Abreviação latina de ex-voto suscepto - o voto realizado -, o termo designa pinturas, esculturas e objetos diversos doados às divindades como forma de agradecimento por um pedido atendido.
Há dúvidas sobre sua origem, embora alguns historiadores localizem-na entre os fenícios.
O costume de oferecer "presentes votivos" se dissemina pelas Américas do Sul e Central, entre a colonização portuguesa e espanhola e as missões católicas romanas. No Brasil, trata-se de uma tradição que remonta ao século XVIII.
Ao se popularizar, o ex-voto diversifica a forma, ficando a cargo de artesãos e artífices, em geral anônimos, instalados perto dos santuários ou de lugares de peregrinação, a quem as peças são encomendadas.
As "casas de milagres" dos grandes centros de peregrinação, como o de Bom Jesus da Lapa, Bahia, o de Bom Jesus do Matosinhos, em Congonhas do Campo, Minas Gerais; Canindé, Ceará e Aparecida do Norte, São Paulo, recebem grande variedade de objetos trazidos pelos romeiros que vêm pagar promessas.
As romarias se constituem em momentos de extravasamento da fé, da devoção, da efervescência religiosa e ao mesmo tempo são locais de festa, diversões, feira, comércio e inclusive jogos e prostituição em que o sagrado e o profano estão muito próximos.
Estive em São Chico do Canindé para visitar a casa de milagres, deparando-me com o mais extraordinário acervo de ex-votos do país. Soube, ao chegar, através de um motorista de taxi aparentado do pároco da basílica, que dois dias depois haveria a queima de várias peças – o que ocorria de tempos em tempos -, pois o local designado para expô-las teria um limite físico impedindo que se avolumassem.
Por que não construir um galpão anexo, algo assim?
E os museus, os centros de cultura, as fundações?
Sai de lá com cerca de 150 cabeças de madeira escolhidas uma a uma, noite adentro, ensacadas em embalagens de juta adquiridas em um armazém próximo.
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
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