quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Ganhadora do National Book Award, do Pulitzer em 1956, do Prêmio da American Academy of Arts and Letters, Elizabeth Bishop foi a primeira mulher a receber o Prêmio Neustadt.
No início dos anos 1950, durante uma viagem de circunavegação pela América do Sul, decidiu desembarcar em Santos, indo, em seguida, para o Rio de Janeiro, encontrando-se com Maria Carlota de Macedo Soares, a Lota, que seria sua companheira por muitos anos.
Levado por José Alberto Nemer, visitei sua casa em Ouro Preto, a casa Mariana, nas Lajes, que foi vendida após o suicídio de Lota, no início da década de 1970, quando retornou definitivamente para os Estados Unidos.
Gastava meses, por vezes anos, escrevendo um único poema, trabalhando para obter um sentido de espontaneidade. Seus poemas mal escondem as dificuldades como órfã e viajante sem raízes freqüentemente hospitalizada por conta da depressão e do alcoolismo.
“A arte de perder não é nenhum mistério
tantas coisas contém em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouco a cada dia. Aceite austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
lugares, nomes, a escala subseqüente
da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. Um império
que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
Mesmo perder você ( a voz, o ar etéreo, que eu amo)
não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser um mistério
por muito que pareça (escreve) muito sério”.
Uma arte.

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