A Feira de Água de Meninos se originou de uma antiga feira móvel que se formava na altura do sétimo armazém das Docas da Bahia, em Salvador.
Era chamada Feira do Sete.
Fixou-se ali.
Os poderes constituídos não tiveram força para removê-la.
Isto teria ocorrido na década de 1930.
Os saveiros do Recôncavo e das Ilhas que abasteciam Salvador pelos lados de Itapagipe – Porto da Lenha – agora podiam chegar tranquilamente mais próximos da “cidade”.
A Feira de Água de Meninos cresceu sem nenhum ordenamento, sem mais nem menos.
As barracas foram sendo montados de forma aleatória.
Como não havia nenhuma estrutura, as necessidades físicas eram feitas ali mesmo.
Dizia-se “fede, mas serve”.
Há registros que, em 1959, houve um acordo entre as Docas, Prefeitura, Sindicato dos Feirantes e Capitania dos Portos para uma possível transferência da feira para outro local, provavelmente nas proximidades da Enseada de São Joaquim.
O acordo não teve sucesso.
Apesar de São Joaquim reunir boas condições, mudança é mudança.
Para que mudar, Deus do Céu?
Em 1960, novo ataque dos poderes constituídos, ficando, então, definitivamente proibida a construção de novas barracas.
Anos depois, 5 de setembro de 1964, noite estrelada, Lua Cheia, um sábado.
Movimento encerrado, a Feira de Água de Meninos, deixou-se consumir por grandes línguas de fogo.
As labaredas alcançavam a altura da Igreja de Santo Antônio além do Carmo, no alto da colina. De todos os cantos da cidade, da própria Ilha de Itaparica, o incêndio era visto.
Visitei-a, rapazola, quando ia de navio cargueiro do Rio de Janeiro para o Mediterrâneo.
Fedia, é verdade.
Muito.
Mas era linda.
Imunda, mas imensamente linda.
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
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