Fazia tempo que não se encontravam, muito tempo...
Ele estava desempregado.
E desesperado - telefone da casa de desempregado não toca, nunca.
Marcaram encontro, tarde já.
Quando chegou, ele já tinha tomado três doses de conhaque.
Guardou o dinheiro que sobrou para a condução de volta.
Abraçaram-se.
Demoradamente.
Rememoraram situações, casos.
Falaram de tudo.
Fazia frio naquela madrugada da Lapa.
Os travestis, poucos, escondiam-se nos beirais das velhas casas.
Alcoolizados, silenciaram-se.
Na parede de ladrilhos por trás do balcão, a pintura desbotada de Nilton Bravo.
Ao lado da assinatura, como de praxe,o telefone do pintor.
Pediram um saideira.
- "Deixa comigo, essa é minha", disse o amigo.
Bebeu de um gole só.
E pediu para usar o telefone.
O garçon, impaciente, abriu a fechadura que prendia o disco do aparelho.
Ligou.
3:20h.
- "Alô. É da casa do Nilton? Nilton Bravo, o pintor".
- "É ele? Nilton Bravo?"
- " Oh, Nilton, não leva a mal não, mas tu pinta mal para caralho!".
terça-feira, 13 de julho de 2010
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