quarta-feira, 18 de agosto de 2010

“Afirmo sem medo de errar que os bares são os estabelecimentos e espaços públicos de maior contribuição à formação da alma das cidades. Ruas, praias, praças e igrejas não têm sua dimensão existencial.
Podem-se metaforizar as ruas como as veias por onde corre o sangue citadino. As praias servem exclusivamente ao lazer, prazer e vaidades dos cidadãos. Todos sabem que as praças são locais de encontros superficiais, e as igrejas, apesar de tentarem expulsar, não conseguem abrigar os demônios que nos possuem.
O único local onde qualquer vivente pode extravasar a complexidade da vida é o bar. Solidão, tristeza, alegria, vício, virtude, riqueza, pobreza, ódio, amor, doença, saúde, drama, tragédia, comédia. Só ele, historicamente, ao longo de centenas de anos, sem sombra de dúvida, em função do que proporciona aos cidadãos, adquiriu a condição de bem aglutinar a vida das cidades e de quem mora nelas. E, se dizemos que a alma das cidades está em seus bares, é curioso notar que, sendo a alma do sexo feminino (alguém duvida?), é por isso que o bar é o único lugar do mundo em que homens prescindem de mulheres. Ali, elas não fazem falta porque essa outra entidade feminina as substitui, e isso lhes basta".
Paulo Maldonado

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