terça-feira, 31 de agosto de 2010

Insone, deparei-me, depois de muitos anos, com a imagem de meu corpo nu projetada no espelho do banheiro do hotel.
Os pentelhos esbranquiçados surpreenderam-me, não o bastante para levar-me ao desconforto.
Dei-me conta, apenas, que estou envelhecendo.
E lembrei-me do que me disseram um dia: a velhice não é para os covardes.
Por que, então, gratificar o coveiro por algo que ainda não aconteceu?
Confronto-me, dia após dia, com a degeneração descontrolada de partes inegociáveis de mim...
Por que a imposição consensual de que devo dividir isso com alguém?
O tom de voz surpreende-me quase sempre, conflitando-me com aquilo em que me transformei.
Não há deformações aparentes, reconhecem-me aqui e ali, mas a pele, seca, revela finíssimas ranhuras que me causam repulsa e asco.
E essa culpa?
Expulso-os, furtivamente, e vejo, nos outros, distantes de mim, os disfarces tão flagrantes que teimo em exercitar e que me deformam mais ainda, ridicularizando-me.
Ah, os stents. Qual é, mesmo, a estimativa correta do diâmetro de referência proximal e distal dos vasos-alvo? E sua correlação com as medidas feitas pelo ultra-som intracoronário, será menos intensa?
Tenho que me lembrar de comentar isso com ele...
Philip.
Por que não James, Paul, Michael, Nick, Jackson, Joseph?
Ligo para ela, depois de tantos anos?

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