segunda-feira, 19 de julho de 2010

"O jogo de finca envolve dois adversários que, com um objeto de ferro pontudo, fazem marcas no chão úmido, riscando de ponto a ponto, de modo a estrangular ou fechar o oponente, impedindo-o de movimentar-se. Para isso, exige-se as condições concretas de um terreno bem definido: o chão recentemente molhado pela chuva, não muito mole, consistente o suficiente para segurar o ferro pontudo e macio para ser riscado e deixar marcas definidas - a poeira as apagaria e o chão seco faria o ferro pular sem fincar no chão.
Trata-se de um jogo de pontarias, como o gesto de atirar facas.
O jogo começa pela disputa de quem joga primeiro. Para tal, risca-se o chão horizontalmente, delimitando que dali ninguém passa. À frente, numa distância razoável e desafiadora, risca-se um traço vertical. Os jogadores atiram suas fincas: quem acertar no fio do traço ou mais próximo dele começa o jogo. Cada um desenha sua casa, feita por um triângulo riscado no chão. Começa atirando a finca dentro da casa e estabelecendo o ponto inicial. Sem poder ultrapassar aquele ponto, mantendo os pés sempre atrás dele, o jogador tentará atirar sua finca o mais longe possível, em direção à casa do adversário. Se a finca se firmar no chão, ele traça um risco que vai desse primeiro ponto dentro da sua casa até o ponto atingido. Se acerta, ele não pára de jogar, até que erre, cedendo a vez ao outro. Cada jogador deve, além disso, tentar atingir o ponto o mais próximo da sua linha, tentando fechar os caminhos do adversário e obter sua derrota o mais rápido possível. Ninguém pode cortar linhas. Se alguém contorna a casa do adversário e chega à sua própria casa, é vencedor. Lembro-me de que era permitido furar a linha do outro ou própria por um golpe de lado, cavando uma espécie de subterrâneo, mas sem levantar muita terra, deitar demais a finca ou esburacar os riscados".
Luiz Carlos Garrocho

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