Williams and Biz Stone/TWITTER
10. John Malone/LIBERTY MEDIA
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