"Quem me acode à cabeça e ao coração
neste fim de ano, entre alegria e dor?
Que sonho, que mistério, que oração?
Amor."
Drummond, 1985
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
"Crestam-se os seres. Acende-se vermelho o alto dos morros, reverbera o mar, para-brisas dão reflexos de cegar. Um cego, de tanta luz em volta, enxerga alguma coisa. O céu aprofunda-se em azul, a areia frige nossos pés, raios a pino estorricam. A calçada arde, suor escorre nas costas dos que estão vestidos, o chão gruda em seus sapatos de discriminados. O sol parece um som. É verão. Rebrilha, refulge, freme, tremeluz – em tudo e em todos. Uma cigarra canta, chia, chichia, chiria, cicia, fretene, zine, zizia, zangarreia, estridula, garrita, rechia, rechina, retrine, cegarrega: é só escutar no dicionário. Na arrebentação a gata cumpre o gesto perpetual do seu destino na biossociologia carioca – é bela e cai n´água. Estamos todos em Byakabunda, na época do plantio das bananas".
Millôr Fernandes, 1971.
Millôr Fernandes, 1971.
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
“The New Yorker Stories”, de Ann Beattie, é um dos 10 melhores livros de 2010 pelo ranking do New York Times Book Review.
Curioso é que Ann teve 22 artigos recusados pela The New Yorker Magazine antes de publicar “A Platonic Relationship”.
Levantou, sacudiu a poeira e deu a volta por cima, literalmente.
Curioso é que Ann teve 22 artigos recusados pela The New Yorker Magazine antes de publicar “A Platonic Relationship”.
Levantou, sacudiu a poeira e deu a volta por cima, literalmente.
Bens imateriais brasileiros registrados no IPHAN: Oficio das Paneleiras de Goiabeiras, Arte Kusiwa Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi, Círio de Nossa Senhora de Nazaré, Samba de Roda do Recôncavo Baiano, Modo de Fazer Viola-de-Cocho, Oficio das Baianas de Acarajé, Jongo no Sudeste, Cachoeira de Iauaretê Lugar Sagrado dos Povos Indígenas dos Rios Uaupés e Papuri, Feira de Caruaru, Frevo, Tambor de Crioula, Matrizes do Samba no Rio de Janeiro: Partido Alto, Samba de Terreiro e Samba-Enredo; Modo de Fazer Queijo de Minas nas regiões do Serro e das Serras da Canastra e do Salitre, Roda de Capoeira, Ofício dos Mestres de Capoeira, Modo de Fazer Renda Irlandesa produzida em Divina Pastora, Toque dos Sinos de Minas Gerais e Ofício de Sineiros.
O queijinho está garantido e a receita bem guardada, do jeito certo: a partir do leite integral da vaca, fresco e cru, sem nenhum tratamento térmico, retirado e beneficiado na propriedade de origem, consistência firme, cor e sabor próprios, massa uniforme, sem corante e conservantes.
O queijinho está garantido e a receita bem guardada, do jeito certo: a partir do leite integral da vaca, fresco e cru, sem nenhum tratamento térmico, retirado e beneficiado na propriedade de origem, consistência firme, cor e sabor próprios, massa uniforme, sem corante e conservantes.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Braúna.
Melanoxylon brauna, uma árvore de até 17 metros da família das leguminosas, subfamília cesalpinioídea, nativa do Brasil, especialmente das regiões Nordeste, Sudeste e estados do Paraná e Santa Catarina. É a espécie conhecida com uma das mais duras e incorruptíveis madeiras-de-lei brasileiras, acastanhada, quase negra nos espécimes mais velhos, casca utilizada em curtume, para extração de tintura negra e, como a seiva, em medicina e na indústria. Floresce em amarelo intenso e produz frutos cilíndricos. Também é conhecida pelos nomes de árvore-da-chuva, braúna-preta, canela, canela-amarela, coração-de-negro, maria-preta, maria-preta-da-mata, maria-preta-do-campo, muiraúna, paravaúna, parovaúna, perovaúna e rabo-de-macaco.
Braúna.
Formosura de nome, sô!
Melanoxylon brauna, uma árvore de até 17 metros da família das leguminosas, subfamília cesalpinioídea, nativa do Brasil, especialmente das regiões Nordeste, Sudeste e estados do Paraná e Santa Catarina. É a espécie conhecida com uma das mais duras e incorruptíveis madeiras-de-lei brasileiras, acastanhada, quase negra nos espécimes mais velhos, casca utilizada em curtume, para extração de tintura negra e, como a seiva, em medicina e na indústria. Floresce em amarelo intenso e produz frutos cilíndricos. Também é conhecida pelos nomes de árvore-da-chuva, braúna-preta, canela, canela-amarela, coração-de-negro, maria-preta, maria-preta-da-mata, maria-preta-do-campo, muiraúna, paravaúna, parovaúna, perovaúna e rabo-de-macaco.
Braúna.
Formosura de nome, sô!
"... Eu sei, me sinto seguro
Em todo rio me lanço
De todo cais me afasto
Molho cidades e campos
Em busca de encontrar
Caminho de outro rio
Que me leve no rumo do mar
Mas falta amigo, amiga
Meu coração é deserto
Amigo, amiga me aponte
O rumo de encontrar
Amigo, amiga ou um rio
E quem sabe um braço de mar...
Milton Nascimento
Em todo rio me lanço
De todo cais me afasto
Molho cidades e campos
Em busca de encontrar
Caminho de outro rio
Que me leve no rumo do mar
Mas falta amigo, amiga
Meu coração é deserto
Amigo, amiga me aponte
O rumo de encontrar
Amigo, amiga ou um rio
E quem sabe um braço de mar...
Milton Nascimento
Cristina Núñez nasceu em Figueras, Espanha, 1962.
Fotógrafa.
Envolveu-se com drogas repetidas vezes, valendo-se de auto-retratos como terapia em momentos de crise.
Retratista talentosíssima, produziu, entre outros, o livro “Alguém para amar, O Retrato auto-experiência", pela The Private Space, Barcelona. Autobiografia em auto-retratos, fotos de família e textos. E um manual de auto-retrato, com exercícios, metodologia, teoria, detalhes de seus mais importantes workshops e belas imagens produzidas por alunos de suas oficinas de trabalho.
Se sobrar algum neste fim de ano, compre!
Fotógrafa.
Envolveu-se com drogas repetidas vezes, valendo-se de auto-retratos como terapia em momentos de crise.
Retratista talentosíssima, produziu, entre outros, o livro “Alguém para amar, O Retrato auto-experiência", pela The Private Space, Barcelona. Autobiografia em auto-retratos, fotos de família e textos. E um manual de auto-retrato, com exercícios, metodologia, teoria, detalhes de seus mais importantes workshops e belas imagens produzidas por alunos de suas oficinas de trabalho.
Se sobrar algum neste fim de ano, compre!
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
O rio é largo.
E as águas são rápidas, escuras.
Lá no fundo, depois das corredeiras, faz uma curva aberta para a esquerda.
A mata é densa.
E os penedos, imensos, se jogam contra o rio, afunilando-o.
Ele olhava para aqueles lados todos os dias, acocorado na beira do barranco.
Deixava o embornal aberto para que os tizius, ariscos, comessem os restos do pão levado para a escola – já o conheciam, desde muitíssimo.
Tentou subir os penhascos, vezes e vezes, sempre só.
A madrasta ralhava por causa dos arranhões provocados pelos arbustos de batatas-do-inferno, que ali têm morada.
O mundo estava lá, pensava, além daqueles paredões.
E as águas são rápidas, escuras.
Lá no fundo, depois das corredeiras, faz uma curva aberta para a esquerda.
A mata é densa.
E os penedos, imensos, se jogam contra o rio, afunilando-o.
Ele olhava para aqueles lados todos os dias, acocorado na beira do barranco.
Deixava o embornal aberto para que os tizius, ariscos, comessem os restos do pão levado para a escola – já o conheciam, desde muitíssimo.
Tentou subir os penhascos, vezes e vezes, sempre só.
A madrasta ralhava por causa dos arranhões provocados pelos arbustos de batatas-do-inferno, que ali têm morada.
O mundo estava lá, pensava, além daqueles paredões.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
O camarão à provençal é o carro-chefe deste francês discreto, La Paillote, instalado numa das principais artérias do bairro Ipiranga, em São Paulo, Avenida Nazaré, 1946.
Pertence à mesma família e ocupa o mesmo ponto há quase seis décadas. À frente do fogão está a jovem Aline Sophie Valluis. É ela quem repete a receita que tornou o restaurante famoso. Meia dúzia de crustáceos graúdos é mergulhada em uma mistura fumegante de manteiga, alho e salsinha até adquirir casquinha crocante e cor vermelho-dourada. Na gordura resultante da fritura, adiciona-se o arroz, para enriquecê-lo de sabor. De sobremesa, a eterna marjolaine (camadas de chantilly e cremes de amêndoa e chocolate).
Soube que, agora, o restaurante abriu uma nova casa, na Rua Melo Alvez, 769.
A conferir.
Pertence à mesma família e ocupa o mesmo ponto há quase seis décadas. À frente do fogão está a jovem Aline Sophie Valluis. É ela quem repete a receita que tornou o restaurante famoso. Meia dúzia de crustáceos graúdos é mergulhada em uma mistura fumegante de manteiga, alho e salsinha até adquirir casquinha crocante e cor vermelho-dourada. Na gordura resultante da fritura, adiciona-se o arroz, para enriquecê-lo de sabor. De sobremesa, a eterna marjolaine (camadas de chantilly e cremes de amêndoa e chocolate).
Soube que, agora, o restaurante abriu uma nova casa, na Rua Melo Alvez, 769.
A conferir.
"O médico se agacha, abre a valise e retira um estetoscópio. Mesmo acostumado a atender presos debilitados e feridos, ele se comove com a aparência deste homem, pálido, transpirando na testa e na palma das mãos, marcado de equimoses – no rosto, no peito, nos braços, na barriga, nas pernas. Carneiro coloca o estetoscópio em diferentes partes do peito dele, apalpa a pele, pegajosa, aperta levemente o abdômen com a ponta dos dedos (…). O homem abre lentamente os olhos e balbucia: "Rubens… Paiva". Carneiro (…) retira o estetoscópio dos seus ouvidos e fica de pé. "Coronel, o abdômen dele está rígido demais (…). Isso é sintoma de hemorragia interna (…). Precisa ser internado com urgência". "Ele falou alguma coisa pra você?" O médico dissimula. "Não, não, só gemeu".
Trecho do livro "Segredo de Estado", de Jason Tércio, publicado por Raquel Cozer.
Trecho do livro "Segredo de Estado", de Jason Tércio, publicado por Raquel Cozer.
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
terça-feira, 30 de novembro de 2010
O cineasta italiano Mario Monicelli, de 95 anos, suicidou-se ontem, atirando-se da janela do hospital San Giovanni de Roma onde estava internado.
Entre suas obras-primas, Monicelli deixa filmes como "L'Armata Brancaleone" "Quinteto irreverente" e "Meus caros amigos".
Cronista da vida privada, fez, como nenhum outro, em oposição ao neo-realismo (de maneira divertida, caricata, ferina e sutil), uma crítica social ao dia a dia da Itália do pós-guerra.
Entre suas obras-primas, Monicelli deixa filmes como "L'Armata Brancaleone" "Quinteto irreverente" e "Meus caros amigos".
Cronista da vida privada, fez, como nenhum outro, em oposição ao neo-realismo (de maneira divertida, caricata, ferina e sutil), uma crítica social ao dia a dia da Itália do pós-guerra.
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Quando era menino, lá trás, o sonho era ser polícia.
Brincávamos disso nas ruas de paralelepípedos do bairro do Carmo, em Belo Horizonte, quando o máximo que ocorria em termos de violência sabida eram roubos de galinha e de jabuticabas nas árvores das casas vizinhas.
Usávamos balas de mamona arremessadas por estilingues e bodoques feitos de ipê.
A ação deste fim de semana, com a participação conjunta das forças constituídas, deu-nos, por um momento, a sensação de que é possível combater, com eficiência, esse horror que se instalou nos morros e nas periferias das cidades brasileiras.
Apesar do parnasianismo e ufanismo predominante no discurso das autoridades entrevistadas pelos jornalistas de todas as mídias, houve, sim, efetividade na invasão do Complexo do Alemão.
Deixando a esperança, vaga – para a criançada de hoje -, que dá, ainda, para sonhar em ser polícia.
Brincávamos disso nas ruas de paralelepípedos do bairro do Carmo, em Belo Horizonte, quando o máximo que ocorria em termos de violência sabida eram roubos de galinha e de jabuticabas nas árvores das casas vizinhas.
Usávamos balas de mamona arremessadas por estilingues e bodoques feitos de ipê.
A ação deste fim de semana, com a participação conjunta das forças constituídas, deu-nos, por um momento, a sensação de que é possível combater, com eficiência, esse horror que se instalou nos morros e nas periferias das cidades brasileiras.
Apesar do parnasianismo e ufanismo predominante no discurso das autoridades entrevistadas pelos jornalistas de todas as mídias, houve, sim, efetividade na invasão do Complexo do Alemão.
Deixando a esperança, vaga – para a criançada de hoje -, que dá, ainda, para sonhar em ser polícia.
"Mantendo nosso espírito esportivo,
social e cultural.
Vamos cantando o hino do América
tão famoso e tradicional. (bis)
E cantamos nossa música querida
vibrando com amor no coração.
Enaltecemos assim a nossa equipe
o nosso América deca campeão.
As suas cores são alviverdes,
tua torcida feminina é demais.
A tua classe aristocrata
é quem fulmina os teus rivais.
América és o maior,
teu futebol é sensacional.
Cantamos para o mundo inteiro,
tu és a gloria do esporte nacional."
social e cultural.
Vamos cantando o hino do América
tão famoso e tradicional. (bis)
E cantamos nossa música querida
vibrando com amor no coração.
Enaltecemos assim a nossa equipe
o nosso América deca campeão.
As suas cores são alviverdes,
tua torcida feminina é demais.
A tua classe aristocrata
é quem fulmina os teus rivais.
América és o maior,
teu futebol é sensacional.
Cantamos para o mundo inteiro,
tu és a gloria do esporte nacional."
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
“... os materiais mais utilizados pelas crianças são, principalmente,
os provenientes da natureza e que podem ser
encontrados com facilidade nos terreiros de suas casas, nas
matas, no rio e nos igarapés. Folhas e flores, frutos verdes,
principalmente açaí, jambo e cacau, a vassoura e a barquinha
de açaí, terra e água são os mais usados pelas crianças.
Garrafas e gravetos encontrados nos rios e terreiros,
tábuas, bancos e mesas são, igualmente, incorporados às
brincadeiras.
Os instrumentos utilizados pelos pais no extrativismo
do açaí e na pesca também estão presentes nas brincadeiras
das crianças da Ilha do Combu. Dentre esses, a rasa
e o matapi são os mais freqüentes.
Das 13 crianças pesquisadas, apenas sete possuem brinquedos
industrializados. Destas, duas têm um número
significativo deles, mas são impedidas por seus pais de
brincar com eles, servindo apenas como objetos decorativos nas residências.”
Santos Teixeira, Sônia Regina dos Alves e José Moysés em “O Contexto das Brincadeiras das Crianças Ribeirinhas da Ilha do Combu”
os provenientes da natureza e que podem ser
encontrados com facilidade nos terreiros de suas casas, nas
matas, no rio e nos igarapés. Folhas e flores, frutos verdes,
principalmente açaí, jambo e cacau, a vassoura e a barquinha
de açaí, terra e água são os mais usados pelas crianças.
Garrafas e gravetos encontrados nos rios e terreiros,
tábuas, bancos e mesas são, igualmente, incorporados às
brincadeiras.
Os instrumentos utilizados pelos pais no extrativismo
do açaí e na pesca também estão presentes nas brincadeiras
das crianças da Ilha do Combu. Dentre esses, a rasa
e o matapi são os mais freqüentes.
Das 13 crianças pesquisadas, apenas sete possuem brinquedos
industrializados. Destas, duas têm um número
significativo deles, mas são impedidas por seus pais de
brincar com eles, servindo apenas como objetos decorativos nas residências.”
Santos Teixeira, Sônia Regina dos Alves e José Moysés em “O Contexto das Brincadeiras das Crianças Ribeirinhas da Ilha do Combu”
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
terça-feira, 23 de novembro de 2010
"O preconceito começou com a guerrilheira, não deu certo; passou, então, para a administradora sem experiência política, não deu certo; passou para a afilhada de Lula, não deu certo; desembestou na fúria anti-aborto, e não deu certo. E não deu certo porque a população dispõe dos fatos concretos resultantes das políticas do governo Lula."
Marilena Chauí
Marilena Chauí
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Plante arruda (Ruta graveolens), comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia sp.) trevo-de-quatro-folhas (Oxalis deppei), pimenta (Capsicum annuum), espadas-de-são-jorge (Sansevieria trifasciata), manjericão (Oncimum basilicum), alecrim (Rosmarinus officinalis) e guiné (Petiveria alliacea).
Se não der certo, corra!
Se não der certo, corra!
Jean-Michel Basquiat completaria 50 anos este mês.
Sem dominar as técnicas do desenho e da pintura, neutralizou suas deficiências com um vigor plástico extraordinário.
Em Paris, estão expostas mais de 100 obras do artista no Museu de Arte Moderna, complementada por uma exposição especial na Galerie Pascal Lansberg. E em Nova York, uma exposição de Basquiat foi inaugurada na Robert Miller Gallery.
Na LeadApron, em Los Angeles, uma galeria em Melrose Place, foi inaugurada mostra com dezenas de peças pertencentes à Basquiat, incluindo auto-retratos.
O trabalho de Basquiat, chamado de "primitivismo intelectualizado", caracteriza-se por pinceladas nervosas, rabiscos, escritas indecifráveis, tons fortes.
Em 1982, com a mostra “Anatomy”, foi o mais jovem artista da Dokumenta, de Kessel. E, em 1983, o mais jovem artista da Bienal do Whitney Museum, de Nova York.
O período mais criativo da carreira meteórica de Basquiat situa-se entre 1982-1985, e coincide com a amizade com Andy Warhol, quando produz colagens e telas que lembram o graffiti do início de sua carreira.
Overdose de heroína matou-o em 1988.
Sem dominar as técnicas do desenho e da pintura, neutralizou suas deficiências com um vigor plástico extraordinário.
Em Paris, estão expostas mais de 100 obras do artista no Museu de Arte Moderna, complementada por uma exposição especial na Galerie Pascal Lansberg. E em Nova York, uma exposição de Basquiat foi inaugurada na Robert Miller Gallery.
Na LeadApron, em Los Angeles, uma galeria em Melrose Place, foi inaugurada mostra com dezenas de peças pertencentes à Basquiat, incluindo auto-retratos.
O trabalho de Basquiat, chamado de "primitivismo intelectualizado", caracteriza-se por pinceladas nervosas, rabiscos, escritas indecifráveis, tons fortes.
Em 1982, com a mostra “Anatomy”, foi o mais jovem artista da Dokumenta, de Kessel. E, em 1983, o mais jovem artista da Bienal do Whitney Museum, de Nova York.
O período mais criativo da carreira meteórica de Basquiat situa-se entre 1982-1985, e coincide com a amizade com Andy Warhol, quando produz colagens e telas que lembram o graffiti do início de sua carreira.
Overdose de heroína matou-o em 1988.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Hoje, são mais de 5.000 marcas de cachaça legalizadas no país, desde produtos artesanais que levam anos para ficarem prontos – podendo custar até R$ 500,00 a garrafa – até pingas industriais comercializadas a R$ 2,00.
Para julgá-las, reuniram-se 13 experts no assunto: Marcelo Câmara, João Bosco Faria, Erwin Weimann, Maria José Miranda, Paulo Magoulas, Cláudia Fernandes, Maurício Maia, Ronaldo Ribeiro, Celso Nogueira, Marco Antonio Mariano, Sérgio Arno, Moacyr Luz e Marion Brasil.
O resultado:
1ª “Vale Verde”, Betim, MG
2ª “Anísio Santiago”, Salinas, MG
3ª “Canarinha”, Salinas, MG
4ª “Germana”, Nova União, MG
5ª “Claudionor”, Januária, MG
6ª “Boazinha”, Salinas, MG
7ª “Casa Bucco”, Passo Velho, RS
8ª “Armazém Vieira”, Florianópolis, SC
9ª “Magnífica”, Miguel Pereira, RJ
10ª “Piragibana”, Salinas, MG
Para julgá-las, reuniram-se 13 experts no assunto: Marcelo Câmara, João Bosco Faria, Erwin Weimann, Maria José Miranda, Paulo Magoulas, Cláudia Fernandes, Maurício Maia, Ronaldo Ribeiro, Celso Nogueira, Marco Antonio Mariano, Sérgio Arno, Moacyr Luz e Marion Brasil.
O resultado:
1ª “Vale Verde”, Betim, MG
2ª “Anísio Santiago”, Salinas, MG
3ª “Canarinha”, Salinas, MG
4ª “Germana”, Nova União, MG
5ª “Claudionor”, Januária, MG
6ª “Boazinha”, Salinas, MG
7ª “Casa Bucco”, Passo Velho, RS
8ª “Armazém Vieira”, Florianópolis, SC
9ª “Magnífica”, Miguel Pereira, RJ
10ª “Piragibana”, Salinas, MG
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
terça-feira, 16 de novembro de 2010
"Vamos fazer agora um juramento. Cada um para o seu Deus, cada um para o seu guia. Custe o que custar, mesmo tendo que matar milhares de pessoas e deixar em ruínas a nossa capital, Marcelino Rodrigues Menezes será o último marinheiro chicoteado em um navio brasileiro."
João Cândido, líder da Revolta da Chibata.
João Cândido, líder da Revolta da Chibata.
terça-feira, 9 de novembro de 2010
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
“Levei muita palmatória, me botaram no pau-de-arara, me deram choque, muito choque. Comecei a sangrar, mas aguentei. Não disse nem onde morava. Um dia, tive uma hemorragia muito grande, hemorragia mesmo, como menstruação. Tiveram que me levar para o Hospital Central do Exército. Lá encontrei uma menina da ALN (Ação Libertadora Nacional): ‘Pula um pouco no quarto para a hemorragia não parar e você não ter que voltar pra Oban’, me aconselhou ela”.
Dilma Rousseff em depoimento dado ao jornalista Luiz Macklouf Carvalho.
Dilma Rousseff em depoimento dado ao jornalista Luiz Macklouf Carvalho.
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Depois da Academia Brasileira de Letras, agora é a vez de alguns escritores assumirem posição contrária ao pedido de retirada de circulação do livro "As Caçadas de Pedrinho" por suposto conteúdo racista. Os escritores Ana Maria Machado, Bartolomeu Campos de Queirós, Lygia Bojunga, Pedro Bandeira, Ruth Rocha e Ziraldo apresentam sua opinião sobre o veto do Conselho Nacional de Educação ao livro de Monteiro Lobato.
Ainda bem...
Ainda bem...
“A gente desse rio, tão vasto de extensão como o coração de quem o habita, tem uma vontade grande de partilha do saber de que ela só gesta a abundância; e só navega em suas verdadeiras águas quem tiver no sonho um barco de plenitudes e, na proa, o céu do imaginário. “
Bené Fonteles, no catálogo da exposição “Rio São Francisco, navegado por Ronaldo Fraga”, Palácio das Artes, Belo Horizonte.
Bené Fonteles, no catálogo da exposição “Rio São Francisco, navegado por Ronaldo Fraga”, Palácio das Artes, Belo Horizonte.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Com 189,2 centímetros, Nu de Dos, 4eme etat foi a estrela do leilão da Christie's realizado ontem em Nova York, sendo arrematada por R$ 82 milhões. A obra é a última de uma série de quatro esculturas consideradas o projeto mais ambicioso de Matisse, no qual ele trabalhou por mais de 20 anos.
Trop d'argent!
Trop d'argent!
"... Vê-se em Lima Barreto a valorização do discurso da loucura como um segredo, uma verdade. Nesse sentido, a maneira como "mantinham-se calados, num mutismo feroz e inexplicável" (Barreto, 1995, p. 64), denota uma estratégia de contenção do discurso em que a loucura é colocada como objeto da verdade; ou seja, o escritor, ao associar verdade e loucura, dá a entender que na linguagem delirante dos loucos se manifesta parte da verdade escondida de cada indivíduo. Quanto ao "angustioso mistério que ela encerra", o romancista parece compreender que a loucura é um dos acessos à verdade do indivíduo: a loucura é ao mesmo tempo um saber inacessível e um fenômeno que aloja em seu núcleo a verdade do sujeito humano; uma verdade enredada numa rede de poderes capazes de produzir múltiplos discursos "verdadeiros" sobre a loucura."
Marco Antonio Arantes
Marco Antonio Arantes
Divulgada ontem, pela Forbes Magazine, a lista das 100 personalidades mais importantes do mundo, a saber:
1º Hu Jintao
2º Barack Obama
4º Vladimir Putin
5º Papa Bento 16
6º Angela Merkel
9º Sonia Gandhi
10º Bill Gates
12º Dmitry Medvedev
13º Rupert Murdoch
14º Silvio Berlusconi
16º Dilma Rousseff
17º Steve Jobs
19º Nicolas Sarkozy
20º Hillary Clinton
Dá-lhe, Dilma!
1º Hu Jintao
2º Barack Obama
4º Vladimir Putin
5º Papa Bento 16
6º Angela Merkel
9º Sonia Gandhi
10º Bill Gates
12º Dmitry Medvedev
13º Rupert Murdoch
14º Silvio Berlusconi
16º Dilma Rousseff
17º Steve Jobs
19º Nicolas Sarkozy
20º Hillary Clinton
Dá-lhe, Dilma!
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
"O homem estava sentado numa mesa próxima, o restaurante estava cheio e ele estava só. Olhava para a frente sem mirar ninguém, o olhar era parado, o pensamento absorto, longe do burburinho. Em seu prato havia uma salada de folhas verdes. Uma taça de vinho branco, ao lado, permanecia intocada. Ele remexia as folhas com o garfo e não comia.
Era um tipo moreno de cabelos pretos e pele bem cuidada que revelava cuidadosa exposição ao sol. Os dedos que pegavam o garfo eram de unhas bem tratadas por manicure e sua roupa cinza com paletó e uma gravata discreta traduziam equilibrio e bom gosto.
Mas ele estava só, talvez como nunca estivera. Digo isto porque seu pensamento distante franzia sua testa em um vinco que parecia uma cicatriz de angústia. Ele permaneceu assim durante todo o tempo em que fiquei por ali e depois pedí a conta e saí para a rua movimentada."
Celso Japiassu
Era um tipo moreno de cabelos pretos e pele bem cuidada que revelava cuidadosa exposição ao sol. Os dedos que pegavam o garfo eram de unhas bem tratadas por manicure e sua roupa cinza com paletó e uma gravata discreta traduziam equilibrio e bom gosto.
Mas ele estava só, talvez como nunca estivera. Digo isto porque seu pensamento distante franzia sua testa em um vinco que parecia uma cicatriz de angústia. Ele permaneceu assim durante todo o tempo em que fiquei por ali e depois pedí a conta e saí para a rua movimentada."
Celso Japiassu
"... para que José Serra volte a candidatar-se, é preciso que se dedique a conhecer realmente o Brasil. Conhecer não é visitar uma cidade ou outra, por algumas horas. É aceitar sua humanidade, ler os seus escritores, assimilar a fantástica sabedoria do povo, enfim, participar de seus sonhos, solidarizar-se e comover-se com seus sofrimentos – enfim, integrar-se em sua realidade.
Terminada a campanha, à vencedora cabe tomar a iniciativa de cicatrizar divergências sem a necessidade de compor interesses rasteiros por baixo de uma retórica elevada. Se São Paulo se orgulha em destacar-se do Brasil pela sua pujança econômica, Minas integra o todo brasileiro com alegria e sem qualquer constrangimento. Minas é o centro-oeste na margem esquerda do São Francisco; é o Nordeste nas duas margens do Jequitinhonha e na fronteira setentrional com a Bahia; é quase atlântica na Zona da Mata e no baixo Rio Doce..."
Mauro Santayana, Jornal do Brasil
Terminada a campanha, à vencedora cabe tomar a iniciativa de cicatrizar divergências sem a necessidade de compor interesses rasteiros por baixo de uma retórica elevada. Se São Paulo se orgulha em destacar-se do Brasil pela sua pujança econômica, Minas integra o todo brasileiro com alegria e sem qualquer constrangimento. Minas é o centro-oeste na margem esquerda do São Francisco; é o Nordeste nas duas margens do Jequitinhonha e na fronteira setentrional com a Bahia; é quase atlântica na Zona da Mata e no baixo Rio Doce..."
Mauro Santayana, Jornal do Brasil
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
A Justiça Eleitoral de São Paulo informou, hoje, que deverá marcar uma audiência para que o humorista e deputado federal Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, redija um ditado. A audiência para colher material gráfico é parte da ação penal que apura se ele é alfabetizado, conforme declarou para concorrer ao cargo.
Para que?
Provar o sabido?
Titirica é parte do retrato 3 X 4 da sociedade brasileira.
Ganhou, tem que levar!
Para que?
Provar o sabido?
Titirica é parte do retrato 3 X 4 da sociedade brasileira.
Ganhou, tem que levar!
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Para o Oscar de 2011, a Albânia concorre à indicação de Melhor Filme Estrangeiro, entre 64 outros, com "Lindje Perëndim Lindje", ou "East West East" como está sendo chamado por aí.
Dirigido por Gjergj Xhuvani, o filme conta a história de um grupo de ciclistas albaneses que, durante uma competição esportiva na França, descobre que houve uma revolução no seu país.
Como voltar para casa?
Dirigido por Gjergj Xhuvani, o filme conta a história de um grupo de ciclistas albaneses que, durante uma competição esportiva na França, descobre que houve uma revolução no seu país.
Como voltar para casa?
Deseducado, é verdade.
Grosseiro.
Primitivo.
Mas, daí, a mídia brasileira dedicar páginas e páginas para analisar a trajetória da bolinha de papel ou bobina adesiva jogada no candidato José Serra, é simplesmente deplorável!
Análises elaboradíssimas a respeito da possível trajetória do objeto foram discutidas exaustivamente por técnicos em balística, engenheiros e detentores de outras expertises na tentativa, frouxa, de explicar uma bobagem.
Afinal, dói, um tapinha não dói, um tapinha não dói, só um tapinha...
Grosseiro.
Primitivo.
Mas, daí, a mídia brasileira dedicar páginas e páginas para analisar a trajetória da bolinha de papel ou bobina adesiva jogada no candidato José Serra, é simplesmente deplorável!
Análises elaboradíssimas a respeito da possível trajetória do objeto foram discutidas exaustivamente por técnicos em balística, engenheiros e detentores de outras expertises na tentativa, frouxa, de explicar uma bobagem.
Afinal, dói, um tapinha não dói, um tapinha não dói, só um tapinha...
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Ligou-me.
Estava internada há uns 15 dias.
Será que eu poderia dar um pulo lá?
Pálida, dirigiu-se à recepção, vindo de um corredor fundo e excessivamente branco.
Calçava chinelos.
Já não se insinuava. Fazê-lo, para que?
Sentamos.
Não sabia o que dizer.
Repousou as mãos frias sobre as minhas.
Ficamos ali.
Abraçou-me.
Senti-a naquele momento como nunca antes.
Quando voltou para o quarto não me olhou mais.
Estava internada há uns 15 dias.
Será que eu poderia dar um pulo lá?
Pálida, dirigiu-se à recepção, vindo de um corredor fundo e excessivamente branco.
Calçava chinelos.
Já não se insinuava. Fazê-lo, para que?
Sentamos.
Não sabia o que dizer.
Repousou as mãos frias sobre as minhas.
Ficamos ali.
Abraçou-me.
Senti-a naquele momento como nunca antes.
Quando voltou para o quarto não me olhou mais.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Ele chegou de Belo Horizonte lá pelos anos 1970.
Eduardo e eu havíamos sido rivais de turmas de rua no bairro do Carmo, próximo à antiga BR-3.
Quieto, enfurnou-se, nos primeiros meses, num dos cantos da Criação, escondendo-se o mais que podia.
Revelava refinamento mesmo em simples peças de ponto de venda desenvolvidas para uma cervejaria cliente da agência.
Minimalista, recortava, ele mesmo, sem o auxílio de assistentes, papéis e o que mais fosse necessário para detalhar seus layouts sempre limpíssimos e esmerados.
Chamei-o um dia para se juntar ao nosso grupo que saia, como de hábito, para um almoço nas imediações.
Aquiesceu.
Sem ânimo, admito.
Ao chegar, percebendo sua hesitação diante do modelo self service recém-instalado nos restaurantes do centro do Rio, para desespero nosso e dos gourmands mais exigentes, perguntei-lhe se estava familiarizado com aquilo. Meio sem jeito, respondeu: -“lógico, é tipo fuck yourself, né?”.
Eduardo e eu havíamos sido rivais de turmas de rua no bairro do Carmo, próximo à antiga BR-3.
Quieto, enfurnou-se, nos primeiros meses, num dos cantos da Criação, escondendo-se o mais que podia.
Revelava refinamento mesmo em simples peças de ponto de venda desenvolvidas para uma cervejaria cliente da agência.
Minimalista, recortava, ele mesmo, sem o auxílio de assistentes, papéis e o que mais fosse necessário para detalhar seus layouts sempre limpíssimos e esmerados.
Chamei-o um dia para se juntar ao nosso grupo que saia, como de hábito, para um almoço nas imediações.
Aquiesceu.
Sem ânimo, admito.
Ao chegar, percebendo sua hesitação diante do modelo self service recém-instalado nos restaurantes do centro do Rio, para desespero nosso e dos gourmands mais exigentes, perguntei-lhe se estava familiarizado com aquilo. Meio sem jeito, respondeu: -“lógico, é tipo fuck yourself, né?”.
"Acaba de chegar o momento do confronto direto, dos debates olhos nos olhos. Ao reiterar nosso apoio à candidatura de Dilma Rousseff, acreditamos, isto sim, que ela deva partir firmemente para a briga, o que, aliás, não discreparia do temperamento que lhe atribuem. Não para aderir ao tom leviano e brutalmente difamatório dos adversários, mas para desnudar, sem meias palavras, as diferenças entre o governo Lula e o de FHC. Profundas e concretas, dizem respeito a visões de vida e de mundo, e aos genuínos interesses do País, e a eles somente. Em busca da distribuição da riqueza e da inclusão de porções cada vez maiores da nação, para aproveitar eficazmente o nosso crescimento de emergente vitorioso".
Mino Carta
Mino Carta
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
"Por outro lado, a imprensa que tem seus interesses econômicos, partidários, demite alguém, demite a mim, pelo que considera um “delito” de opinião. Acho absurdo, não concordo, que o dono do Maranhão (Senador José Sarney) consiga impor a medida que impôs ao jornal Estado de S.Paulo, mas como pode esse mesmo jornal demitir alguém apenas porque expôs uma opinião? Como é que um jornal que está, que anuncia estar sob censura, pode demitir alguém só porque a opinião da pessoa é diferente da sua?"
Maria Rita Kehl em entrevista, hoje, ao Terra Magazine.
Maria Rita Kehl em entrevista, hoje, ao Terra Magazine.
Feita de taboca, usa como munição longos e resistentes espinhos do caule do tucumanzeiro.
O silêncio e a persistência são imprescindíveis no momento das caçadas dos grilos e mutucas. Depois de capturados, os insetos, ainda vivos, são presos em um fio de cabelo emprestado de alguém da turma e atados à uma mensagem que pode ou não ser secreta.
Projeto Bira - Brincadeiras Infantis da Região Amazônica
O silêncio e a persistência são imprescindíveis no momento das caçadas dos grilos e mutucas. Depois de capturados, os insetos, ainda vivos, são presos em um fio de cabelo emprestado de alguém da turma e atados à uma mensagem que pode ou não ser secreta.
Projeto Bira - Brincadeiras Infantis da Região Amazônica
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Respeitado como o mais apurado historiador da fotografia no Brasil, Boris Kossoy apresenta-se como fotógrafo-autor. "Boris Kossoy: fotógrafo" reúne a sua produção fotográfica entre 1955 e 2008, com apresentação de Jorge Coli.
"Sem título", da série Cartões Antipostais, Salvador, 1972 e "Sem título", Florianópolis, 1972, entre muitas outras, destacam-se pela espontaneidade e vigor.
O conjunto é competente, excetuando-se os registros cenográficos e teatralizados - fáceis e previsíveis.
"Sem título", da série Cartões Antipostais, Salvador, 1972 e "Sem título", Florianópolis, 1972, entre muitas outras, destacam-se pela espontaneidade e vigor.
O conjunto é competente, excetuando-se os registros cenográficos e teatralizados - fáceis e previsíveis.
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Escorra o charque e corte em pedaços pequenos.
Em uma frigideira, coloque manteiga, aqueça em fogo médio, junte os pedaços de charque, frite, mexendo até ficarem dourados, adicione cebola, alho, pimenta, refogue até a cebola começar a dourar, tire do fogo, junte farinha de mandioca e misture bem.
No processador de alimentos, coloque 1/4 da mistura, bata até obter uma farofa de textura fina, com o charque bem triturado e incorporado à farinha.
Tire do processador, coloque em uma tigela e faça o mesmo com o restante da mistura até preparar toda a paçoca.
Leve à mesa.
Em uma frigideira, coloque manteiga, aqueça em fogo médio, junte os pedaços de charque, frite, mexendo até ficarem dourados, adicione cebola, alho, pimenta, refogue até a cebola começar a dourar, tire do fogo, junte farinha de mandioca e misture bem.
No processador de alimentos, coloque 1/4 da mistura, bata até obter uma farofa de textura fina, com o charque bem triturado e incorporado à farinha.
Tire do processador, coloque em uma tigela e faça o mesmo com o restante da mistura até preparar toda a paçoca.
Leve à mesa.
"...com C canto cangaceiro
corisco, cobra criada
coito, coiteiro cansaço
caatinga, carabina
cai cabeça com cangaço
com C cheiro a Carolina
chocalho, curral, capim
casco, carroça, carroceiro
casa caiada, cupim
caveira, cova, coveiro
canta cego cantador
canta coco, coco com C
chão, calor chamando chuva
crença, choro, carpideira
cigarro, corda, cacimba
coco, cocada, coqueiro
capela, cruzeiro, cruz
cabide, casaco, carretel
candeeiro, café, cuscuz
cascavel, cobra, coral
cachaça, cajú, cajá
cana caiana, canavial..."
Carlos Moura
corisco, cobra criada
coito, coiteiro cansaço
caatinga, carabina
cai cabeça com cangaço
com C cheiro a Carolina
chocalho, curral, capim
casco, carroça, carroceiro
casa caiada, cupim
caveira, cova, coveiro
canta cego cantador
canta coco, coco com C
chão, calor chamando chuva
crença, choro, carpideira
cigarro, corda, cacimba
coco, cocada, coqueiro
capela, cruzeiro, cruz
cabide, casaco, carretel
candeeiro, café, cuscuz
cascavel, cobra, coral
cachaça, cajú, cajá
cana caiana, canavial..."
Carlos Moura
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Ana Lúcia Arraes de Alencar é filha do ex-governador Miguel Arraes e de Célia de Souza Leão Arraes de Alencar. Advogada, ela é mãe do economista e governador reeleito do Estado, Eduardo Campos.
Ao lado do pai, participou de diversas lutas políticas, tendo sido eleita, em 2006, deputada federal pelo PSB.
Reeleita ontem, foi a deputada federal mais votada de Pernambuco, com 387 mil votos.
Há 30 anos, no Palácio Campo das Princesas, cercado por tropas fortemente armadas da ditadura, o pai se negou a renunciar. "Prefiro ir para a cadeia a trair o povo", disse. Resistiu e foi preso.
Quando voltou do exílio, meses depois, encontrei-o no Galeão.
Cumprimentei-o.
E pedi-lhe um autógrafo.
Constrangido, assinou o bilhete aéreo de uma parenta minha que embarcaria em seguida para a Inglaterra – era o único papel que tinha comigo, já que, por gentileza, o check-in dela seria feito por mim.
Minutos depois, desapareceu, rapidamente, o único autógrafo que pedi até hoje, levado para Londres nas asas de um avião da British Airways.
Ao lado do pai, participou de diversas lutas políticas, tendo sido eleita, em 2006, deputada federal pelo PSB.
Reeleita ontem, foi a deputada federal mais votada de Pernambuco, com 387 mil votos.
Há 30 anos, no Palácio Campo das Princesas, cercado por tropas fortemente armadas da ditadura, o pai se negou a renunciar. "Prefiro ir para a cadeia a trair o povo", disse. Resistiu e foi preso.
Quando voltou do exílio, meses depois, encontrei-o no Galeão.
Cumprimentei-o.
E pedi-lhe um autógrafo.
Constrangido, assinou o bilhete aéreo de uma parenta minha que embarcaria em seguida para a Inglaterra – era o único papel que tinha comigo, já que, por gentileza, o check-in dela seria feito por mim.
Minutos depois, desapareceu, rapidamente, o único autógrafo que pedi até hoje, levado para Londres nas asas de um avião da British Airways.
A mídia virá com todos os seus recalques para o 2ºturno da eleição presidencial, convicta de que a questão envolve, agora, um acerto de contas.
Emburrada, eclipsará resultados quaisquer que não sejam do seu interesse imediato.
Mais, muito mais do que o poder, colocará, como questão de honra, o fato de ter se sentida afrontada.
Os representantes da velha mídia, rotos, consideram-se, mais uma vez, fiéis da balança e próceres dos destinos da nação.
Saldo de merda!
Emburrada, eclipsará resultados quaisquer que não sejam do seu interesse imediato.
Mais, muito mais do que o poder, colocará, como questão de honra, o fato de ter se sentida afrontada.
Os representantes da velha mídia, rotos, consideram-se, mais uma vez, fiéis da balança e próceres dos destinos da nação.
Saldo de merda!
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Os tapumes e as peças tridimensionais de Henrique Oliveira são extraordinários!
Os trabalhos dele são, sem sombra de dúvida, o que há, hoje, de mais representativo, vigoroso e inovador no panorama das artes plásticas brasileiras.
Do refugo, do que sobra, do que é imprestável Henrique cria um universo novo, flácido, excessivo e absolutamente imprevisível.
E belíssimo!
Os trabalhos dele são, sem sombra de dúvida, o que há, hoje, de mais representativo, vigoroso e inovador no panorama das artes plásticas brasileiras.
Do refugo, do que sobra, do que é imprestável Henrique cria um universo novo, flácido, excessivo e absolutamente imprevisível.
E belíssimo!
Se as apostas das casas britânicas, como a Ladbrokes, estiverem certas, o Nobel da Literatura premiará este ano a poesia. Entre os quatro favoritos, na lista de apostas, todos são poetas: o sueco Tomas Tranströmer, o polaco Adami Zagajewski, o sul-coreano Ko Un e o sírio Adónis (pseudónimo de Ali Ahmad Said Esber).
Ainda no páreo, o dramaturgo paraguaio Nestor Amarilla.
Além dos cinco favoritos, a Ladbrokes registra outros escritores: Thomas Pynchon e Philip Roth, ambos citados há bastante tempo na corrida ao Nobel, mas com remotas chances de vencerem o prêmio.
A conferir.
Ainda no páreo, o dramaturgo paraguaio Nestor Amarilla.
Além dos cinco favoritos, a Ladbrokes registra outros escritores: Thomas Pynchon e Philip Roth, ambos citados há bastante tempo na corrida ao Nobel, mas com remotas chances de vencerem o prêmio.
A conferir.
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Em 2002, o fotógrafo alemão Holger Keifel iniciou seu projeto mais ambicioso, "The Face of Boxing," uma série de mais de 350 retratos de treinadores, dirigentes, cutmens e superstars como Evander Holyfield, Bernard Hopkins, Oscar De La Hoya, Floyd Mayweather Jr, Joe Frazier, Jake LaMotta, Lennox Lewis, Don Kinge e Manny Pacquiao, entre outros.
Transformado em livro - “Box” -, o ensaio é memorável e desvenda, despudorada e contundentemente, o universo das lutas e seus bastidores!
Transformado em livro - “Box” -, o ensaio é memorável e desvenda, despudorada e contundentemente, o universo das lutas e seus bastidores!
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Única na América Latina especializada na fabricação de pios de aves, a Fábrica de Pios foi fundada em 1903 por Maurílio Coelho, na cidade de Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo.
Filho de lavradores, nascido em Muqui, Maurílio montou, moço ainda, um pequeno torno para iniciar seus experimentos . Seu objetivo era o de substituir os pios já existentes de bambu e taquara, cujo som era pouco eficaz para atrair os pássaros. Realizou exaustivos testes e pesquisas, visitando as matas de diversas regiões do Brasil, para alcançar a fidelidade de som ideal para cada pio.
Jacutinga, Juriti, Capueira, Macuco, Inhambu, Jaó, Tururim, Pássaro Preto, Marreca-irerê, Perdiz têm seus cantos reproduzidos em peças excepcionalmente bem-feitas mediante processo artesanal, que envolve etapas distintas e demoradas.
A madeira bruta é serrada e, em seguida, são feitos os cortes e furos de acordo com os diâmetros externos e internos de cada pio. A precisão das partes internas é para atingir o som ideal.
As partes dos pios são adaptadas em tornos e, através de ferramentas rústicas confeccionadas na própria fábrica, inicia-se o desbaste e as medições da madeira, dando o design externo ao pio.
Alguns pios possuem trinadores, que quebram o som em forma de trinados e originam-se da polpa de galhos de alguns vegetais, pois esse material é constituído de fibras ultraleves e porosas, representando grande importância na suavidade do sopro
Todos os pios possuem no mínimo duas partes: boquilha e corpo, e outros possuem até sete partes: boquilha, eixos, polias, correias, palhetas, buchas, trinadores. Essas partes depois de serem devidamente lixadas e lustradas com o próprio serralho resultante do desbaste, são encaixadas , coladas, e posteriormente recebem camadas de selador nas emendas das partes que compõem o pio.
Lindíssimos!
Filho de lavradores, nascido em Muqui, Maurílio montou, moço ainda, um pequeno torno para iniciar seus experimentos . Seu objetivo era o de substituir os pios já existentes de bambu e taquara, cujo som era pouco eficaz para atrair os pássaros. Realizou exaustivos testes e pesquisas, visitando as matas de diversas regiões do Brasil, para alcançar a fidelidade de som ideal para cada pio.
Jacutinga, Juriti, Capueira, Macuco, Inhambu, Jaó, Tururim, Pássaro Preto, Marreca-irerê, Perdiz têm seus cantos reproduzidos em peças excepcionalmente bem-feitas mediante processo artesanal, que envolve etapas distintas e demoradas.
A madeira bruta é serrada e, em seguida, são feitos os cortes e furos de acordo com os diâmetros externos e internos de cada pio. A precisão das partes internas é para atingir o som ideal.
As partes dos pios são adaptadas em tornos e, através de ferramentas rústicas confeccionadas na própria fábrica, inicia-se o desbaste e as medições da madeira, dando o design externo ao pio.
Alguns pios possuem trinadores, que quebram o som em forma de trinados e originam-se da polpa de galhos de alguns vegetais, pois esse material é constituído de fibras ultraleves e porosas, representando grande importância na suavidade do sopro
Todos os pios possuem no mínimo duas partes: boquilha e corpo, e outros possuem até sete partes: boquilha, eixos, polias, correias, palhetas, buchas, trinadores. Essas partes depois de serem devidamente lixadas e lustradas com o próprio serralho resultante do desbaste, são encaixadas , coladas, e posteriormente recebem camadas de selador nas emendas das partes que compõem o pio.
Lindíssimos!
"Um de Nós Morrerá", "O Milagre de Anne Sullivan", "Mickey One", "Caçada Humana", "Uma Rajada de Balas", "Deixe-nos Viver", "Pequeno Grande Homem", "Um Lance no Escuro", "Duelo de Gigantes", "Amigos Para Sempre", "O Alvo da Morte", "Morte no Inverno" e "Perseguidos por Acaso".
O último filme de Arthur Penn, "Inside", foi feito para a televisão em 1996.
Trabalhava, nos últimos tempos, como produtor executivo da série "Law & Order".
Alguns clássicos do cinema americano da década de 1970, como "Taxi driver", de Martin Scorsese, e "O poderoso chefão", de Francis Ford Coppola, seriam impensáveis sem "Bonnie e Clyde", dirigido por ele.
Seu irmão, o fotógrafo Irving Penn, talentosíssimo, faleceu há um ano.
Foram-se.
O último filme de Arthur Penn, "Inside", foi feito para a televisão em 1996.
Trabalhava, nos últimos tempos, como produtor executivo da série "Law & Order".
Alguns clássicos do cinema americano da década de 1970, como "Taxi driver", de Martin Scorsese, e "O poderoso chefão", de Francis Ford Coppola, seriam impensáveis sem "Bonnie e Clyde", dirigido por ele.
Seu irmão, o fotógrafo Irving Penn, talentosíssimo, faleceu há um ano.
Foram-se.
As espadas, buscapés e limalhas ainda são vistas nas festas juninas, apesar dos sinais de fadiga e declínio.
Ainda assim, os mestres fogueteiros continuam produzindo.
E vendendo.
São João sem faíscas, fumaça e estouros não tem graça - as guerras de buscapés faziam parte da tradição das ruas e bairros das cidades brasileiras
Ao som do forró, os mestres fogueteiros e seus assistentes rodeiam e batem a pólvora, no pilão. A zabumba dá o ritmo e organiza a atividade, para que todos soquem ao mesmo tempo.
Dali, o pó vai para as tabocas, onde é socado com fortes golpes de uma marreta. Retiradas dos bambuzais com alguns meses de antecedência elas são acumuladas e tratadas para ficarem com a cor branca. Depois são rodeadas por uma espécie de barbante, que lhes garante maior resistência. Muitas vezes esse serviço é feito pelas crianças ou mulheres, na porta das suas casas.
Daí, são preenchidas com barro, que também é socado com a mesma pequena marreta. A cerâmica evita que a parte de baixo também seja queimada durante a combustão dos fogos. Só então a taboca está pronta para receber a pólvora. Depois, as mulheres cobrem o artefato com papéis e fazem pequenos adornos.
Vão, então, para o depósito, onde aguardam as datas festivas.
Max Augusto
Ainda assim, os mestres fogueteiros continuam produzindo.
E vendendo.
São João sem faíscas, fumaça e estouros não tem graça - as guerras de buscapés faziam parte da tradição das ruas e bairros das cidades brasileiras
Ao som do forró, os mestres fogueteiros e seus assistentes rodeiam e batem a pólvora, no pilão. A zabumba dá o ritmo e organiza a atividade, para que todos soquem ao mesmo tempo.
Dali, o pó vai para as tabocas, onde é socado com fortes golpes de uma marreta. Retiradas dos bambuzais com alguns meses de antecedência elas são acumuladas e tratadas para ficarem com a cor branca. Depois são rodeadas por uma espécie de barbante, que lhes garante maior resistência. Muitas vezes esse serviço é feito pelas crianças ou mulheres, na porta das suas casas.
Daí, são preenchidas com barro, que também é socado com a mesma pequena marreta. A cerâmica evita que a parte de baixo também seja queimada durante a combustão dos fogos. Só então a taboca está pronta para receber a pólvora. Depois, as mulheres cobrem o artefato com papéis e fazem pequenos adornos.
Vão, então, para o depósito, onde aguardam as datas festivas.
Max Augusto
terça-feira, 28 de setembro de 2010
"... O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.
O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte".
João Cabral de Melo Neto
O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte".
João Cabral de Melo Neto
Portugal foi o primeiro país não francófono a publicar as aventuras de Tintin, na revista Papagaio, em Abril de 1936, e também o primeiro país do mundo a fazê-lo a cores.
Mais de 70 anos depois, Portugal volta a inovar com Tintin, reeditando, os 24 álbuns das suas aventuras, num formato inédito, menor do que o tradicional da Casterman.
Além de traduções refeitas, o personagem volta a ter a grafia original - Tintin, em vez de Tintim.
Espera-se que a coleção completa seja lançada antes da estréia, em 2011, de “The Adventures of Tintin: The Secret of the Unicorn”, o primeiro dos três filmes adaptados das aventuras do herói de Hergé.
Tintim, Milu e o Capitão Haddock by Spielberg!
Mais de 70 anos depois, Portugal volta a inovar com Tintin, reeditando, os 24 álbuns das suas aventuras, num formato inédito, menor do que o tradicional da Casterman.
Além de traduções refeitas, o personagem volta a ter a grafia original - Tintin, em vez de Tintim.
Espera-se que a coleção completa seja lançada antes da estréia, em 2011, de “The Adventures of Tintin: The Secret of the Unicorn”, o primeiro dos três filmes adaptados das aventuras do herói de Hergé.
Tintim, Milu e o Capitão Haddock by Spielberg!
"O senso de responsabilidade dos jornalistas é continuamente solicitado pelos governantes, quando justificam suas exigências de silêncio, manipulação e censura apelando para o bem superior constituído pela segurança coletiva. (…) Seria lamentável que, de uma forma geral, os profissionais da informação dessem ouvidos a semelhantes pressões. A obrigação moral e profissional dos jornalistas é contar os fatos, não calá-los, e a única responsabilidade que se deve exigir deles é a que emana da exigência de veracidade (…) Isso não quer dizer que devam ser insensíveis ao bem geral e não devam avaliar os danos que podem se originar de suas publicações".
Juan Luis Cebrián
Juan Luis Cebrián
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Tudo aconteceu em Itabira, Minas Gerais, fim do século XIX e início do século XX.
Os habitantes da cidade passaram a conviver com os engenheiros e técnicos da Iron British Company, que explorava minério de ferro na região, logo se estabelecendo uma dificuldade de comunicação entre os ingleses e os itabiranos.
A diferença mais gritante foi sentida nas minas de exploração: os operários, com origem nas classes mais pobres da população, os chamados “peões”, sentiam essa incomunicabilidade no dia-a-dia. Como os operários não entendiam o inglês e nem se identificavam com outros itabiranos em cargos superiores, resolveram criar uma variação do português que tornaria impossível a compreensão dos seus chefes estrangeiros e dos seus compatriotas.
E criaram o Camaco.
A língua tinha uma função clara de marcar as diferenças e posições sociais e econômicas. Quem tinha a “malandragem” do Camaco conseguia se comunicar com seus pares sem que outros os entendessem. Os operários usavam o Camaco principalmente para falar mal ou para fazer um comentário malicioso sobre seus superiores.
Com o tempo, a língua deixou de pertencer a um grupo restrito e foi sendo apropriada por todos que se sentiam parte da “resistência” da cidade. Durante a década de 60 e 70, os boêmios e intelectuais de Itabira tinham como ponto de encontro o bar Cinédia. E era lá onde podiam manter longas conversas em Camaco e passá-lo adiante para as novas gerações. Nesse momento, a língua já tinha perdido a sua ligação restrita com os operários da empresa, passando a ser uma característica do povo itabirano em geral. O Camaco perdeu, aí, seu sentido estritamente "político".
“Çovê base lafar guilagem Camaco?” A conversa normalmente começa assim. O que se segue é um grande ponto de interrogação estampado na cara ou uma resposta rápida: “Mis, lafo medais”.
Não tem segredo. O truque é simples: troque a primeira letra da segunda sílaba com a da primeira. Assim, sílaba vira lísaba e palavra riva laprava. Gepou o cariocínio?
Sergio Rosa
Os habitantes da cidade passaram a conviver com os engenheiros e técnicos da Iron British Company, que explorava minério de ferro na região, logo se estabelecendo uma dificuldade de comunicação entre os ingleses e os itabiranos.
A diferença mais gritante foi sentida nas minas de exploração: os operários, com origem nas classes mais pobres da população, os chamados “peões”, sentiam essa incomunicabilidade no dia-a-dia. Como os operários não entendiam o inglês e nem se identificavam com outros itabiranos em cargos superiores, resolveram criar uma variação do português que tornaria impossível a compreensão dos seus chefes estrangeiros e dos seus compatriotas.
E criaram o Camaco.
A língua tinha uma função clara de marcar as diferenças e posições sociais e econômicas. Quem tinha a “malandragem” do Camaco conseguia se comunicar com seus pares sem que outros os entendessem. Os operários usavam o Camaco principalmente para falar mal ou para fazer um comentário malicioso sobre seus superiores.
Com o tempo, a língua deixou de pertencer a um grupo restrito e foi sendo apropriada por todos que se sentiam parte da “resistência” da cidade. Durante a década de 60 e 70, os boêmios e intelectuais de Itabira tinham como ponto de encontro o bar Cinédia. E era lá onde podiam manter longas conversas em Camaco e passá-lo adiante para as novas gerações. Nesse momento, a língua já tinha perdido a sua ligação restrita com os operários da empresa, passando a ser uma característica do povo itabirano em geral. O Camaco perdeu, aí, seu sentido estritamente "político".
“Çovê base lafar guilagem Camaco?” A conversa normalmente começa assim. O que se segue é um grande ponto de interrogação estampado na cara ou uma resposta rápida: “Mis, lafo medais”.
Não tem segredo. O truque é simples: troque a primeira letra da segunda sílaba com a da primeira. Assim, sílaba vira lísaba e palavra riva laprava. Gepou o cariocínio?
Sergio Rosa
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
O reverendo Sylvester Graham, 1794/1851, acreditava que a masturbação reduzia a esperança e conduzia à insanidade mental. Acreditava, igualmente, que os casais com excesso de atividade sexual seriam atacados de languidez, lassidão, distensão muscular, debilidade e obesidade; depressão de espíritos, perda de apetite, indigestão, desmaios e inanição, susceptibilidades acrescidas da pele e dos pulmões a todas as alterações atmosféricas, debilidade circulatória, calafrios, dores de cabeça, melancolia, hipocondria, histeria, debilidades de todos os sentidos, estrabismo, perda de visão, debilidade respiratória, tosse convulsa, redução pulmonar, perturbações hepáticas e renais, dificuldades urinárias, perturbações dos órgãos genitais, doenças da coluna, perda de memória, epilepsia, insanidade mental, apoplexia, abortos, partos prematuros, debilidade extrema, predisposições mórbidas e morte precoce dos filhos.
O que esse biruta fazia com a própria genitália?
O que esse biruta fazia com a própria genitália?
terça-feira, 21 de setembro de 2010
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Abreviação latina de ex-voto suscepto - o voto realizado -, o termo designa pinturas, esculturas e objetos diversos doados às divindades como forma de agradecimento por um pedido atendido.
Há dúvidas sobre sua origem, embora alguns historiadores localizem-na entre os fenícios.
O costume de oferecer "presentes votivos" se dissemina pelas Américas do Sul e Central, entre a colonização portuguesa e espanhola e as missões católicas romanas. No Brasil, trata-se de uma tradição que remonta ao século XVIII.
Ao se popularizar, o ex-voto diversifica a forma, ficando a cargo de artesãos e artífices, em geral anônimos, instalados perto dos santuários ou de lugares de peregrinação, a quem as peças são encomendadas.
As "casas de milagres" dos grandes centros de peregrinação, como o de Bom Jesus da Lapa, Bahia, o de Bom Jesus do Matosinhos, em Congonhas do Campo, Minas Gerais; Canindé, Ceará e Aparecida do Norte, São Paulo, recebem grande variedade de objetos trazidos pelos romeiros que vêm pagar promessas.
As romarias se constituem em momentos de extravasamento da fé, da devoção, da efervescência religiosa e ao mesmo tempo são locais de festa, diversões, feira, comércio e inclusive jogos e prostituição em que o sagrado e o profano estão muito próximos.
Estive em São Chico do Canindé para visitar a casa de milagres, deparando-me com o mais extraordinário acervo de ex-votos do país. Soube, ao chegar, através de um motorista de taxi aparentado do pároco da basílica, que dois dias depois haveria a queima de várias peças – o que ocorria de tempos em tempos -, pois o local designado para expô-las teria um limite físico impedindo que se avolumassem.
Por que não construir um galpão anexo, algo assim?
E os museus, os centros de cultura, as fundações?
Sai de lá com cerca de 150 cabeças de madeira escolhidas uma a uma, noite adentro, ensacadas em embalagens de juta adquiridas em um armazém próximo.
Há dúvidas sobre sua origem, embora alguns historiadores localizem-na entre os fenícios.
O costume de oferecer "presentes votivos" se dissemina pelas Américas do Sul e Central, entre a colonização portuguesa e espanhola e as missões católicas romanas. No Brasil, trata-se de uma tradição que remonta ao século XVIII.
Ao se popularizar, o ex-voto diversifica a forma, ficando a cargo de artesãos e artífices, em geral anônimos, instalados perto dos santuários ou de lugares de peregrinação, a quem as peças são encomendadas.
As "casas de milagres" dos grandes centros de peregrinação, como o de Bom Jesus da Lapa, Bahia, o de Bom Jesus do Matosinhos, em Congonhas do Campo, Minas Gerais; Canindé, Ceará e Aparecida do Norte, São Paulo, recebem grande variedade de objetos trazidos pelos romeiros que vêm pagar promessas.
As romarias se constituem em momentos de extravasamento da fé, da devoção, da efervescência religiosa e ao mesmo tempo são locais de festa, diversões, feira, comércio e inclusive jogos e prostituição em que o sagrado e o profano estão muito próximos.
Estive em São Chico do Canindé para visitar a casa de milagres, deparando-me com o mais extraordinário acervo de ex-votos do país. Soube, ao chegar, através de um motorista de taxi aparentado do pároco da basílica, que dois dias depois haveria a queima de várias peças – o que ocorria de tempos em tempos -, pois o local designado para expô-las teria um limite físico impedindo que se avolumassem.
Por que não construir um galpão anexo, algo assim?
E os museus, os centros de cultura, as fundações?
Sai de lá com cerca de 150 cabeças de madeira escolhidas uma a uma, noite adentro, ensacadas em embalagens de juta adquiridas em um armazém próximo.
Paris, pós-Primeira Guerra Mundial.
Fitzgerald, Hemingway, D. H. Lawrence, Joyce, Miller, Pound, Gertrude Stein e Edith Wharton, entre outros, escolheram viver na cidade em total independência e adotaram Montparnasse como refúgio boêmio, constituindo um grupo que marcou a história da literatura e que ainda suscita o interesse da crítica e do público.
Jean-Paul Caracalla recria essa época em "Os exilados de Montparnasse", revelando a cidade e os personagens mais interessantes que fizeram parte de sua história recente.
Fitzgerald, Hemingway, D. H. Lawrence, Joyce, Miller, Pound, Gertrude Stein e Edith Wharton, entre outros, escolheram viver na cidade em total independência e adotaram Montparnasse como refúgio boêmio, constituindo um grupo que marcou a história da literatura e que ainda suscita o interesse da crítica e do público.
Jean-Paul Caracalla recria essa época em "Os exilados de Montparnasse", revelando a cidade e os personagens mais interessantes que fizeram parte de sua história recente.
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
"Andei no meio desses loucos, fiz um manto dos retalhos que me deram, alguns livros debaixo do braço e se via alguém mais louco que os outros, mais aflito, abria um dos livros ao acaso, deixava o vento virar as folhas e aguardava. O vento parou: eis o recado para o outro: sê fiel a ti mesmo e um dia serás livre. Prendem-me. Uma série de perguntas: qual é o teu nome? Qadós. Qa o quê? Qadós de quê? Isso já é bem difícil. Digo: sempre fui só Qadós. Profissão: Não tenho não senhor. Só procuro e penso. Procura e pensa o quê? Procuro uma maneira sábia de me pensar. Fora com ele, é louco, não é da nossa alçada, que se afaste da cidade, que não importune os cidadãos".
Hilda Hilst
Hilda Hilst
Mark Twain foi escritor, romancista, ensaísta e mestre da sátira.
Em cartaz até dezembro, a mostra “Mark Twain: A Skeptic's Progress” está na The Morgan Library & MA, 225 Madison Avenue, New York.
A exposição coincide com o 175º aniversário de nascimento de Twain e exibirá mais de 120 manuscritos e livros raros, incluindo os originais de "As Aventuras de Huckleberry Finn" (1885) e "Life on the Mississippi" (1883), bem como cartas, notebooks, diários, fotografias e desenhos relacionados com a vida do autor e sua obra.
Samuel Langhorne Clemens - este era o seu nome verdadeiro - exerceu grande influência sobre todos os escritores que se esforçaram por "descobrir a América", suas peculiaridades e seus costumes.
Em cartaz até dezembro, a mostra “Mark Twain: A Skeptic's Progress” está na The Morgan Library & MA, 225 Madison Avenue, New York.
A exposição coincide com o 175º aniversário de nascimento de Twain e exibirá mais de 120 manuscritos e livros raros, incluindo os originais de "As Aventuras de Huckleberry Finn" (1885) e "Life on the Mississippi" (1883), bem como cartas, notebooks, diários, fotografias e desenhos relacionados com a vida do autor e sua obra.
Samuel Langhorne Clemens - este era o seu nome verdadeiro - exerceu grande influência sobre todos os escritores que se esforçaram por "descobrir a América", suas peculiaridades e seus costumes.
O grande mérito de Nuno Ramos é que ele faz.
Faz o que passa na cabeça de muita gente, mas que pela complexidade é, quase sempre, deixado de lado.
Ou adiado.
Esquecido.
Descobre texturas.
Faz química.
Analisa reações, retexturiza.
E surpreende.
Se a racionalidade vem depois, pouco importa.
Está lá, nunca visto.
Faz o que passa na cabeça de muita gente, mas que pela complexidade é, quase sempre, deixado de lado.
Ou adiado.
Esquecido.
Descobre texturas.
Faz química.
Analisa reações, retexturiza.
E surpreende.
Se a racionalidade vem depois, pouco importa.
Está lá, nunca visto.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
"Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.
Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo."
Pablo Neruda
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.
Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo."
Pablo Neruda
Nascido no Rio de Janeiro, filho de um palhaço, Costinha trabalhou como garçom, engraxate, apontador de jogo do bicho e faxineiro da Radio Tamoio.
Como radioator, criou personagens para programas de humor da época como "Cadeira de Barbeiro", "Recruta 23" e a primeira versão radiofônica da "Escolinha do Professor Raimundo", criada por Chico Anysio. Participou de outros programas humorísticos nas rádios Record e Mayrink Veiga e atuou no Teatro de Revista, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Gravou sete discos de humor nos anos 1970 e 1980 e vendeu milhares de cópias com os títulos "O Peru da Festa" e "As Proibidas do Costinha".
Franzino e de cabelos sempre engomados, atuou com grandes nomes da pornochanchada brasileira como Wilson Grey, Wilson Viana e foi dirigido por Carlos Manga.
Deixou um legado de esculhambação com suas piadas de bichinhas.
Noffa!
Como radioator, criou personagens para programas de humor da época como "Cadeira de Barbeiro", "Recruta 23" e a primeira versão radiofônica da "Escolinha do Professor Raimundo", criada por Chico Anysio. Participou de outros programas humorísticos nas rádios Record e Mayrink Veiga e atuou no Teatro de Revista, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Gravou sete discos de humor nos anos 1970 e 1980 e vendeu milhares de cópias com os títulos "O Peru da Festa" e "As Proibidas do Costinha".
Franzino e de cabelos sempre engomados, atuou com grandes nomes da pornochanchada brasileira como Wilson Grey, Wilson Viana e foi dirigido por Carlos Manga.
Deixou um legado de esculhambação com suas piadas de bichinhas.
Noffa!
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Os caminhoneiros, não faz tanto tempo assim, exibiam no pára-choque de seus veículos frases que representavam uma das mais autênticas formas da cultura popular brasileira.
Críticas, debochadas, de protesto... onde estarão?
• Se quiser leite fresco, ponha a vaca na sombra.
• Beijo é igual a ferro elétrico: liga em cima, esquenta embaixo.
• A mata é virgem porque o vento é fresco.
• Pobre só come carne fresca quando morde a língua.
• Se casamento fosse bom não precisava de testemunhas.
• Casa de mulher feia não precisa de tramela.
• Champagne de pobre é sonrisal.
• Se o amor é cego, o negócio é apalpar.
• A mulher reclama da dor do parto porque nunca levou um chute no saco.
• Veja pelo lado bom: com esquizofrenia você nunca está sozinho.
• Se uma loira lhe atirar uma granada, tire o pino e atire de volta.
• O fígado faz mal à bebida...
• O vegetariano leva a menina para o mato e come o mato.
• Se não puder convencer, confunda!
• Herói é o covarde que não teve tempo de fugir.
• Evite a ressaca! Mantenha-se bêbado.
• A Terra é virgem porque a minhoca é mole.
• Criança é igual a peido, só agüenta quem faz.
• No dia em que vocês me virem abraçado com uma mulher feia, podem separar que é briga.
• Mulher de amigo meu é igual a muro alto: é perigoso, mas eu trepo!
• A sensação é boa, mas a posição é ridícula!
• Se merda fosse dinheiro, pobre não tinha bunda.
Críticas, debochadas, de protesto... onde estarão?
• Se quiser leite fresco, ponha a vaca na sombra.
• Beijo é igual a ferro elétrico: liga em cima, esquenta embaixo.
• A mata é virgem porque o vento é fresco.
• Pobre só come carne fresca quando morde a língua.
• Se casamento fosse bom não precisava de testemunhas.
• Casa de mulher feia não precisa de tramela.
• Champagne de pobre é sonrisal.
• Se o amor é cego, o negócio é apalpar.
• A mulher reclama da dor do parto porque nunca levou um chute no saco.
• Veja pelo lado bom: com esquizofrenia você nunca está sozinho.
• Se uma loira lhe atirar uma granada, tire o pino e atire de volta.
• O fígado faz mal à bebida...
• O vegetariano leva a menina para o mato e come o mato.
• Se não puder convencer, confunda!
• Herói é o covarde que não teve tempo de fugir.
• Evite a ressaca! Mantenha-se bêbado.
• A Terra é virgem porque a minhoca é mole.
• Criança é igual a peido, só agüenta quem faz.
• No dia em que vocês me virem abraçado com uma mulher feia, podem separar que é briga.
• Mulher de amigo meu é igual a muro alto: é perigoso, mas eu trepo!
• A sensação é boa, mas a posição é ridícula!
• Se merda fosse dinheiro, pobre não tinha bunda.
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
"Nada desandava, entretanto, nem desconchavando mesmo a quem não afeito a esse ritmo e velocidade de espírito. Inteligência que ao auge resplêndida se exercia, quando no aperreio do arrocho e já a horas de estalar, sem beirada o prazo. Dele então se inesperava: faísca, a inédita ideia, terminante, ou a útil definição, saltada acima, brasa. Ainda mais se em contenda. Parece mesmo que, para com toda a eficácia fixar-se a excogitar coisa do correr comum, primeiro carecesse ele de atribuir-lhe sentido adverso hostil, para acometida e de vencida."
João Guimarães Rosa - trecho de seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, com uma hora e meia de duração, em 16/11/1967.
João Guimarães Rosa - trecho de seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, com uma hora e meia de duração, em 16/11/1967.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Pedi ao Zé, antes de publicar matéria sobre ele no número 2 da revista Maturidade, que nunca chegou a circular, a indicação de alguém que lhe pudesse fazer um perfil. A escolha foi imediata: Tavito, Luís Otávio de Melo Carvalho, parceiro e amigo de muitos anos.
“Porque o Zé é o Zé, sem par, único, inimitável, o saltimbanco da palavra, o malabarista da idéia, o artífice da risada, o timoneiro do encontro, o menestrel que cai da árvore - e invariavelmente morre de rir. O Zé é o amigo dos amigos, o polemista implacável, aquele que luta até o fim por sua convicção e cala com súbitas estocadas verbais qualquer ameaça à liberdade, sua ou de outrem. O Zé é uma figura plana, sem desvios idiotas, segue as regras da emoção, sabe ser feliz e dividir sua felicidade com as pessoas. O Zé nunca se esquece – e cumpre com alegria o papel de memória dos amigos (que, como eu, esquecem tudo). O Zé é um mestre-cuca de mão-cheia, e, generoso, compõe jantares como canções – e os serve, emocionado, para os amigos, que se regalam e se lambuzam à farta, num grande ritual digno de um enredo de Goscinny. O Zé é pontual em seus compromissos, de trabalho ou de afeto, numa demonstração clara que as regras da civilidade estão acima de quaisquer outras. O Zé é otimista, assim como quem faz uma escolha – e procura o sol da manhã para se inspirar. Mantém a característica vida-inteira de leitor compulsivo, sempre a chafurdar em livrarias, sebos, bibliotecas, como se já não lhe bastassem os doze mil volumes que tem em casa; e é um escrevinhador tresloucado, navegando pelos meandros de sua mente farta, ancorando sua imaginação inimaginável em uma incrível capacidade de pesquisa, aquela séria pesquisa que confere validade histórica aos escritos e ditos dos grandes literatos. Esse é o Zé, o Rodrix, um homem de família e de amigos, que ele faz questão de guardar e cuidar – dentro daquele coração do tamanho de uma baleia, onde também moram suas gravatas e seus ternos de linho”.
“Porque o Zé é o Zé, sem par, único, inimitável, o saltimbanco da palavra, o malabarista da idéia, o artífice da risada, o timoneiro do encontro, o menestrel que cai da árvore - e invariavelmente morre de rir. O Zé é o amigo dos amigos, o polemista implacável, aquele que luta até o fim por sua convicção e cala com súbitas estocadas verbais qualquer ameaça à liberdade, sua ou de outrem. O Zé é uma figura plana, sem desvios idiotas, segue as regras da emoção, sabe ser feliz e dividir sua felicidade com as pessoas. O Zé nunca se esquece – e cumpre com alegria o papel de memória dos amigos (que, como eu, esquecem tudo). O Zé é um mestre-cuca de mão-cheia, e, generoso, compõe jantares como canções – e os serve, emocionado, para os amigos, que se regalam e se lambuzam à farta, num grande ritual digno de um enredo de Goscinny. O Zé é pontual em seus compromissos, de trabalho ou de afeto, numa demonstração clara que as regras da civilidade estão acima de quaisquer outras. O Zé é otimista, assim como quem faz uma escolha – e procura o sol da manhã para se inspirar. Mantém a característica vida-inteira de leitor compulsivo, sempre a chafurdar em livrarias, sebos, bibliotecas, como se já não lhe bastassem os doze mil volumes que tem em casa; e é um escrevinhador tresloucado, navegando pelos meandros de sua mente farta, ancorando sua imaginação inimaginável em uma incrível capacidade de pesquisa, aquela séria pesquisa que confere validade histórica aos escritos e ditos dos grandes literatos. Esse é o Zé, o Rodrix, um homem de família e de amigos, que ele faz questão de guardar e cuidar – dentro daquele coração do tamanho de uma baleia, onde também moram suas gravatas e seus ternos de linho”.
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Em "Itinerário de Pasargada", Manoel Bandeira conta que ele e alguns amigos sempre passavam de bonde pela Rua Larga, hoje Marechal Floriano, no Rio de Janeiro, causando-lhes interesse o Hotel Península Fernandes, com o nome de acidente geográfico inexistente em mapas. Ouviram do português dono do estabelecimento, certa feita, a seguinte explicação: "Fernandes porque é o meu nome e Península porque é bonito".
Fiel às suas raízes catalãs - como Dalí, Casals e Miró -, ele criou uma forma particularíssima de trabalhar com matérias-primas que desafia tudo aquilo que anteriormente tinha sido considerado como regra da arte de cozinhar e comer.
Alcançou sucesso invejável, inigualável!
Por que, então, o El Bulli, na remota praia de Cala Montjoi, ao norte de Barcelona, estaria fechando no auge da fama de seu chef, Ferran Adrià?
Segundo o The New York Times, o El Bulli dá o maior prejuízo: meio milhão de Euros/ano!
Débâcle?
Alcançou sucesso invejável, inigualável!
Por que, então, o El Bulli, na remota praia de Cala Montjoi, ao norte de Barcelona, estaria fechando no auge da fama de seu chef, Ferran Adrià?
Segundo o The New York Times, o El Bulli dá o maior prejuízo: meio milhão de Euros/ano!
Débâcle?
Folheei ontem, emocionadíssimo, na casa que foi de Guita e José Mindlin, os originais revisados pelo autor de "Grande Sertão: Veredas" - José Olympio enlouquecia com as sucessivas e exaustivas correções exigidas por Guimarães Rosa, chegando ao ponto
de impor-lhe limites severos.
Vi, ainda, a última prova de prelo de "Vidas Seccas", de Graciliano Ramos, com um risco de caneta sobre o título original trocado na última hora - o livro chamar-se-ia "O mundo coberto de pennas".
Sai de lá perdido em mim mesmo, caminhando, sem rumo, pelas ruas do Brooklin.
de impor-lhe limites severos.
Vi, ainda, a última prova de prelo de "Vidas Seccas", de Graciliano Ramos, com um risco de caneta sobre o título original trocado na última hora - o livro chamar-se-ia "O mundo coberto de pennas".
Sai de lá perdido em mim mesmo, caminhando, sem rumo, pelas ruas do Brooklin.
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
A Feira de Água de Meninos se originou de uma antiga feira móvel que se formava na altura do sétimo armazém das Docas da Bahia, em Salvador.
Era chamada Feira do Sete.
Fixou-se ali.
Os poderes constituídos não tiveram força para removê-la.
Isto teria ocorrido na década de 1930.
Os saveiros do Recôncavo e das Ilhas que abasteciam Salvador pelos lados de Itapagipe – Porto da Lenha – agora podiam chegar tranquilamente mais próximos da “cidade”.
A Feira de Água de Meninos cresceu sem nenhum ordenamento, sem mais nem menos.
As barracas foram sendo montados de forma aleatória.
Como não havia nenhuma estrutura, as necessidades físicas eram feitas ali mesmo.
Dizia-se “fede, mas serve”.
Há registros que, em 1959, houve um acordo entre as Docas, Prefeitura, Sindicato dos Feirantes e Capitania dos Portos para uma possível transferência da feira para outro local, provavelmente nas proximidades da Enseada de São Joaquim.
O acordo não teve sucesso.
Apesar de São Joaquim reunir boas condições, mudança é mudança.
Para que mudar, Deus do Céu?
Em 1960, novo ataque dos poderes constituídos, ficando, então, definitivamente proibida a construção de novas barracas.
Anos depois, 5 de setembro de 1964, noite estrelada, Lua Cheia, um sábado.
Movimento encerrado, a Feira de Água de Meninos, deixou-se consumir por grandes línguas de fogo.
As labaredas alcançavam a altura da Igreja de Santo Antônio além do Carmo, no alto da colina. De todos os cantos da cidade, da própria Ilha de Itaparica, o incêndio era visto.
Visitei-a, rapazola, quando ia de navio cargueiro do Rio de Janeiro para o Mediterrâneo.
Fedia, é verdade.
Muito.
Mas era linda.
Imunda, mas imensamente linda.
Era chamada Feira do Sete.
Fixou-se ali.
Os poderes constituídos não tiveram força para removê-la.
Isto teria ocorrido na década de 1930.
Os saveiros do Recôncavo e das Ilhas que abasteciam Salvador pelos lados de Itapagipe – Porto da Lenha – agora podiam chegar tranquilamente mais próximos da “cidade”.
A Feira de Água de Meninos cresceu sem nenhum ordenamento, sem mais nem menos.
As barracas foram sendo montados de forma aleatória.
Como não havia nenhuma estrutura, as necessidades físicas eram feitas ali mesmo.
Dizia-se “fede, mas serve”.
Há registros que, em 1959, houve um acordo entre as Docas, Prefeitura, Sindicato dos Feirantes e Capitania dos Portos para uma possível transferência da feira para outro local, provavelmente nas proximidades da Enseada de São Joaquim.
O acordo não teve sucesso.
Apesar de São Joaquim reunir boas condições, mudança é mudança.
Para que mudar, Deus do Céu?
Em 1960, novo ataque dos poderes constituídos, ficando, então, definitivamente proibida a construção de novas barracas.
Anos depois, 5 de setembro de 1964, noite estrelada, Lua Cheia, um sábado.
Movimento encerrado, a Feira de Água de Meninos, deixou-se consumir por grandes línguas de fogo.
As labaredas alcançavam a altura da Igreja de Santo Antônio além do Carmo, no alto da colina. De todos os cantos da cidade, da própria Ilha de Itaparica, o incêndio era visto.
Visitei-a, rapazola, quando ia de navio cargueiro do Rio de Janeiro para o Mediterrâneo.
Fedia, é verdade.
Muito.
Mas era linda.
Imunda, mas imensamente linda.
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
"Chorei tantas vezes que perdi as contas. Chorei de alegria depois da minha apresentação no Fórum gastronômico da Espanha. O epicentro da cozinha molecular e lá estava eu. Eu, meus quiabos, minha grelha de ferro fundido e minha paixão. Tudo nessa história tinha grandes chances de dar errado, mas de repente fomos surpreendidos por uma platéia que fez questão de se levantar e aplaudir apaixonadamente aquela loucura.
Chorei de alegria quando os equipamentos da minha cozinha chegaram. Chorei de alegria a primeira vez que cozinhei para a Fernanda Montenegro. Chorei de alegria – horas! – quando o Presidente da Itália além de me aplaudir de pé, comparou um dos meus jantares no Palácio da Alvorada a um banquete renascentista. Chorei de alegria quando consegui ministrar uma aula em francês para um auditório repleto de franceses em Cannes! Chorei de alegria quando visitei a casa de Pablo Neruda em Santiago do Chile. Chorei de alegria quando vi o meu primeiro pôr do sol na Grécia. Chorei de alegria outro dia, quando comi pela vigésima vez a carne assada da Dona Laura, na Pousada Alcobaça em Itaipava. Chorei de alegria quando assisti a esse vídeo: http://eaturl.info/jng7".
Roberta Sudbrack
Chorei de alegria quando os equipamentos da minha cozinha chegaram. Chorei de alegria a primeira vez que cozinhei para a Fernanda Montenegro. Chorei de alegria – horas! – quando o Presidente da Itália além de me aplaudir de pé, comparou um dos meus jantares no Palácio da Alvorada a um banquete renascentista. Chorei de alegria quando consegui ministrar uma aula em francês para um auditório repleto de franceses em Cannes! Chorei de alegria quando visitei a casa de Pablo Neruda em Santiago do Chile. Chorei de alegria quando vi o meu primeiro pôr do sol na Grécia. Chorei de alegria outro dia, quando comi pela vigésima vez a carne assada da Dona Laura, na Pousada Alcobaça em Itaipava. Chorei de alegria quando assisti a esse vídeo: http://eaturl.info/jng7".
Roberta Sudbrack
Na semana passada, Fidel Castro convidou Randy Alonso, Arleen Rodríguez, Reinaldo Taladrid, Lázaro Barredo, Bárbara Betancourt, Nidia Díaz, Marina Menéndez, Oliver Zamora e Aixa Hevia para um diálogo sem limites.
- "O que eu espero é que vocês me façam as perguntas mais difíceis que me possam fazer", disse-lhes, de bate-pronto, o comandante-em-chefe quando os recebeu nos estúdios do programa “Mesa-Redonda”.
Lázaro Barredo fez a primeira pergunta: "Há quem acredite que o senhor está sendo catastrofista". Fidel reflete e responde: "Sustentar isso é quase uma vergonha. E é conveniente que a gente se envergonhe de sua ignorância. Se a gente se envergonhar da própria ignorância, vai aprender. E se aprender, há uma esperança".
Será?
- "O que eu espero é que vocês me façam as perguntas mais difíceis que me possam fazer", disse-lhes, de bate-pronto, o comandante-em-chefe quando os recebeu nos estúdios do programa “Mesa-Redonda”.
Lázaro Barredo fez a primeira pergunta: "Há quem acredite que o senhor está sendo catastrofista". Fidel reflete e responde: "Sustentar isso é quase uma vergonha. E é conveniente que a gente se envergonhe de sua ignorância. Se a gente se envergonhar da própria ignorância, vai aprender. E se aprender, há uma esperança".
Será?
O Centro Sísmico Nacional enviou às autoridades responsáveis por Icó, no Ceará, uma mensagem telegráfica oficial que dizia:
"Exmo senhores: possivel movimento sismico na zona, muito perigoso. Superior Ritchter 7. Epicentro a 3 km do municipio. Tomem providencias imediatas. Informar resultados com absoluta urgencia"
Após uma semana, foi recebido, através da pasta "Contatos" do site do Centro Sísmico Nacional, o seguinte e-mail:
"Aqui é da polícia de Icó. Movimento sísmico totalmente desarticulado. O tal Ritchter tentou se evadir, mas foi abatido a tiros. Desarticuladas todas as zonas. As putas estão encarceradas. Epicentro, Epifânio e outros três cabras-safados também foram detidos. Não respondemos antes porque houve um terremoto da porra por aqui!" ,
"Exmo senhores: possivel movimento sismico na zona, muito perigoso. Superior Ritchter 7. Epicentro a 3 km do municipio. Tomem providencias imediatas. Informar resultados com absoluta urgencia"
Após uma semana, foi recebido, através da pasta "Contatos" do site do Centro Sísmico Nacional, o seguinte e-mail:
"Aqui é da polícia de Icó. Movimento sísmico totalmente desarticulado. O tal Ritchter tentou se evadir, mas foi abatido a tiros. Desarticuladas todas as zonas. As putas estão encarceradas. Epicentro, Epifânio e outros três cabras-safados também foram detidos. Não respondemos antes porque houve um terremoto da porra por aqui!" ,
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Publicada, hoje, a lista "The new establishment 2010" da The Vanity Fair Magazine, sendo:
1. Mark Zuckerberg/FACEBOOK
2. Steve Jobs/APPLE
3. Sergey Brin, Larry Page e Eric Schmidt/GOOGLE
4. Rupert Murdoch/NEWS CORPORATION
5. Jeff Bezos/AMAZON
6. Bernard Arnault/LVMH
7. Michael Bloomberg/MAYOR, NEW YORK CITY; BLOOMBERG L.P.
8. Larry Ellison/ORACLE
9. Evan Williams and Biz Stone/TWITTER
10. John Malone/LIBERTY MEDIA
Timinho bão, sô!
1. Mark Zuckerberg/FACEBOOK
2. Steve Jobs/APPLE
3. Sergey Brin, Larry Page e Eric Schmidt/GOOGLE
4. Rupert Murdoch/NEWS CORPORATION
5. Jeff Bezos/AMAZON
6. Bernard Arnault/LVMH
7. Michael Bloomberg/MAYOR, NEW YORK CITY; BLOOMBERG L.P.
8. Larry Ellison/ORACLE
9. Evan Williams and Biz Stone/TWITTER
10. John Malone/LIBERTY MEDIA
Timinho bão, sô!
terça-feira, 31 de agosto de 2010
A Triumph estava em crise no final dos anos 1950.
Foi quando surgiu Giovanni Michelotti, que aceitou o convite para criar um roadster de dois lugares para substituir o TR3.
E tentar abreviar a agonia da Triumph.
O italiano havia trabalhado na Carrozzeria Vignale, empresa familiar de Turim que fazia projetos para os grandes fabricantes e também construía carros com marca própria.
Rápido, apresentou a Harry Webster, chefe do departamento técnico da Triumph, no final de três meses, uma releitura do TR3 – um roadster de linhas puras e detalhes surpreendentes que seria lançado em 1961 com o nome de TR4.
O TR4 tornou-se um dos carros mais cobiçados para competições de rali e provas de endurance, além de ter conquistado, merecidamente, o título de um dos carros mais charmosos da sua época.
Foi quando surgiu Giovanni Michelotti, que aceitou o convite para criar um roadster de dois lugares para substituir o TR3.
E tentar abreviar a agonia da Triumph.
O italiano havia trabalhado na Carrozzeria Vignale, empresa familiar de Turim que fazia projetos para os grandes fabricantes e também construía carros com marca própria.
Rápido, apresentou a Harry Webster, chefe do departamento técnico da Triumph, no final de três meses, uma releitura do TR3 – um roadster de linhas puras e detalhes surpreendentes que seria lançado em 1961 com o nome de TR4.
O TR4 tornou-se um dos carros mais cobiçados para competições de rali e provas de endurance, além de ter conquistado, merecidamente, o título de um dos carros mais charmosos da sua época.
Insone, deparei-me, depois de muitos anos, com a imagem de meu corpo nu projetada no espelho do banheiro do hotel.
Os pentelhos esbranquiçados surpreenderam-me, não o bastante para levar-me ao desconforto.
Dei-me conta, apenas, que estou envelhecendo.
E lembrei-me do que me disseram um dia: a velhice não é para os covardes.
Por que, então, gratificar o coveiro por algo que ainda não aconteceu?
Confronto-me, dia após dia, com a degeneração descontrolada de partes inegociáveis de mim...
Por que a imposição consensual de que devo dividir isso com alguém?
O tom de voz surpreende-me quase sempre, conflitando-me com aquilo em que me transformei.
Não há deformações aparentes, reconhecem-me aqui e ali, mas a pele, seca, revela finíssimas ranhuras que me causam repulsa e asco.
E essa culpa?
Expulso-os, furtivamente, e vejo, nos outros, distantes de mim, os disfarces tão flagrantes que teimo em exercitar e que me deformam mais ainda, ridicularizando-me.
Ah, os stents. Qual é, mesmo, a estimativa correta do diâmetro de referência proximal e distal dos vasos-alvo? E sua correlação com as medidas feitas pelo ultra-som intracoronário, será menos intensa?
Tenho que me lembrar de comentar isso com ele...
Philip.
Por que não James, Paul, Michael, Nick, Jackson, Joseph?
Ligo para ela, depois de tantos anos?
Os pentelhos esbranquiçados surpreenderam-me, não o bastante para levar-me ao desconforto.
Dei-me conta, apenas, que estou envelhecendo.
E lembrei-me do que me disseram um dia: a velhice não é para os covardes.
Por que, então, gratificar o coveiro por algo que ainda não aconteceu?
Confronto-me, dia após dia, com a degeneração descontrolada de partes inegociáveis de mim...
Por que a imposição consensual de que devo dividir isso com alguém?
O tom de voz surpreende-me quase sempre, conflitando-me com aquilo em que me transformei.
Não há deformações aparentes, reconhecem-me aqui e ali, mas a pele, seca, revela finíssimas ranhuras que me causam repulsa e asco.
E essa culpa?
Expulso-os, furtivamente, e vejo, nos outros, distantes de mim, os disfarces tão flagrantes que teimo em exercitar e que me deformam mais ainda, ridicularizando-me.
Ah, os stents. Qual é, mesmo, a estimativa correta do diâmetro de referência proximal e distal dos vasos-alvo? E sua correlação com as medidas feitas pelo ultra-som intracoronário, será menos intensa?
Tenho que me lembrar de comentar isso com ele...
Philip.
Por que não James, Paul, Michael, Nick, Jackson, Joseph?
Ligo para ela, depois de tantos anos?
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Diana Krall virá ao Brasil para fazer quatro shows em setembro - dois em São Paulo, um em Brasília e outro no Rio.
Krall vem ao Brasil para apresentar a turnê "Quiet Nights", que revisita o gênero imortalizado por Antônio Carlos Jobim, com direito a regravação de três clássicos do mestre.
A produção musical é assinada por Tommy LiPuma e os arranjos são de Claus Orgeman, com quem já havia trabalhado no multi-platinado "The Look Of Love", em 2001.
Acompanham Diana Krall os músicos Anthony Wilson (guitarras), John Clayton (baixo), Jeff Hamilton (bateria) e o brasileiro Paulinho da Costa (percussão).
Do repertório, fazem parte "Where Or When", "Walk On By", "Este Seu Olhar" e "So Nice".
Confirmadíssimo!
Krall vem ao Brasil para apresentar a turnê "Quiet Nights", que revisita o gênero imortalizado por Antônio Carlos Jobim, com direito a regravação de três clássicos do mestre.
A produção musical é assinada por Tommy LiPuma e os arranjos são de Claus Orgeman, com quem já havia trabalhado no multi-platinado "The Look Of Love", em 2001.
Acompanham Diana Krall os músicos Anthony Wilson (guitarras), John Clayton (baixo), Jeff Hamilton (bateria) e o brasileiro Paulinho da Costa (percussão).
Do repertório, fazem parte "Where Or When", "Walk On By", "Este Seu Olhar" e "So Nice".
Confirmadíssimo!
“Isso eu falo porque aconteceu mais meu pai. Foi dado um dia de serviço para um velho de nome Sanderlau por 2 litros de sal. E a mercadoria que levava o que era? Couro de gado, couro de gato, couro de catitu, era o dinheiro que levava” explica Eliseu, ancião da comunidade e que guarda, na memória, a saga vivida por seus ancestrais. “De descida o couro, de subida o sal”, acrescenta. O rio Tocantins se transformou, por mais de um século, em via do sal. Repetiu-se, nesse rio do sertão brasileiro, o fenômeno da Via Salária de Roma e do caminho do Sal dos Andes, que partiu de Buenos Aires e povoou o oeste, na direção do Chile. A mitologia em torno do sal ainda atravessa os Alpes franceses, o Saara africano e chega à Índia, quando Mahatma Gandhi promove a ruidosa marcha do sal. Os barcos eram chamados de batelão ou botes, e sua capacidade variava de 150 arrobas a 2 ½ toneladas. Na descida, levavam seis meses de viagem vencendo 2000 quilômetros de rio. 4/5 de cada barco eram ocupados pela carga de sal. Os Calunga não eram os únicos a se lançarem nesta travessia vital, mas de certo era a mais distante comunidade a usar o rio para este fim e, também, os que mais adversidades enfrentavam. Além das inúmeras cachoeiras e a enorme distância, os Calunga tinham que navegar escondidos e buscar ajuda em comunidades irmãs como os quilombos Balique, Buritizal e Igarapé Preto. Ademais, tinham que refazer o caminho rio acima com o barco carregado no limite da sua capacidade, basicamente de sal. Quem conta como era feita a viagem é o velho Casimiro, também da cidade de Paranã, a última antes de adentrarmos o território calunga seguindo rio acima.
“Chovia muito naquela época, chovia muito, o rio enchia, e como que esse bichos viajavam? Através de gancho e forquilha, agarrando galho de pau, o proeiro na frente com o ganchos jogando e puxando...”.
André Portugal Braga
“Chovia muito naquela época, chovia muito, o rio enchia, e como que esse bichos viajavam? Através de gancho e forquilha, agarrando galho de pau, o proeiro na frente com o ganchos jogando e puxando...”.
André Portugal Braga
Se ainda funcionasse, iria hoje ao Monte Carlo, na Duvivier, 21 (lembra-se?), impondo-me dúvida pantagruélica: carne-seca desfiada e acebolada, com purê de abóbora, farofa, arroz e caldo de feijão ou a rabada com agrião, arroz e feijão-manteiga.
E a cavaquinha grelhada, com arroz de amêndoas e passas ao molho de escargot?
E a cavaquinha grelhada, com arroz de amêndoas e passas ao molho de escargot?
James Patterson, autor de thrillers, lidera a lista dos escritores mais bem pagos do mundo publicada pela Forbes Magazine, cujo estudo se baseia tanto nas receitas das vendas de livros como da venda de direitos de adaptação para cinema e televisão.
Patterson surge em primeiro lugar com receitas de US$ 70 milhões.
No top ten dos escritores mais bem pagos figura também Stephanie Meyer, autora da saga Crepúsculo, com US$ 40 milhões.
Consta da lista, ainda, o eterno best-seller Stephen King, na terceira posição, com US$ 34 milhões.
Em quarto lugar, surge outra clássica dos best-seller, a escritora Danielle Steel, que ganhou US$ 32 milhões. Logo abaixo, aparece o escritor britânico Ken Follett, com US$ 15,7 milhões cuja aclamada novela "Os pilares da Terra" foi adaptada para uma mini-série televisiva nos EUA.
O autor norte-americano Dean Koontz foi o sexto, com US$ 18 milhões, enquanto que a autora de romance e aventura Janet Evanovich alcançou US$ 16 milhões.
A lista fica completa com John Grisham, Nicholas Sparks e a prolífica britânica J.K.Rowling, autora da saga Harry Potter, que lucrou 10 milhões de dólares no ano passado.
Muito dinheiro para tanta porcaria!
Patterson surge em primeiro lugar com receitas de US$ 70 milhões.
No top ten dos escritores mais bem pagos figura também Stephanie Meyer, autora da saga Crepúsculo, com US$ 40 milhões.
Consta da lista, ainda, o eterno best-seller Stephen King, na terceira posição, com US$ 34 milhões.
Em quarto lugar, surge outra clássica dos best-seller, a escritora Danielle Steel, que ganhou US$ 32 milhões. Logo abaixo, aparece o escritor britânico Ken Follett, com US$ 15,7 milhões cuja aclamada novela "Os pilares da Terra" foi adaptada para uma mini-série televisiva nos EUA.
O autor norte-americano Dean Koontz foi o sexto, com US$ 18 milhões, enquanto que a autora de romance e aventura Janet Evanovich alcançou US$ 16 milhões.
A lista fica completa com John Grisham, Nicholas Sparks e a prolífica britânica J.K.Rowling, autora da saga Harry Potter, que lucrou 10 milhões de dólares no ano passado.
Muito dinheiro para tanta porcaria!
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Quase uma tonelada, pele espessa, visão deficiente, excelente olfato e audição, chifre no nariz e ameaçado de extinção: essas eram as principais características de um fenômeno eleitoral brasileiro, o rinoceronte Cacareco.
Nas eleições de outubro de 1959, o simpático mamífero originário do sul da África foi o vereador mais votado da cidade de São Paulo, angariando quase 100 mil votos.
Criado no Rio de Janeiro, sua fulgurante trajetória política começou quando foi emprestado para participar da inauguração do Zoológico de São Paulo, em 1958. O carismático rinoceronte - que apesar do nome, era fêmea - conquistou o coração da população paulistana, tornando-se um grande sucesso de público.
Macaco Tião, o simpático chimpanzé nascido em 1963, teve 400 mil votos para a Prefeitura do Rio de Janeiro em 1988. Morador do zoológico da Quinta da Boa Vista, o animal foi lançado ao pleito pelos humoristas do Casseta e Planeta e conseguiu alcançar o terceiro lugar. Com 1,52 de altura e 70kg, sua principal atividade era jogar cocô nos visitantes do zoológico. A figura carismática do primata lhe rendeu homenagens quando morreu, em 1996. O prefeito César Maia declarou luto oficial e bandeiras festivas do Zoo Rio ficaram a meio mastro durante oito dias.
Tiririca, 2222.
500 mil votos, por baixo.
Quem aposta?
Nas eleições de outubro de 1959, o simpático mamífero originário do sul da África foi o vereador mais votado da cidade de São Paulo, angariando quase 100 mil votos.
Criado no Rio de Janeiro, sua fulgurante trajetória política começou quando foi emprestado para participar da inauguração do Zoológico de São Paulo, em 1958. O carismático rinoceronte - que apesar do nome, era fêmea - conquistou o coração da população paulistana, tornando-se um grande sucesso de público.
Macaco Tião, o simpático chimpanzé nascido em 1963, teve 400 mil votos para a Prefeitura do Rio de Janeiro em 1988. Morador do zoológico da Quinta da Boa Vista, o animal foi lançado ao pleito pelos humoristas do Casseta e Planeta e conseguiu alcançar o terceiro lugar. Com 1,52 de altura e 70kg, sua principal atividade era jogar cocô nos visitantes do zoológico. A figura carismática do primata lhe rendeu homenagens quando morreu, em 1996. O prefeito César Maia declarou luto oficial e bandeiras festivas do Zoo Rio ficaram a meio mastro durante oito dias.
Tiririca, 2222.
500 mil votos, por baixo.
Quem aposta?
"Sou do tempo dos salgadinhos reconhecíveis.
Você me entende: do tempo em que, diante da bandeja, a gente não tinha dúvidas — o que ali estava era croquete, coxinha, pastelzinho, empadinha, cigarrete, canapé, barquete ou pastel português. Sem chance de equívoco. Bem diferente, admita, dos dias de hoje, em que é preciso recorrer ao garçom para decifrar enigmas culinários, alguns deles tão complexos e empetecados que você se pergunta se não seriam, em vez de comida, peças decorativas, quem sabe uns ikebanas. Sim, vivemos a era do salgadinho que demanda apresentação. Deveria vir com legenda.
Nada contra a modernização do tira-gosto. Mas me dê um tempo para me adaptar. Outro dia, num casamento, estenderam na minha direção um artefato aparentemente comestível, algo como uma coxinha esférica, acoplada a um talo branco. Era, de fato, uma minicoxinha, creio que de frango — mas e o misterioso talo branco, grosso demais para ser palito? Na roda, um comensal mais ousado se aventurou a mastigá-lo, e aí se deu conta de que, naquele casamento chique, ele tinha na boca um vulgar pedaço de cana. Coxinha com cana — onde vamos parar? E o que fazer com o bagaço? Além de legenda, certos salgadinhos modernos demandam modo de usar.
Muita coisa surgiu na vida de meus maxilares tão fatigados desde a primeira dentição. Na minha infância belo-horizontina não tinha shiitake, rúcula e kiwi, por exemplo. Se alguém dissesse mamão papaia, daria a impressão de estar se referindo a certa modalidade sexual — tanto quanto a também inexistente quiche correria o risco de soar como interjeição: quiche Maria! Em compensação, tinha Crush, drops Dulcora, açúcar cândi, que depois sumiram do mapa.
Como sumiu o cajuzinho. Onde foi parar o cajuzinho? Você vai me dizer que não sei onde tem uma "dona" que faz. Coisas de Belo Horizonte: em alguma parte, em geral na periferia, tem sempre uma dona que faz o docinho, o salgadinho que desapareceu das vitrines. Não duvido de que nalgum recanto da capital haja uma dona do cajuzinho. Vai ver que a mesma do bolinho de feijão.
Esse foi outro que sumiu, o bolinho de feijão. O poeta Paulo Mendes Campos contou numa crônica que certa vez trouxe do Rio uma inglesa, exclusivamente para lhe aplicar o bolinho de feijão. Mas no bar de que fora frequentador, na Guajajaras, não havia um sequer. Como o poeta insistisse, o dono pôs um moleque para correr o Centro atrás de bolinho de feijão — e o saldo da expedição foram míseras três unidades, de três diferentes procedências. O escritor não estava inteirado da revolução por que passara o universo dos salgadinhos desde que ele deixou Belo Horizonte. Eis um assunto que deveria interessar aos estudiosos.
Não é o meu caso — sou mero (e voraz) consumidor, vivendo fora de Minas faz décadas —, mas arrisco uma hipótese. Houve um momento, ali pelo final dos anos 70, começo dos 80, em que hordas de salgadinhos modernos fizeram avassaladora entrada, expulsando os tradicionais para a periferia, reduto das "donas". O quartel-general da inovação pode ter sido a Torre Eiffel, que existiu na Espírito Santo com Goitacazes. Ou foi a também extinta Doce Docê, na subida da Afonso Pena? O fato é que a certa altura a paisagem do salgadinho passou a ser dominada pela coxa de catupiry. Lembra? Enorme, obesa! E dava trabalho a quem a abocanhava: era você cravar os dentes e o catupiry derretido, pelando, vazava queixo abaixo. Valia por um almoço. Havia, ainda, o camarão com catupiry — e camarão taludo, pois mineiro, privado de mar, vai à forra nesse quesito.
Gente, que fim levou a coxa de catupiry? Tem por aí alguma dona que faz?"
Humberto Werneck, Veja Belo Horizonte – Especial Comer & Beber.
Você me entende: do tempo em que, diante da bandeja, a gente não tinha dúvidas — o que ali estava era croquete, coxinha, pastelzinho, empadinha, cigarrete, canapé, barquete ou pastel português. Sem chance de equívoco. Bem diferente, admita, dos dias de hoje, em que é preciso recorrer ao garçom para decifrar enigmas culinários, alguns deles tão complexos e empetecados que você se pergunta se não seriam, em vez de comida, peças decorativas, quem sabe uns ikebanas. Sim, vivemos a era do salgadinho que demanda apresentação. Deveria vir com legenda.
Nada contra a modernização do tira-gosto. Mas me dê um tempo para me adaptar. Outro dia, num casamento, estenderam na minha direção um artefato aparentemente comestível, algo como uma coxinha esférica, acoplada a um talo branco. Era, de fato, uma minicoxinha, creio que de frango — mas e o misterioso talo branco, grosso demais para ser palito? Na roda, um comensal mais ousado se aventurou a mastigá-lo, e aí se deu conta de que, naquele casamento chique, ele tinha na boca um vulgar pedaço de cana. Coxinha com cana — onde vamos parar? E o que fazer com o bagaço? Além de legenda, certos salgadinhos modernos demandam modo de usar.
Muita coisa surgiu na vida de meus maxilares tão fatigados desde a primeira dentição. Na minha infância belo-horizontina não tinha shiitake, rúcula e kiwi, por exemplo. Se alguém dissesse mamão papaia, daria a impressão de estar se referindo a certa modalidade sexual — tanto quanto a também inexistente quiche correria o risco de soar como interjeição: quiche Maria! Em compensação, tinha Crush, drops Dulcora, açúcar cândi, que depois sumiram do mapa.
Como sumiu o cajuzinho. Onde foi parar o cajuzinho? Você vai me dizer que não sei onde tem uma "dona" que faz. Coisas de Belo Horizonte: em alguma parte, em geral na periferia, tem sempre uma dona que faz o docinho, o salgadinho que desapareceu das vitrines. Não duvido de que nalgum recanto da capital haja uma dona do cajuzinho. Vai ver que a mesma do bolinho de feijão.
Esse foi outro que sumiu, o bolinho de feijão. O poeta Paulo Mendes Campos contou numa crônica que certa vez trouxe do Rio uma inglesa, exclusivamente para lhe aplicar o bolinho de feijão. Mas no bar de que fora frequentador, na Guajajaras, não havia um sequer. Como o poeta insistisse, o dono pôs um moleque para correr o Centro atrás de bolinho de feijão — e o saldo da expedição foram míseras três unidades, de três diferentes procedências. O escritor não estava inteirado da revolução por que passara o universo dos salgadinhos desde que ele deixou Belo Horizonte. Eis um assunto que deveria interessar aos estudiosos.
Não é o meu caso — sou mero (e voraz) consumidor, vivendo fora de Minas faz décadas —, mas arrisco uma hipótese. Houve um momento, ali pelo final dos anos 70, começo dos 80, em que hordas de salgadinhos modernos fizeram avassaladora entrada, expulsando os tradicionais para a periferia, reduto das "donas". O quartel-general da inovação pode ter sido a Torre Eiffel, que existiu na Espírito Santo com Goitacazes. Ou foi a também extinta Doce Docê, na subida da Afonso Pena? O fato é que a certa altura a paisagem do salgadinho passou a ser dominada pela coxa de catupiry. Lembra? Enorme, obesa! E dava trabalho a quem a abocanhava: era você cravar os dentes e o catupiry derretido, pelando, vazava queixo abaixo. Valia por um almoço. Havia, ainda, o camarão com catupiry — e camarão taludo, pois mineiro, privado de mar, vai à forra nesse quesito.
Gente, que fim levou a coxa de catupiry? Tem por aí alguma dona que faz?"
Humberto Werneck, Veja Belo Horizonte – Especial Comer & Beber.
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
"Foi Torquato Neto quem me ensinou a amar São Paulo. Uma noite, estávamos em sua casa, um microapartamento no prédio do cine Metro – S.João (onde eu uma vez fui barrado por estar sem paletó e gravata) e ele percebeu meu desgosto com a metrópole
que eu não conseguia entender. Levantou-se, pegou um casaco e disse: - Vem comigo. Saímos andando enquanto ele, mansamente, me explicava a cidade, suas contradições e idiossincrasias, como em “Hannah e suas Irmãs”, de Woody Allen, quando Nova Iorque é
apresentada à personagem através da sua arquitetura, que revela parte integrante da alma da cidade. Quando o sol nasceu estávamos de volta ao prédio, e eu devida e definitivamente convertido".
Zé Rodrix
que eu não conseguia entender. Levantou-se, pegou um casaco e disse: - Vem comigo. Saímos andando enquanto ele, mansamente, me explicava a cidade, suas contradições e idiossincrasias, como em “Hannah e suas Irmãs”, de Woody Allen, quando Nova Iorque é
apresentada à personagem através da sua arquitetura, que revela parte integrante da alma da cidade. Quando o sol nasceu estávamos de volta ao prédio, e eu devida e definitivamente convertido".
Zé Rodrix
"La noticia del retorno de Fidel Castro a la vida pública, luego de cuatro años de ausencia, ha despertado fantasías e inquietudes, especialmente porque su inesperada reaparición ocurre justamente en el momento en que se aguardan con más desespero las reformas de su hermano Raúl, a quien heredó todos sus cargos desde julio de 2006.
La vuelta de los famosos suele repetirse con frecuencia, tanto en la vida real como en la ficción, trátese de Don Quijote o Casanovas, King Kong, Elvis Presley o Juan Domingo Perón. Recurrente es también la desilusión de quienes comprueban que todas aquellas cosas que se van, como las golondrinas de Becker, no volverán, al menos como solíamos recordarlas. Fidel Castro no ha estado exento de ese tono desvaído que tiene el remake, de esa cuota de desespero que se percibe en quienes insisten en regresar.
Este anciano balbuceante de manos temblorosas, nada tiene que ver con aquel fornido militar de perfil griego que desde una plaza, donde un millón de voces coreaba su nombre, proclamaba leyes que no habían sido consultadas con nadie, perdonaba vidas, anunciaba fusilamientos o pregonaba el derecho de los revolucionarios a hacer la revolución. Poco queda del hombre que durante horas ocupaba la programación televisiva y mantenía en vilo, del lado de acá de la pantalla, a todo un pueblo.
El gran improvisador de otros tiempos se reúne ahora en una pequeña sala de teatro con un auditorio de jóvenes a leerles un resumen de sus últimas reflexiones -ya publicadas en la prensa- y en lugar de inducir aquel pavor que hacía temblar a los más bravos, provoca, en el mejor de los casos, una tierna compasión. Una joven periodista le hace una pregunta complaciente y le pide públicamente un deseo: “Déjeme darle un beso” ¿Qué fue de aquel abismo que ninguna audacia se atrevía a saltar?
Una señal significativa de que la vuelta de Fidel Castro a los micrófonos no es bien vista es que ni siquiera su propio hermano quiso hacerse eco, en su más reciente discurso ante el parlamento, de los sombríos augurios que ha lanzado sobre lo inevitable de un próximo conflicto militar, cuyo escenario puede ser Corea del Norte o Irán y cuyo fatal desenlace será –según sus vaticinios- la conflagración nuclear. Muchos analistas apuntan al hecho de que el Máximo Líder apenas se digna a mirar los innumerables problemas de su país, limitándose a ver la paja en el ojo ajeno, ya sean los problemas ambientales del planeta, el agotamiento del capitalismo como sistema o estas recientes predicciones bélicas. Otros encuentran en su aparente indiferencia por el acontecer cubano, una velada señal de descontento. Si el César no aplaude algo anda mal, aunque no censure. Resulta impensable que él no esté enterado del apetito de cambios que devora hoy a la clase política cubana y sería demasiado ingenuo creer que él los aprobaría. Tantos años pendientes de los gestos de sus manos, de la forma en que arquea las cejas o del rictus de sus orejas, los fidelólogos lo suponen ahora imprevisible y temen que lo peor pueda ocurrir si se le ocurre despotricar contra los reformistas frente a las cámaras de la televisión.
Quizás por eso la impaciente camada de nuevos lobos no quiere avivar la ira del viejo comandante, próximo ya a cumplir 84 años. Los que desde las esferas del poder pretenden que se introduzcan cambios más radicales, aguardan agazapados su próxima recaída. Mientras quienes se preocupan auténticamente por la sobrevivencia del proceso se alarman ante el peligro que representa la evidente declinación del mito que durante cincuenta años personificó a la revolución cubana. ¿Por qué no se queda tranquilo en casa y nos deja trabajar? Piensan algunos, sin osar siquiera musitarlo.
Habíamos empezado a recordarlo como algo del pasado, que era hasta una forma noble de olvidarlo; muchos estaban disponiéndose a perdonarle sus errores y fracasos para colocarlo en algún ceniciento pedestal de la historia del siglo XX, donde su rostro -retratado en su último mejor momento- ya aparecía junto a los muertos ilustres. De pronto ha salido a exhibir impúdicamente sus achaques y a anunciar el fin del mundo, como si quisiera convencernos de que la vida después de él carecerá de sentido.
Durante las últimas semanas, aquel que fuera llamado el Uno, el Máximo Líder, el Caballo, o con el simple pronombre personal ÉL, se nos ha presentado despojado de su otrora subyugante carisma, para confirmarnos que aquel Fidel Castro –afortunadamente-ya no volverá, aunque por esta vez sea nuevamente noticia".
Yoani Sánchez
La vuelta de los famosos suele repetirse con frecuencia, tanto en la vida real como en la ficción, trátese de Don Quijote o Casanovas, King Kong, Elvis Presley o Juan Domingo Perón. Recurrente es también la desilusión de quienes comprueban que todas aquellas cosas que se van, como las golondrinas de Becker, no volverán, al menos como solíamos recordarlas. Fidel Castro no ha estado exento de ese tono desvaído que tiene el remake, de esa cuota de desespero que se percibe en quienes insisten en regresar.
Este anciano balbuceante de manos temblorosas, nada tiene que ver con aquel fornido militar de perfil griego que desde una plaza, donde un millón de voces coreaba su nombre, proclamaba leyes que no habían sido consultadas con nadie, perdonaba vidas, anunciaba fusilamientos o pregonaba el derecho de los revolucionarios a hacer la revolución. Poco queda del hombre que durante horas ocupaba la programación televisiva y mantenía en vilo, del lado de acá de la pantalla, a todo un pueblo.
El gran improvisador de otros tiempos se reúne ahora en una pequeña sala de teatro con un auditorio de jóvenes a leerles un resumen de sus últimas reflexiones -ya publicadas en la prensa- y en lugar de inducir aquel pavor que hacía temblar a los más bravos, provoca, en el mejor de los casos, una tierna compasión. Una joven periodista le hace una pregunta complaciente y le pide públicamente un deseo: “Déjeme darle un beso” ¿Qué fue de aquel abismo que ninguna audacia se atrevía a saltar?
Una señal significativa de que la vuelta de Fidel Castro a los micrófonos no es bien vista es que ni siquiera su propio hermano quiso hacerse eco, en su más reciente discurso ante el parlamento, de los sombríos augurios que ha lanzado sobre lo inevitable de un próximo conflicto militar, cuyo escenario puede ser Corea del Norte o Irán y cuyo fatal desenlace será –según sus vaticinios- la conflagración nuclear. Muchos analistas apuntan al hecho de que el Máximo Líder apenas se digna a mirar los innumerables problemas de su país, limitándose a ver la paja en el ojo ajeno, ya sean los problemas ambientales del planeta, el agotamiento del capitalismo como sistema o estas recientes predicciones bélicas. Otros encuentran en su aparente indiferencia por el acontecer cubano, una velada señal de descontento. Si el César no aplaude algo anda mal, aunque no censure. Resulta impensable que él no esté enterado del apetito de cambios que devora hoy a la clase política cubana y sería demasiado ingenuo creer que él los aprobaría. Tantos años pendientes de los gestos de sus manos, de la forma en que arquea las cejas o del rictus de sus orejas, los fidelólogos lo suponen ahora imprevisible y temen que lo peor pueda ocurrir si se le ocurre despotricar contra los reformistas frente a las cámaras de la televisión.
Quizás por eso la impaciente camada de nuevos lobos no quiere avivar la ira del viejo comandante, próximo ya a cumplir 84 años. Los que desde las esferas del poder pretenden que se introduzcan cambios más radicales, aguardan agazapados su próxima recaída. Mientras quienes se preocupan auténticamente por la sobrevivencia del proceso se alarman ante el peligro que representa la evidente declinación del mito que durante cincuenta años personificó a la revolución cubana. ¿Por qué no se queda tranquilo en casa y nos deja trabajar? Piensan algunos, sin osar siquiera musitarlo.
Habíamos empezado a recordarlo como algo del pasado, que era hasta una forma noble de olvidarlo; muchos estaban disponiéndose a perdonarle sus errores y fracasos para colocarlo en algún ceniciento pedestal de la historia del siglo XX, donde su rostro -retratado en su último mejor momento- ya aparecía junto a los muertos ilustres. De pronto ha salido a exhibir impúdicamente sus achaques y a anunciar el fin del mundo, como si quisiera convencernos de que la vida después de él carecerá de sentido.
Durante las últimas semanas, aquel que fuera llamado el Uno, el Máximo Líder, el Caballo, o con el simple pronombre personal ÉL, se nos ha presentado despojado de su otrora subyugante carisma, para confirmarnos que aquel Fidel Castro –afortunadamente-ya no volverá, aunque por esta vez sea nuevamente noticia".
Yoani Sánchez
"Os Sertões de Leste de Minas - achegas para a história da Zona da Mata", de Celso Falabella de Figueiredo Castro, revela-nos que em 1860, pouco antes de elevar-se à condição de cidade, a vila de Mar de Espanha era riscada por várias ruas, possuía 21 sobrados, 3 edifícios com sacadas de ferro, comércio ativo, 2.000 habitantes na sede e um movimento de exportação de café da ordem de 300.000 arrobas.
Emancipada, a cidade incorpora as posturas da Câmara Municipal da ex-vila de São João Nepomuceno, que passam a nortear o comportamento de seus habitantes e a ordenar o seu crescimento.
Quanto às vozerias nas ruas, injúrias e obscenidades contra a moral pública, foram definidas, em 1854, entre outras, as seguintes convenções:
ART. 63 – São prohibidos os tiros de qualquer arma de fogo dentro da Villa e Povoação, as vozerias, gritos, e alaridos nas ruas; assim como é prohibido a quaesquer trabalhadores gritarem pela rua, com pena de 48 horas de prisão, e 1$000 de multa.
ART. 64 – Toda a pessoa que escrever dísticos e figuras obscenas sobre as paredes dos edifícios ou muros, e mesmo palavras indecentes, soffrerá as penas do artigo antecedente. Os donos ou administradores dos edifícios ou muros, serão avisados para dentro em 24 horas os mandar apagar, sob pena da multa de 1$000. Se os edifícios forem públicos, os Fiscaes participarão por officio ao Procurador da Camara para o mandar fazer á custa d´ella.
ART. 65 – Ninguém poderá, dentro da Vila e nas Povoações, ter depositados materiaes na rua, sem preceder licença da Camara, que somente lhe será dada com a clausula de não estorvar a passagem de carros, e deter em toda a noite luz em lanterna, quando não houver luar, para evitar o incommodo dos viandantes. O que o contrario obrar será multado em 6$000.
Cento e cinquenta depois, as disposições que permitiram àquela vila e seus habitantes o estabelecimento de algumas regras de conduta e bem-viver mostram-se atualizadíssimas.
Emancipada, a cidade incorpora as posturas da Câmara Municipal da ex-vila de São João Nepomuceno, que passam a nortear o comportamento de seus habitantes e a ordenar o seu crescimento.
Quanto às vozerias nas ruas, injúrias e obscenidades contra a moral pública, foram definidas, em 1854, entre outras, as seguintes convenções:
ART. 63 – São prohibidos os tiros de qualquer arma de fogo dentro da Villa e Povoação, as vozerias, gritos, e alaridos nas ruas; assim como é prohibido a quaesquer trabalhadores gritarem pela rua, com pena de 48 horas de prisão, e 1$000 de multa.
ART. 64 – Toda a pessoa que escrever dísticos e figuras obscenas sobre as paredes dos edifícios ou muros, e mesmo palavras indecentes, soffrerá as penas do artigo antecedente. Os donos ou administradores dos edifícios ou muros, serão avisados para dentro em 24 horas os mandar apagar, sob pena da multa de 1$000. Se os edifícios forem públicos, os Fiscaes participarão por officio ao Procurador da Camara para o mandar fazer á custa d´ella.
ART. 65 – Ninguém poderá, dentro da Vila e nas Povoações, ter depositados materiaes na rua, sem preceder licença da Camara, que somente lhe será dada com a clausula de não estorvar a passagem de carros, e deter em toda a noite luz em lanterna, quando não houver luar, para evitar o incommodo dos viandantes. O que o contrario obrar será multado em 6$000.
Cento e cinquenta depois, as disposições que permitiram àquela vila e seus habitantes o estabelecimento de algumas regras de conduta e bem-viver mostram-se atualizadíssimas.
"Suas roupas são limpas e pobres, ela não se veste como as mulheres da sua idade, em Copacabana, que se vêem como jovens e desfilam em apertadas roupas esportivas. Seu cabelo é grisalho e não pintado de louro, como é costume por aqui. Nem sua pele é queimada pelo sol do último verão e agora, no inverno, começa a adquirir um tom meio acinzentado.
Ela também não se pinta em cores vermelhas. Passaria praticamente despercebida, em sua tonalidade de vestes escuras. Não teria chamado a atenção se não caminhasse todas as tardes, em volta do mesmo quarteirão, todos os dias: o quadrilátero formado por Barata Ribeiro, Paula Freitas, Nossa Senhora de Copacabana, República do Peru e novamente Barata Ribeiro, continuadamente.
Fuma sem parar, olha sempre para o chão. Alheia ao movimento das ruas, às pessoas que passam a seu lado, ao trânsito louco do fim do dia".
Celso Japiassu
Ela também não se pinta em cores vermelhas. Passaria praticamente despercebida, em sua tonalidade de vestes escuras. Não teria chamado a atenção se não caminhasse todas as tardes, em volta do mesmo quarteirão, todos os dias: o quadrilátero formado por Barata Ribeiro, Paula Freitas, Nossa Senhora de Copacabana, República do Peru e novamente Barata Ribeiro, continuadamente.
Fuma sem parar, olha sempre para o chão. Alheia ao movimento das ruas, às pessoas que passam a seu lado, ao trânsito louco do fim do dia".
Celso Japiassu
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
A relação de Roniquito com os escritores era cruel. Ao cruzar com Fernando Sabino num restaurante, Roniquito perguntou-lhe: "Fernando Sabino, quem escreve melhor, você ou Nelson Rodrigues?". Fernando gaguejou: "Bem...Nelson Rodrigues, é claro". Mas Roniquito fulminou: "E quem é você para julgar Nelson Rodrigues?". Fez pior com Antonio Callado, a quem perguntou se já tinha lido Faulkner. Callado disse que, evidentemente, já tinha lido. "Bem, se já leu Falkner, você sabe que você é um bosta", disse Roniquito.
Ruy Castro
Ruy Castro
Ganhadora do National Book Award, do Pulitzer em 1956, do Prêmio da American Academy of Arts and Letters, Elizabeth Bishop foi a primeira mulher a receber o Prêmio Neustadt.
No início dos anos 1950, durante uma viagem de circunavegação pela América do Sul, decidiu desembarcar em Santos, indo, em seguida, para o Rio de Janeiro, encontrando-se com Maria Carlota de Macedo Soares, a Lota, que seria sua companheira por muitos anos.
Levado por José Alberto Nemer, visitei sua casa em Ouro Preto, a casa Mariana, nas Lajes, que foi vendida após o suicídio de Lota, no início da década de 1970, quando retornou definitivamente para os Estados Unidos.
Gastava meses, por vezes anos, escrevendo um único poema, trabalhando para obter um sentido de espontaneidade. Seus poemas mal escondem as dificuldades como órfã e viajante sem raízes freqüentemente hospitalizada por conta da depressão e do alcoolismo.
“A arte de perder não é nenhum mistério
tantas coisas contém em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouco a cada dia. Aceite austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
lugares, nomes, a escala subseqüente
da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. Um império
que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
Mesmo perder você ( a voz, o ar etéreo, que eu amo)
não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser um mistério
por muito que pareça (escreve) muito sério”.
Uma arte.
No início dos anos 1950, durante uma viagem de circunavegação pela América do Sul, decidiu desembarcar em Santos, indo, em seguida, para o Rio de Janeiro, encontrando-se com Maria Carlota de Macedo Soares, a Lota, que seria sua companheira por muitos anos.
Levado por José Alberto Nemer, visitei sua casa em Ouro Preto, a casa Mariana, nas Lajes, que foi vendida após o suicídio de Lota, no início da década de 1970, quando retornou definitivamente para os Estados Unidos.
Gastava meses, por vezes anos, escrevendo um único poema, trabalhando para obter um sentido de espontaneidade. Seus poemas mal escondem as dificuldades como órfã e viajante sem raízes freqüentemente hospitalizada por conta da depressão e do alcoolismo.
“A arte de perder não é nenhum mistério
tantas coisas contém em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouco a cada dia. Aceite austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
lugares, nomes, a escala subseqüente
da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. Um império
que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
Mesmo perder você ( a voz, o ar etéreo, que eu amo)
não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser um mistério
por muito que pareça (escreve) muito sério”.
Uma arte.
"Perdoem a cara amarrada,
Perdoem a falta de abraço,
Perdoem a falta de espaço,
Os dias eram assim...
Perdoem por tantos perigos,
Perdoem a falta de abrigo,
Perdoem a falta de amigos,
Os dias eram assim...
Perdoem a falta de folhas,
Perdoem a falta de ar
Perdoem a falta de escolha,
Os dias eram assim...
E quando passarem a limpo,
E quando cortarem os laços,
E quando soltarem os cintos,
Façam a festa por mim...
E quando lavarem a mágoa,
E quando lavarem a alma
E quando lavarem a água,
Lavem os olhos por mim...
Quando brotarem as flores,
Quando crescerem as matas,
Quando colherem os frutos,
Digam o gosto pra mim..."
Aos Nossos Filhos, de Ivan Lins e Vitor Martins
Perdoem a falta de abraço,
Perdoem a falta de espaço,
Os dias eram assim...
Perdoem por tantos perigos,
Perdoem a falta de abrigo,
Perdoem a falta de amigos,
Os dias eram assim...
Perdoem a falta de folhas,
Perdoem a falta de ar
Perdoem a falta de escolha,
Os dias eram assim...
E quando passarem a limpo,
E quando cortarem os laços,
E quando soltarem os cintos,
Façam a festa por mim...
E quando lavarem a mágoa,
E quando lavarem a alma
E quando lavarem a água,
Lavem os olhos por mim...
Quando brotarem as flores,
Quando crescerem as matas,
Quando colherem os frutos,
Digam o gosto pra mim..."
Aos Nossos Filhos, de Ivan Lins e Vitor Martins
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Ao contrário do que esperava, pouca coisa aconteceu naquele dia, quase nada.
Andou, na hora do almoço, pelas ruas próximas do escritório.
Notou, inquieto, a mudança do bairro.
Edifícios recém-construídos fazendo vizinhança com antigas oficinas mecânicas e sobrados sem gente nas janelas, sem ruídos ou vestígios.
Não voltou mais para aquelas bandas.
Andou, na hora do almoço, pelas ruas próximas do escritório.
Notou, inquieto, a mudança do bairro.
Edifícios recém-construídos fazendo vizinhança com antigas oficinas mecânicas e sobrados sem gente nas janelas, sem ruídos ou vestígios.
Não voltou mais para aquelas bandas.
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Em Bléré, Indre/Loire, distante 230 km de Paris e 45 km de Blois, o “Le Cheval Blanc”, Pl L’eglise/Charles Bidault, comandado por Helen Tevernier, cotação 13 no Gault Millau, é excelente!
Na Borgonha, Autun, Saône/Loire, perto de Dijon (85 km), o “Les Ursulines, 14 Rue Rivault, conduzido pelo Chef Tierry Chateau, cotação 14 no mesmo guia, é igualmente sensacional ("Noix de St Jacques poêlée, pois gourmands justes saisis, sauce à l'encre de seiche" é de comer ajoelhado!).
Na Borgonha, Autun, Saône/Loire, perto de Dijon (85 km), o “Les Ursulines, 14 Rue Rivault, conduzido pelo Chef Tierry Chateau, cotação 14 no mesmo guia, é igualmente sensacional ("Noix de St Jacques poêlée, pois gourmands justes saisis, sauce à l'encre de seiche" é de comer ajoelhado!).
Olhou-a sem ressentimento.
Com um movimento do quadril, fez com que a cadeira onde estava sentado se aproximasse um pouco mais da mesa de trabalho, debruçando-se sobre ela.
Tomou o cuidado para que o gesto não parecesse uma intimidação.
Tocou-lhe os cabelos levemente e conseguiu, rigorosamente, que ela entendesse que não havia necessidade de dissimulação.
Por que aquilo, então?
Com um movimento do quadril, fez com que a cadeira onde estava sentado se aproximasse um pouco mais da mesa de trabalho, debruçando-se sobre ela.
Tomou o cuidado para que o gesto não parecesse uma intimidação.
Tocou-lhe os cabelos levemente e conseguiu, rigorosamente, que ela entendesse que não havia necessidade de dissimulação.
Por que aquilo, então?
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Frederico Pernambucano de Mello mergulha em um universo desconhecido para inventariar o requinte e os significados presentes nas poucas peças autênticas de uso dos cangaceiros, a exemplo do signo-de-salomão, da cruz-de-malta, da flor-de-lis, do oito contínuo deitado, das gregas, de variações sublimadas da flora local e das tantas combinações possíveis de que se valiam na construção de um traje que atendia à vaidade ornamental de seu estilo guerreiro e a anseios bem compreensíveis de proteção mística. O resultado desse projeto pode ser conferido em "Estrelas de couro: a estética do cangaço", lançado pela Escrituras.
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
“Afirmo sem medo de errar que os bares são os estabelecimentos e espaços públicos de maior contribuição à formação da alma das cidades. Ruas, praias, praças e igrejas não têm sua dimensão existencial.
Podem-se metaforizar as ruas como as veias por onde corre o sangue citadino. As praias servem exclusivamente ao lazer, prazer e vaidades dos cidadãos. Todos sabem que as praças são locais de encontros superficiais, e as igrejas, apesar de tentarem expulsar, não conseguem abrigar os demônios que nos possuem.
O único local onde qualquer vivente pode extravasar a complexidade da vida é o bar. Solidão, tristeza, alegria, vício, virtude, riqueza, pobreza, ódio, amor, doença, saúde, drama, tragédia, comédia. Só ele, historicamente, ao longo de centenas de anos, sem sombra de dúvida, em função do que proporciona aos cidadãos, adquiriu a condição de bem aglutinar a vida das cidades e de quem mora nelas. E, se dizemos que a alma das cidades está em seus bares, é curioso notar que, sendo a alma do sexo feminino (alguém duvida?), é por isso que o bar é o único lugar do mundo em que homens prescindem de mulheres. Ali, elas não fazem falta porque essa outra entidade feminina as substitui, e isso lhes basta".
Paulo Maldonado
Podem-se metaforizar as ruas como as veias por onde corre o sangue citadino. As praias servem exclusivamente ao lazer, prazer e vaidades dos cidadãos. Todos sabem que as praças são locais de encontros superficiais, e as igrejas, apesar de tentarem expulsar, não conseguem abrigar os demônios que nos possuem.
O único local onde qualquer vivente pode extravasar a complexidade da vida é o bar. Solidão, tristeza, alegria, vício, virtude, riqueza, pobreza, ódio, amor, doença, saúde, drama, tragédia, comédia. Só ele, historicamente, ao longo de centenas de anos, sem sombra de dúvida, em função do que proporciona aos cidadãos, adquiriu a condição de bem aglutinar a vida das cidades e de quem mora nelas. E, se dizemos que a alma das cidades está em seus bares, é curioso notar que, sendo a alma do sexo feminino (alguém duvida?), é por isso que o bar é o único lugar do mundo em que homens prescindem de mulheres. Ali, elas não fazem falta porque essa outra entidade feminina as substitui, e isso lhes basta".
Paulo Maldonado
A edição do JB de 10/2/2004 trouxe, no Caderno B, entrevista
com o ator, roteirista e diretor Jack Nicholson. Ele havia
acabado de filmar “Something’s Gotta Give”, juntamente
com Diane Keaton e Keanu Reeves – direção de Nancy Meyers -,
interpretando o produtor musical Harry Sanborn. Após sofrer uma
parada cardíaca, apaixona-se pela mãe de sua atual namorada.
Indagado se não era estranho ser um galã, um símbolo sexual
aos 63 anos, respondeu: “Meu amigo David Bailey, o fotógrafo,
deu a melhor definição para a nossa geração: nós somos os
novos velhos. Ele disse isso quando tínhamos 50 anos, e isso se
aplica ainda mais ao modo como vivemos hoje. Não sei se é a
medicina, o estilo de vida, a alimentação. Mas a verdade é que
nossa geração de idosos é diferente de qualquer outra geração
anterior. Eu sempre convivi com homens mais velhos que eu, e
que aos 40 anos já tinham corcunda. Isso mudou. Agora eu posso
ser o galã de uma comédia romântica. Eu descobri muito cedo
o que viria a ser o lema da minha vida. Aos 30 anos, você deve
ter desenvolvido a sua inteligência social, sob pena de morrer
de tédio aos 50. Basicamente, é o seguinte: até os 28 anos você
pode fazer o que quiser da sua vida. Daí pra frente, você tem
que se cultivar, ler mais. Passar dos clubes às salas de ópera,
saber conviver em sociedade para não morrer de solidão”.
com o ator, roteirista e diretor Jack Nicholson. Ele havia
acabado de filmar “Something’s Gotta Give”, juntamente
com Diane Keaton e Keanu Reeves – direção de Nancy Meyers -,
interpretando o produtor musical Harry Sanborn. Após sofrer uma
parada cardíaca, apaixona-se pela mãe de sua atual namorada.
Indagado se não era estranho ser um galã, um símbolo sexual
aos 63 anos, respondeu: “Meu amigo David Bailey, o fotógrafo,
deu a melhor definição para a nossa geração: nós somos os
novos velhos. Ele disse isso quando tínhamos 50 anos, e isso se
aplica ainda mais ao modo como vivemos hoje. Não sei se é a
medicina, o estilo de vida, a alimentação. Mas a verdade é que
nossa geração de idosos é diferente de qualquer outra geração
anterior. Eu sempre convivi com homens mais velhos que eu, e
que aos 40 anos já tinham corcunda. Isso mudou. Agora eu posso
ser o galã de uma comédia romântica. Eu descobri muito cedo
o que viria a ser o lema da minha vida. Aos 30 anos, você deve
ter desenvolvido a sua inteligência social, sob pena de morrer
de tédio aos 50. Basicamente, é o seguinte: até os 28 anos você
pode fazer o que quiser da sua vida. Daí pra frente, você tem
que se cultivar, ler mais. Passar dos clubes às salas de ópera,
saber conviver em sociedade para não morrer de solidão”.
Meses antes de sua morte, em 2004, o artista criou a Fundação Helmut Newton, que agora cuida de seu trabalho e possui dois andares do antigo Landwehrkasino, Berlim.
Newton passou seus primeiros 18 anos na Alemanha, indo depois para a Austrália.
Mais tarde, ele começou a trabalhar para a Vogue e tornou-se um fotógrafo excepcionalmente bem sucedido, sendo o primeiro a definir o erotismo como conceito na fotografia de moda.
O Helmut Newton Museum exibe a coleção privada de Newton, que contém muitas de suas câmeras, objetos de uso pessoal, uma oficina reconstruída e vídeos, além de suas fotos.
No foyer, portraits em grande formato das primeiras modelos nuas fotografadas por ele.
Newton passou seus primeiros 18 anos na Alemanha, indo depois para a Austrália.
Mais tarde, ele começou a trabalhar para a Vogue e tornou-se um fotógrafo excepcionalmente bem sucedido, sendo o primeiro a definir o erotismo como conceito na fotografia de moda.
O Helmut Newton Museum exibe a coleção privada de Newton, que contém muitas de suas câmeras, objetos de uso pessoal, uma oficina reconstruída e vídeos, além de suas fotos.
No foyer, portraits em grande formato das primeiras modelos nuas fotografadas por ele.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
No início, os campos eram rabiscados nas calçadas - "Eu igual a toda meninada, quanta travessura que eu fazia, jogo de botões sobre a calçada, eu era feliz e não sabia" (Ataulfo Alves) -, mas os botões não deslizavam bem. Depois, chegaram às mesas de jantar, muito mais convenientes. Naquela época, os botões de casacos mais pesados viravam zagueiros, os menores viravam atacantes e os pequeninos botões de ceroulas eram transformados em bola. Os goleiros eram caixas de fósforos. Até serem industrializados na década de 70, os jogadores foram forjados com fichas de cassino, de ônibus, tampas de relógios e pedaços de casca de coco, entre outros objetos.
Famosos ficaram os "botões de osso" ou de "paletó”, que nada mais eram que os botões retirados dos antigos ternos sociais; dentre esses, uma classe de botões conhecida como "Paulo Caminha", marcou época.
Famosos ficaram os "botões de osso" ou de "paletó”, que nada mais eram que os botões retirados dos antigos ternos sociais; dentre esses, uma classe de botões conhecida como "Paulo Caminha", marcou época.
O que Vinícius de Moraes acharia da decisão do Itamaraty oficializada ontem promovendo-o à categoria de embaixador, 30 anos depois de sua morte?
"... Contem-lhe que há milhões de corpos a enterrar
Muitas cidades a reerguer, muita pobreza pelo mundo.
Contem-lhe que há uma criança chorando em alguma parte do mundo
E as mulheres estão ficando loucas, e há legiões delas carpindo
A saudade de seus homens; contem-lhe que há um vácuo
Nos olhos dos párias, e sua magreza é extrema; contem-lhe
Que a vergonha, a desonra, o suicídio rondam os lares, e é preciso
reconquistar a vida
Façam-lhe ver que é preciso eu estar alerta, voltado para todos os caminhos
Pronto a socorrer, a amar, a mentir, a morrer se for preciso.
Ponderem-lhe, com cuidado – não a magoem... – que se não vou
Não é porque não queira: ela sabe; é porque há um herói num cárcere
Há um lavrador que foi agredido, há um poça de sangue numa praça.
Contem-lhe, bem em segredo, que eu devo estar prestes, que meus
Ombros não se devem curvar, que meus olhos não se devem
Deixar intimidar, que eu levo nas costas a desgraça dos homens
E não é o momento de parar agora; digam-lhe, no entanto
Que sofro muito, mas não posso mostrar meu sofrimento
Aos homens perplexos; digam-lhe que me foi dada
A terrível participação, e que possivelmente
Deverei enganar, fingir, falar com palavras alheias
Porque sei que há, longínqua, a claridade de uma aurora.
Se ela não compreender, oh procurem convencê-la
Desse invencível dever que é o meu; mas digam-lhe
Que, no fundo, tudo o que estou dando é dela, e que me
Dói ter de despojá-la assim, neste poema; que por outro lado
Não devo usá-la em seu mistério: a hora é de esclarecimento
Nem debruçar-me sobre mim quando a meu lado
Há fome e mentira; e um pranto de criança sozinha numa estrada
Junto a um cadáver de mãe: digam-lhe que há
Um náufrago no meio do oceano, um tirano no poder, um homem
Arrependido; digam-lhe que há uma casa vazia
Com um relógio batendo horas; digam-lhe que há um grande
Aumento de abismos na terra, há súplicas, há vociferações
Há fantasmas que me visitam de noite
E que me cumpre receber, contem a ela da minha certeza
No amanhã
Que sinto um sorriso no rosto invisível da noite
Vivo em tensão ante a expectativa do milagre; por isso
Peçam-lhe que tenha paciência, que não me chame agora
Com a sua voz de sombra; que não me faça sentir covarde
De ter de abandoná-la neste instante, em sua imensurável
Solidão, peçam-lhe, oh peçam-lhe que se cale
Por um momento, que não me chame
Porque não posso ir
Não posso ir
Não posso..."
"... Contem-lhe que há milhões de corpos a enterrar
Muitas cidades a reerguer, muita pobreza pelo mundo.
Contem-lhe que há uma criança chorando em alguma parte do mundo
E as mulheres estão ficando loucas, e há legiões delas carpindo
A saudade de seus homens; contem-lhe que há um vácuo
Nos olhos dos párias, e sua magreza é extrema; contem-lhe
Que a vergonha, a desonra, o suicídio rondam os lares, e é preciso
reconquistar a vida
Façam-lhe ver que é preciso eu estar alerta, voltado para todos os caminhos
Pronto a socorrer, a amar, a mentir, a morrer se for preciso.
Ponderem-lhe, com cuidado – não a magoem... – que se não vou
Não é porque não queira: ela sabe; é porque há um herói num cárcere
Há um lavrador que foi agredido, há um poça de sangue numa praça.
Contem-lhe, bem em segredo, que eu devo estar prestes, que meus
Ombros não se devem curvar, que meus olhos não se devem
Deixar intimidar, que eu levo nas costas a desgraça dos homens
E não é o momento de parar agora; digam-lhe, no entanto
Que sofro muito, mas não posso mostrar meu sofrimento
Aos homens perplexos; digam-lhe que me foi dada
A terrível participação, e que possivelmente
Deverei enganar, fingir, falar com palavras alheias
Porque sei que há, longínqua, a claridade de uma aurora.
Se ela não compreender, oh procurem convencê-la
Desse invencível dever que é o meu; mas digam-lhe
Que, no fundo, tudo o que estou dando é dela, e que me
Dói ter de despojá-la assim, neste poema; que por outro lado
Não devo usá-la em seu mistério: a hora é de esclarecimento
Nem debruçar-me sobre mim quando a meu lado
Há fome e mentira; e um pranto de criança sozinha numa estrada
Junto a um cadáver de mãe: digam-lhe que há
Um náufrago no meio do oceano, um tirano no poder, um homem
Arrependido; digam-lhe que há uma casa vazia
Com um relógio batendo horas; digam-lhe que há um grande
Aumento de abismos na terra, há súplicas, há vociferações
Há fantasmas que me visitam de noite
E que me cumpre receber, contem a ela da minha certeza
No amanhã
Que sinto um sorriso no rosto invisível da noite
Vivo em tensão ante a expectativa do milagre; por isso
Peçam-lhe que tenha paciência, que não me chame agora
Com a sua voz de sombra; que não me faça sentir covarde
De ter de abandoná-la neste instante, em sua imensurável
Solidão, peçam-lhe, oh peçam-lhe que se cale
Por um momento, que não me chame
Porque não posso ir
Não posso ir
Não posso..."
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